Onze

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No dia seguinte não teve chance, Chaewon me fez ir para o colégio e me fez entender também que eu não poderia viver para sempre triste e não seguir em frente. Por mais que perder a mãe não seja algo que a gente supera, é algo que a gente aprende a lidar.

Já no colégio, subia as escadas para ir ao andar da sala de informática já que a primeira aula seria lá. Indo em direção a porta senti um dedo cutucar meu ombro, me virando para ver encarei a garota que era a Chaewon.

- Que bom que você me ouviu e veio - Ela abriu um sorriso.

- Tenho que terminar o ensino médio - Debochei cruzando os braços.

- Me desculpe por ontem, meu pai precisou de mim em casa - Falou olhando para o visor do celular para checar o horário - Você conversou com a Soyeon? - Voltou a me olhar.

- Deveria ter me avisado que ela iria lá - Suspirei.

- Você que não atendeu o celular - Soltou uma risadinha.

- Nós conversamos, dei uma chance pra ela - Olhei para o lado.

- Mesmo? - Perguntou surpresa.

- Sim, percebi que não vale a pena culpar ela tanto assim pelos meus problemas - Voltei a olhar para ela.

- Que bom, não vai ser a mesma coisa mas já é bom saber que você tirou esse peso da suas costas - Acariciou meu ombro - Como foi?

- Eu tenho que entrar, depois nos falamos, pode ser? - Abri um sorrisinho e fui dando passos para trás.

- Ta fungindo de mim? Por que? - Tentou segurar meu braço.

- Eu não quero me atrasar pra aula e nem você deve, agora tchauzinho - Me soltei dela e entrei na sala.

Chaewon sempre desconfiada, não estava fugindo dela. Ela e esse drama. Depois de entrar na sala me sentei em qualquer mesa e esperei que o professor chegasse para iniciar a aula.

Passei a aula toda pensando sobre tudo o que a Soyeon tinha me dito. Será mesmo que ela estava sendo verdadeira comigo ou só estava tendo pena? Sim, eu ainda tenho medo dela me decepcionar novamente mas acho que dessa vez ela está realmente tentando fazer a coisa certa, não somos mais crianças.

Assim que a aula acabou fui direto para o corredor aonde ficava os armários e fui em direção ao meu. Senti meu celular vibrando no meu bolso, era uma notificação de mensagem da Soyeon. Antes de abrir para ler acabei esbarrando em alguém.

- Me desculpe, não estava... - Levantei minha cabeça para olhar quem era - Jaehyun...

- E ae, Younghoon - Se virou para me olhar - Quanto tempo - Ele parecia usar um tom mais gentil.

- É, faz um tempo já - Ainda o olhando.

- Sinto muito, pela sua mãe... - Ele franziu os lábios e seu olhar foi para o chão.

- Obrigado - Apenas respondi educadamente.

Jaehyun e eu nunca nos demos bem mas naquele momento ele demonstrou não ser apenas um adolescente babaca, ele foi empático, mas talvez isso seja o mínimo também.

Depois daquela situação com o Jaehyun fui indo direto para o meu armário, peguei duas apostilas e nem me lembrei de responder a mensagem da Soyeon.

____________

Estava na biblioteca como de costume, lendo a continuação de uma saga. Concentrado na história acabei que não reparei que alguém havia se sentado ao meu lado.

— Você não olha o celular? — Soyeon falou tirando o meu capuz.

— Eu acabei esquecendo, foi mal — Olhei ela surpreso por ela estar ali.

— Hum, queria saber se podemos fazer alguma coisa juntos hoje depois da aula...— Abriu um sorriso.

— Sabe que te perdoei mas não é como se eu fosse superar isso tão facilmente, não é? — Desviei o olhar.

— Eu sei! E essa é uma das razões para você ir tomar um sorvete comigo — Continuou sorrindo.

— Tenho que estudar — Respirei fundo.

— Estamos no início das aulas, você não me engana — Passou a mão nos fios do meu cabelo.

— Soyeon...— Olhei ela.

— Você vai? — Perguntou esperansosa.

— Eu vou — Falei soltando um riso nasal.

— Ótimo, me encontra lá saída — Falou animada.

— Combinado — Voltei a ler meu livro.

— Obrigada! — Deixou um beijo em minha bochecha e saiu da biblioteca.

Ela não tinha mudado nada comigo, quando era criança ela tinha esse costume de beijar minha bochecha. É bom saber que ela está sendo verdadeira e esse processo de recomeçar me faz pensar menos na dor e solidão que sinto pela falta da minha mãe, talvez a Chaewon esteja certa. Tenho que me ocupar com coisas assim para que eu possa melhorar e seguir em frente.

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