Catorze

8 0 0
                                        

Os dias foram se passando e eu já estava bem melhor em relação aos meus sentimentos. Consegui arrumar um emprego meio período de balconista na biblioteca próxima a minha casa, o dono era conhecido da minha mãe, acabou que ele me deu essa vaga. O salário era o suficiente para eu me manter no aluguel e as outras contas, não sobrava muito para comprar comida, mas os pais da Chaewon continuam me doando algumas coisas e isso me ajuda bastante.

Minhas notas no colégio estão indo muito bem. Soyeon e Chaewon me convenceram a entrar em um clube de artes bem "flopado" do colégio mas elas disseram que eu poderia garantir uma bolsa de estudos com o clube.

Passaram-se alguns meses, eu e a Soyeon estávamos bem mais próximos desde então. Passamos praticamente o dia todo juntos, como às férias do colégio chegaram, Chaewon viajou com os pais. Eles me convidaram mas eu tinha que trabalhar nesses dias.

Estava sentado em frente ao computador do balcão da biblioteca, marcando algumas entregas de livro que seriam feitas naquela semana. Enquanto estava concentrado notei alguém se aproximando do balcão, logo levantei meu olhar encarando o possível cliente.

— Boa tarde, seja bem-vindo! Posso ajudá-lo? - falei abrindo um sorriso gentil.

— Boa tarde, eu soube que o Kim Younghoon trabalha aqui, ele está por aqui? - o homem perguntava gentilmente.

— Sou eu, quem é o senhor? - um pouco confuso e curioso.

— Kim Younghoon... - seu semblante se alegro de repente.

Ainda em silêncio e confuso encarava o homem que eu nunca havia visto, não sei se era algum parente distante que eu não me lembrava.

— Senhor, eu sinto muito mas nós já nos conhecemos? - perguntei.

— Sim. Na verdade, eu o conheço, você não deve se lembrar de mim - ele sorriu sem graça - Como você cresceu, e muito.

— Me desculpe, realmente não me lembro - abri um sorriso amarelo.

— Vai demorar muito para acabar o seu turno? - perguntou.

— Daqui duas horas, por que? - perguntei desconfiado.

— Podemos nos encontrar? Tenho algumas coisas para te esclarecer - ele falou de maneira mais séria e gentil.

— Pode ser, tem uma praça aqui ao lado. Podemos nos encontrar lá - respondi o encarando.

— Combinado, vou aguardar lá - abriu um sorriso e logo se retirou.

Ele não me parecia estranho, confiei em minha intuição. Como ele havia dito, ele me conhece, talvez eu tenha visto ele quando criança.

Após algumas horas meu turno acabou, ajeitei minhas coisas e fui indo até a praça para me encontrar com o rapaz. Chegando lá pude vê-lo sentado em um dos bancos, caminhei até ele e assim me sentei ao seu lado.

— Bom, pode começar - falei colocando minha bolsa do meu lado e o encarando em seguida.

— Younghoon, eu sou Kim Jeong - ele me olhava enquanto falava - eu sou o seu pai.

Simultaneamente meus olhos se arregalaram e meu coração se desparou. Era impossível, meu pai havia falecido antes mesmo de eu nascer praticamente.

— Sinto muito, está me confundindo - peguei minha bolsa e fui me levantando.

— Espera, não estou! Deixa eu te explicar o que aconteceu - se levantou não deixando que eu saísse.

— Meu pai morreu - o encarei - não sei quem é você mas é melhor me deixar em paz.

— Younghoon, aconteceu que eu me separei da sua mãe e eu não sabia que ela estava grávida - suspirou - 3 anos depois eu me encontrei com ela e eu descobri que ela estava com um filho, mas ela me falou que o filho era de um outro homem. Tentei ajudar, mas você conhece sua mãe, teimosa como sempre me afastou e foi embora. Depois não tive mais notícias até o mês passado que eu soube que ela faleceu - ele parecia estar bem abatido - sinto muito.

— Por que ela mentiria pra mim sobre você estar morto? O que fez ela não querer você por perto? - ainda sem entender o questionei.

— Minha família, nunca gostou da sua mãe e isso magoou muito ela, acabou que ela achou melhor não ficarmos juntos. Eu a amava muito, mas por amalá tanto...deixei que ela vivesse sua vida da maneira que decidisse - colocou as mãos no bolso da calça.

— Você disse que ela mentiu sobre eu ser filho de outro, como descobriu a verdade?

— Uma amiga de infância da sua mãe me ligou, foi ela que me contou sobre o que havia acontecido. Ela também me contou sobre você e me falou toda a verdade.

— Como você se sente em relação a tudo isso? - soltei um riso nasal.

— Esperei um mês para tomar coragem de vir atrás de você e eu vejo que você ainda não acredita muito, mas eu não teria porque inventar tudo isso -  me olhou - você se parece muito com ela, isso é bom - sorriu brincando.

— Eu me recuperei da morte dela faz pouco tempo, não é nada pessoal. Fico feliz que eu tenha um pai que esteja vivo, mas preciso de tempo para estabelecer isso na minha cabeça - suspirei.

— Tudo bem! Eu vou ficar na cidade por um tempo, quando estiver mais tranquilo e pronto, me chame, vamos sair e conversar como pai e filho - continuou sorrindo.

Ele era muito simpático, eu só precisava assimilar tudo. Anotei seu número de telefone e me despedi dele, indo logo para casa.

Chegando no apartamento, corri para o quarto da minha mãe onde estava tudo empacotado em caixas pois eu tinha separado algumas coisas que iria para a doação. Peguei uma caixa que separei para guardar coisas importantes para ela e dentro da caixa achei uma caixinha de madeira, eu sempre tive curiosidade para saber o que tinha ali dentro mas sempre respeitei a privacidade da minha mãe. A caixinha era trancada com um cadeado, procurei a chave em todo lugar até achar um chaveiro com duas chaves pequenas, testei as chaves e uma delas destrancou a caixinha. Dentro havia fotos e algumas cartas, olhei as fotos e eu pude ver que eram fotografias dela com o meu pai na adolescência, certamente era o Kim Jeong, o homem que dizia ser meu pai. Tudo aquilo me deixava louco, minha mãe me escondeu tudo isso, por que?

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Nov 28, 2022 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Pequenos Sonhos Onde histórias criam vida. Descubra agora