Doze

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Estava esperando pela Soyeon no portão do colégio como havíamos combinado. Depois de cinco minutos esperando a garota pude vê-la sair pelo portão indo ao meu encontro.

— Desculpa ter demorado, tive que deixar umas coisas no meu armário. Vamos? — Abriu um sorriso.

— Vamos. — Concordei com ela saindo de lá em seguida.

Enquanto andávamos até a sorveteria Soyeon estava bem quieta, o que era bem estranho já que ela é bem falando. O silêncio era mais nítido com o barulho dos carros pela estrada. Soyeon parecia apreensiva e eu podia notar seu olhar meio pousado e distante.

— Aconteceu alguma coisa? — Finalmente perguntei quebrando o silêncio.

— An? Nada — Me olhou brevemente.

Parei de andar colocando minhas mãos em meus bolsos da calça, encarei a garota que ainda caminhava até ela notar que eu havia parado.

— Por que parou? — Ela se virou para trás me olhando.

— Porque se não me disser o que aconteceu, vou embora — A olhando.

— Não aconteceu nada, vamos, já estamos chegando — Se aproximou pegando em meu braço.

— Se quer que eu confie em você novamente precisa ser sincera comigo — Me afastei.

— Não é nada! — Suspirou nervosa.

— Tchau, Soyeon — Comecei a andar.

— Tá bom, eu falo — Falou rápido para que eu não continuasse a ir embora.

— Pode começar — Me virei de volta para ela.

— Podemos conversar lá na sorveteria? Vai ser melhor, prometo que vou te contar tudo.

Como estávamos perto da sorveteria concordei em saber o que estava acontecendo lá.
Quando já estávamos lá fomos no sentar em uma mesa dos fundos, Soyeon enrolou um pouco para falar mas logo começou a contar.

— Minha mãe, ela é uma das agentes que estão investigando a morte da sua mãe, você sabe disso né? — Soyeon me olhou sutilmente.

— Fiquei sabendo sim, ela falou algo sobre isso? — Olhei para ela.

— Ela me ligou dizendo que possivelmente eles irão fechar o caso, eles acreditam que sua mãe cometeu suicídio — O olhar de Soyeon foi ficando mais caído.

— Espera, o que? — Perguntei sem acreditar.

— Isso é muito confidencial, olha, logo eles vão entrar em contato com você e irão dizer. Eu não posso ficar falando sobre isso com você, me desculpa — Soyeon tentava cortar o assunto.

— Soyeon, se isso for verdade, não faz sentido — Apertei minhas mãos — Por que ela me deixaria assim? Ela sabia que eu precisava dela! — Encarei a mesa sentindo meu corpo tremer.

— Younghoon, ninguém tem certeza disso, eu não tenho certeza disso! — Segurou minha mão.

— Se ela realmente fez isso, por que ela não deixou nenhuma carta? Não deixou nada se explicando — Suspirei tentando manter a calma.

— Por que talvez ela não tenha feito isso, não pense nisso, por favor — Soyeon apertou a minha mão.

Não fazia sentido minha mãe ter cometido um suicídio, ela era a única pessoa que eu tinha, ela sabia disso. Será que ela estava sobrecarregada por minha causa?

— Acho melhor eu ir pra casa, obrigado Soyeon — Olhei ela e logo me levantei.

— Espera, deixa eu ir com você — Se levantou parando na minha frente.

— Preciso ficar sozinho — Encarei ela.

— Mais? — Seus olhos encheram de água.

— Soyeon…eu sei que você está tentando se reaproximar e ser legal comigo, eu agradeço, mas pode parar agora — Respondi ela.

— Você não entende né? — Se afastou — Tudo bem, descansa e se precisar é só me ligar.

Confesso que queria muito a companhia da Soyeon mas eu precisava evitar qualquer sentimento naquele momento, precisava somente ficar sozinho e pensar sobre tudo o que havia acontecido e entender o que poderia fazer a minha mãe tomar tal decisão.

Fui embora para casa deixando a Soyeon na sorveteria. Assim que cheguei em casa fui direto para o meu quarto, me questionei algumas vezes mas logo uma lâmpada se acendeu sobre a minha cabeça e eu fui até o quarto da minha mãe, depois de um bom tempo sem entrar lá. Observei que estava tudo como ela havia deixado, parecia que logo ela iria voltar para casa mas ela nunca mais vai voltar. Olhei seu armário, seus livros que ela era tão apegada, em cima da sua mesa de cabeceira tinha um envelope que eu não tinha notado que estava ali.

Fiquei alguns minutos encarando o envelope que estava em minhas mãos e então finalmente abri o envelope, onde estava uma carta escrita a mão.

Oi, querido Younghoon. Acredito que tenha encontrado essa carta e nem imagino como seu coração deve estar saltando do seu peito agora. Meu filho, eu queria pedir perdão e dizer que eu te amo muito, durante muito tempo eu tive medo de você não conseguir seguir em frente sem a minha presença, mas você é um homem já, um homem forte. Estou orgulhosa de você! Você deve estar muito bravo comigo por eu ter tomado essa decisão, mas meu amor, eu sempre vou estar com você, eu não te deixei e jamais deixarei. Siga em frente e seja feliz, acredito que a Chaewon esteja cuidando muito bem de você.
Não tenha medo de viver, não desista, você é muito especial, durante muito tempo foi o seu sorriso que me salvou, continue sorrindo, você é muito mais do que acredita ser, meu eterno amor é todo para você, meu filho. Eu te amo, Kim Younghoon.

Beijos da sua mãe.

Com lágrimas molhando meu rosto sentia fortes dores em meu peito, meu ar estava faltando e eu tentava controlar minha respiração. Ela tinha escolhido me deixar, ela realmente me deixou. Fechei os olhos com força e um grito de dor ecoou por todo o quarto, toda aquela dor é como se eu estivesse morrendo.

Fiquei horas ali chorando e relendo a carta. Ao mesmo tempo que me confortava aquela carta me matava, eu só queria ver ela novamente, só queria que fosse um grande pesadelo que logo eu acordaria. Eu a amava muito e sempre acreditei que ela estaria para sempre comigo, não sabia que a perderia tão cedo.

No dia seguinte, acordei e fiquei deitado na cama encarando o teto do meu quarto, pensando em como enfrentaria mais um dia com toda aquela situação. A mãe da Soyeon me ligou e eu contei que havia encontrado a carta e então eles fecharam o caso. Demorei um pouco mas acabei ligando para a Soyeon, pedindo para ela vir me encontrar na minha casa.

Quando a garota chegou eu estava sentado no sofá ainda sem acreditar, Soyeon não falou nada, apenas me abraçou e me fez companhia. Pedi para que ela não falasse com a Chaewon ainda, eu falaria tudo quando eu estivesse pronto, ela concordou e assim passamos o resto da tarde juntos.

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