Capítulo 2

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Eu imaginei que Jimin faria uma cara de surpresa ou até de desgosto quando ouvisse a condição do contrato que, mentalmente, tínhamos assinado. O que não imaginei é que ao invés de uma careta, ele sorriria de uma forma tão sedutora que me faria repensar se minha frase tinha saído com algum tom indecente.

Depois que ele foi embora, demorei um pouco para retornar ao que estava fazendo. Era tanta informação para processar que nenhuma inspiração apareceu para tentar terminar o quadro que eu vinha trabalhando a meses. Organizei algumas coisas que estavam bagunçadas — estúdio de arte jamais é arrumado — e ao passar pelo pedaço de papel que rabisquei enquanto o ouvia lamentar sobre amor, notei o que tinha desenhado.

Sua boca.

Peguei o papel na mão com a urgência de quem quer esconder alguma coisa. Pensei na possibilidade dele ter visto o que eu estava desenhando enquanto ele falava e fiquei com vergonha. Nem eu mesma sabia que estava tão inspirada por aqueles lábios. Mas o que eu poderia fazer se ele era tão desenhável.

- Olha, eu tive que tomar o meu no meio do caminho e bebi um gole do seu...

Taehyung apareceu com a bandeja dos copos em uma mão, enquanto passava a outra entre os cabelos. Ele parecia ter corrido uma maratona, mas mesmo assim permanecia intacto. A respiração denunciava que ele tinha subido as escadas, da forma que gostava de fazer, subindo de dois em dois degraus.

- É melhor do que nada. - murmurei.

Tae deixou minha bebida perto do quadro que eu estava pintando e foi colocar seu avental. Notei que o gelo estava, de certa forma, inteiro.

- Sem pausa hoje? - perguntei.

- Não estou no humor adequado. - ele deu de ombros.

Parei de fazer o coque que tentava moldar com os cabelos e o olhei. Nos fitamos por alguns segundos até ele rir e falar que tinha conseguido o número de telefone da atendente do café. Um café, um date. Era quase o lema de Taehyung. Mas ele normalmente conseguia isso com as alunas de moda.

- Por que meu banco está aqui?

Taehyung me olhou intrigado, sabendo que eu tinha completa noção de seu perfeccionismo e ciúmes com seus instrumentos de trabalho. Isso inclui o banco. Nada sai do lugar ou da mesa de trabalho dele, sem sua supervisão. O descumprimento dessa "regra" pode gerar um Kim Taehyung emburrado, andando de um lado para o outro com um bico se formando nos lábios e fazendo cara de desinteresse para tudo que lhe é mostrado.

- Meu modelo precisou sentar aí. - eu disse, aguardando a reação.

- Que modelo? - Ele puxou o banco de volta e se sentou com as pernas abertas e os braços cruzados.

- Um cara apareceu aqui.

- Você o conhece? - Tae fez uma cara confusa.

- Não. - dei de ombros.

- Você pediu pra um cara que não conhece para ser seu modelo?

Revirei os olhos e suspirei, quando me rendi a ter que desenrolar a narrativa sobre o que tinha acontecido. Taehyung fazia caras e bocas para cada detalhe que eu contava sobre os poucos minutos de interação com o ex-marido de Missy.

- Bibi, você realmente quer fazer isso?

- Eu acho que não tenho mais opção. Ele parecia bem feliz com a minha ajuda e eu só preciso que ele fique nu.

- Juro que tento te entender.

- Vai dar certo. Ele virá aqui e você poderá conhecê-lo.

Taehyung sorriu enquanto balançava a cabeça de um lado para o outro.

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