Capítulo 7

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Durante três anos eu tive o melhor relacionamento da minha vida. Tudo que se espera de um casal jovem e apaixonado, foi protagonizado por nós dois. Mesmo que nossos estilos fossem completamente diferentes e as pessoas perguntassem constantemente o que um via no outro.

Mas o ponto aqui é que nunca foi difícil amar JungKook.

Cantor, dançarino, produtor musical, modelo, um QI acima da média, lutador de boxe nas horas vagas, capaz de aprender a tocar um instrumento novo em poucas semanas, apaixonado por aventuras — o que justificava a adoração pela própria moto — tatuado e simplesmente o cara mais educado que eu já conheci.

E ninguém em sã consciência deixaria um homem desses para trás, a não ser que fosse ele que deixasse. Porque foi exatamente assim que JungKook deu um fim no nosso namoro. E de certa forma eu não o condeno, já que a decisão não foi cem por cento dele. Eu, pelo menos, concordei que seria melhor assim.

JungKook recebeu um e-mail da agência que o representava como modelo, em um dia que estávamos juntos em meu apartamento. Eles tinham fechado inúmeras campanhas e trabalhos para JK, mas nenhuma delas era na Coreia. No início nós comemoramos, ficamos animados e cheios de planos, mas ir para os Estados Unidos com ele não era uma opção. Eu estava envolta em metas pessoais e começava a realizá-las, nada me convencia a largar tudo.

Acho que começamos a questionar nosso amor um pelo o outro e no dia que JK deveria dar uma resposta para a agência. Não foi muito difícil chegarmos a decisão de que era melhor seguir caminhos diferentes. Mas por mais que não houvesse saída, eu sofri. Quando ele disse: "Eu vou sentir sua falta" e depois fechou a porta para nunca mais voltar, me fez chorar por uma semana. Eu sequer queria ficar em casa, porque cada canto daquele apartamento me fazia lembrar da gente.

Aos poucos eu troquei tudo. Cores de parede, decoração, móveis, layout... Nada mais remetia a presença de JungKook depois de seis meses.

Eu sabia que ele voltaria em algum momento, mas não sabia se seria de forma definitiva ou para uma visita. Nem mesmo acreditei que isso aconteceria dois anos depois de sua partida, pois me preparei para vê-lo antes e com o passar do tempo, fui me acostumando e preferindo a sua ausência.

Quando ele passou pelo arco de entrada do complexo, com um sorriso no rosto, senti meu corpo formigar. Uma velha sensação de reconhecimento, juntamente com um medo me fizeram levantar e correr para dentro do ateliê sendo seguida por Taehyung.

- Quer que eu feche a porta? - perguntou Taehyung, depois de passar por ela.

O tom foi de brincadeira, mas ele não hesitou quando concordei apressadamente com a cabeça.

- Merda. - eu disse batendo o pé no chão e colocando as mãos na cintura. - O que eu faço agora?

A pergunta tinha sido retórica, mas Taehyung parou para pensar.

- Achei que estivesse tudo bem entre vocês.

- Bem, na verdade a gente nem se fala.

Mas eu o ainda seguia nas redes sociais e seria muito hipócrita se negasse que não sabia o que ele tinha feito nos últimos tempos. Inclusive não ter postado que estava voltando me deixou surpresa.

- Então o que é? - ele perguntou colocando as mãos nos bolsos.

- Não sei. - respondi antes de suspirar. - Talvez eu só esteja com medo de olhar o passado de frente.

E acho que essa foi a afirmação mais sincera que fiz na vida.

Taehyung não ficou por muito mais tempo no ateliê. Ele precisava se apressar para ser modelo de uma de suas "amigas" na ala de moda. O que me deixou um pouco triste para ser sincera, já que eu estava evitando sair do ateliê sozinha.

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