Capítulo 9

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A suave luz do amanhecer se infiltrava pelas cortinas semi abertas do meu quarto, pintando padrões dourados no cômodo. Lentamente, abri os olhos, ainda envolta na névoa pós-sono, e meus sentidos se encheram com o aroma familiar dos lençóis e o calor reconfortante da pele nua ao meu lado. Sorri ao lembrar das horas vividas na noite anterior. Cada toque, cada beijo, cada atitude repleta de desejo.

Meu olhar encontrou o rosto tranquilo e sereno de Jimin, quando me virei lentamente em sua direção. Ele dormia profundamente, as mechas do cabelo liso espalhados sobre o travesseiro, os traços delicados de seu rosto iluminados pelo suave brilho matinal. Uma onda de carinho me envolveu enquanto eu o observava, de alguma forma eu gostei de tê-lo ali. 

Estendi minha mão e, com delicadeza, tracei um padrão imaginário em sua pele, deixando meu toque como um lembrete silencioso do que compartilhamos naquelas horas de intimidade. Um sorriso sonolento brincou nos lábios dele, e meu coração deu um salto. Eu não queria tê-lo acordado, mas era impossível não interagir com aquela cena.

Jimin não se moveu depois disso e eu me levantei para preparar algo para o café da manhã. Mas não demorou muito para ele aparecer enquanto eu estava concentrada em colocar os ovos mexidos em um bowl.

- Cheiro ótimo. - ele comentou, um sorriso brincando em seus lábios.

- Espero que o gosto esteja à altura do cheiro. - respondi, sentindo meu coração se aquecer com sua presença.

Fiz sinal para que Jimin se sentasse no sofá e assim que terminei de preparar as xícaras de café, caminhei até ele, segurando uma bandeja com tudo pronto, e me sentei ao seu lado. Entreguei a ele uma das xícaras, nossos dedos se tocaram de forma suave e quase imperceptível. Nossos olhares se encontraram por um momento, uma troca silenciosa de sentimentos dos quais eu não sabia nomear.

- Sabe - ele começou, dando um gole em seu café - estava pensando na pintura que você está produzindo.

Levantei uma sobrancelha, curiosa.

- Ah, é mesmo? O que você estava pensando?

Ele sorriu como se estivesse lembrando de algo especial.

- Eu ainda não vi como a pintura está ficando. Apenas tenho noção dos esboços que fez de mim, mas eu queria ver como está se saindo.

- Achei que não fosse algo do qual se interessaria. - eu disse dando um gole no café. - mesmo que seja você a inspiração.

- Eu não sou um especialista em arte - ele admitiu - mas me lembro de observar você enquanto e pintava e notei o quão boa é nisso.

Fiquei surpresa com suas palavras, sentindo uma onda de gratidão por seu interesse genuíno. Reparei que nunca tínhamos falado sobre minhas artes ou coisa parecida. Que na verdade não nos conhecíamos tão profundamente.

- Fico muito feliz que você tenha notado isso e estou animada com a direção que a obra está tomando. Quero capturar algo... intangível, sabe?

Ele assentiu, sua expressão de compreensão.

- Eu acho que entendo o que você quer dizer. É como tentar capturar um momento único, uma sensação que é quase impossível de descrever com palavras.

- Exatamente. - eu sorri.

- Tenho sentido isso ultimamente. - ele concluiu.

Ficamos em silêncio por um momento, saboreando nossos cafés e deixando as palavras se dissiparem no ar. Finalmente, ele suspirou e colocou a xícara vazia na mesa de centro.

- Eu realmente preciso ir, tenho um ensaio de dança mais tarde.

Mesmo sentindo a sensação agridoce da despedida, me levantei com ele e o levei até a porta.

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