He(art)

Capítulo 11

Eu não tinha mais tempo para refazer uma pintura. Todo o trabalho de meses tinha sido destruído por um motivo que me fazia sentir vergonha de mim mesma, naquele ponto. Eu tinha entrado em uma trama de traições, ciúmes e ações doentias que simplesmente pareciam ter saído de um drama ruim.

A verdade era que eu só queria pintar o maldito quadro e participar do concurso que por anos eu evitei, por achar que não era boa o suficiente. E agora, eu estava diante de um trabalho de meses, destruído.

Enxuguei os olhos com um pouco de raiva, usando as mangas da minha blusa. Estava parada em frente à tela durante horas, buscando qualquer iluminação mental que me desse uma saída para não perder tudo. O sol já havia se posto e Taehyung tinha me deixado sozinha, mesmo que relutante, para me dar mais espaço para pensar. Ele tinha sido extremamente atencioso e buscava formas de me distrair, mas eu não suportava mais vê-lo se culpar por ter deixado a porta do ateliê aberta, então eu o mandei para casa.

- Puta merda.

Eu reconheci a voz de Jin quando ele entrou no ateliê, mas virei minha cabeça em sua direção quando ouvi seus passos se aproximarem. Ele olhava para a tela rasgada.

- Então é por isso que não tem me atendido? - ele disse parando ao meu lado, ainda olhando a tela.

- Não atendi ninguém, se isso te consola.

Ele finalmente olhou para mim e sem falar nada, sabia que ele pedia explicações. De forma muito breve, contei tudo a ele. Jin queria tomar providências, chamar a polícia, já estava certo que abriria um processo contra Missy e até pegou o celular para enviar uma mensagem a Jimin.

Eu disse não a todas as opções e segurei seu telefone para que não fizesse nenhuma besteira.

- A forma como eu vou fazer aquela cadela pagar pelo que fez, não envolve autoridades. - eu disse bloqueando a tela de seu celular e botando calmamente no bolso de seu casaco.

- Não é porque eu sou advogado que você pode sair por aí cometendo crimes. - ele me repreendeu.

Sorri quando ele disse aquilo, mesmo que Jin falasse sério, porque em algum momento eu quis cometer um crime.

Mas mesmo não sabendo ao certo o que eu faria com Missy, eu tinha muito claro para mim mesma, que nunca deixaria isso barato.

- Vem, vou te levar para casa. - Jin disse segurando meu ombro. - não pode passar a noite inteira aqui.

Antes de me virar para ir embora com ele, olhei para a tela mais uma última vez. E a tal iluminação metal apareceu. Ela era muito arriscada, mas era uma ideia.

- O quê foi? - Jin perguntou confuso, olhando para mim e para a tela.

- Nada. - olhei para ele e desliguei a luz do ateliê. - só estou pensando.

- Você é esquisita.

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Não contei a ninguém, fora Jin e Tae, sobre o ocorrido com a pintura. Nem mesmo para a minha irmã. E no dia que o casamento de Celine finalmente chegou, eu estava nervosa em muitos aspectos. O tão sonhado momento para ela, parecia uma reunião de pesadelos para mim.

Dei uma última olhada no espelho antes de encontrar com minha mãe no corredor do hotel. Celine tinha alugado um resort inteiro para o casamento. Todos os convidados estavam hospedados lá e a cerimônia aconteceria em uma parte do resort que havia sido inspirada no jardim de Versalhes. Confesso que em um primeiro momento, acreditei que seria apenas uma tentativa de lembrar o lugar, mas fiquei bastante chocada quando chegamos e meus olhos não conseguiam contemplar toda a vasta extensão do jardim.