𝕴𝖓𝖈𝖎𝖕𝖊𝖗𝖊

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As vezes só precisamos de alguém que nos apoie sem julgamentos




A primeira luz da manhã invadiu o pequeno apartamento de Severus Snape, iluminando o rosto adormecido de Harry. O garoto acordou com um sobressalto, seus olhos verdes se ajustando lentamente à claridade. Ele se lembrou de onde estava e, por um momento, sentiu uma estranha mistura de alívio e inquietação.

Severus já estava acordado, sua presença silenciosa na cozinha preparando um simples café da manhã. Ele observava Harry de soslaio, notando a maneira como o garoto estudava cada detalhe ao seu redor, como um animal selvagem em um território desconhecido.

"— Bom dia," disse Severus, sem desviar o olhar do chá que preparava. "— Dormiu bem?"

Harry hesitou antes de responder, ainda desconfiado. "— Sim, obrigado."

Severus assentiu, servindo uma xícara de chá para si mesmo e uma tigela de mingau para Harry. "— Você vai precisar de energia. Temos um longo dia pela frente."

O garoto olhou para o mingau com desconfiança, mas sua fome o fez comer rapidamente. Enquanto comia, ele observava cada movimento de Severus, tentando decifrar as intenções do homem pálido e de aparência severa.

Após o café da manhã, Severus levou Harry para uma pequena sala de estar, onde havia uma mesa de trabalho e uma estante cheia de livros antigos e poções. "— Hoje, vamos começar com algumas coisas básicas," disse Severus, pegando um livro grosso e colocando-o na frente de Harry. "— Este é um livro de feitiços elementares. Quero que leia o primeiro capítulo."

Harry assentiu, sentindo um misto de curiosidade e nervosismo. Ele nunca havia tido acesso a um livro de magia antes. Sentado em um canto, começou a ler, absorvendo cada palavra com atenção.

Enquanto Harry lia, Severus observava de perto, notando a velocidade com que o garoto absorvia o conteúdo. Havia uma inteligência aguda nos olhos de Harry, uma fome de conhecimento que Severus reconhecia em si mesmo quando era mais jovem.

Depois de algumas horas de leitura, Severus decidiu que era hora de um pequeno teste. "— Vamos ver o que você aprendeu," disse ele, pegando uma varinha de treino. "— Tente conjurar uma Lumos."

Harry segurou a varinha com cuidado, imitando o movimento que havia lido no livro. "— Lumos," disse ele, com uma voz firme. Para sua surpresa, a ponta da varinha brilhou com uma luz fraca.

Severus assentiu, satisfeito. "— Bom começo. Com prática, você melhorará."

O dia continuou com Severus ensinando a Harry vários feitiços básicos, intercalados com momentos de descanso e leitura. A relação entre os dois era marcada por uma formalidade distante, mas havia um respeito mútuo que começava a se formar.

Naquela tarde, Severus estava pensativo sobre a presença de Harry em seu apartamento, Harry ainda parecia desconfiado, mas se esforçava para não deixar transparecer. Depois de um jantar silencioso, ele permitiu que Harry assistisse televisão por um tempo. Harry, que não estava acostumado a esses confortos, observava tudo com uma mistura de desconfiança e curiosidade.

Enquanto o garoto estava absorto na televisão, Severus decidiu sair para comprar algumas coisas essenciais. Quando voltou, carregava várias sacolas contendo roupas novas, uma escova de dentes, sapatos e roupas íntimas. Harry olhou para as sacolas com cautela, seus olhos verdes brilhando com uma mistura de surpresa e desconfiança.

"— Aqui, garoto. Você precisa de roupas novas e itens básicos. Não é muita coisa, mas deve servir por enquanto," disse Severus, mantendo seu tom frio e distante.

Harry pegou as sacolas com um leve aceno de cabeça. "— Obrigado," murmurou, ainda desconfiado, mas aceitando a ajuda. Ele se afastou, mantendo uma distância segura de Severus, e começou a inspecionar os itens.

Severus observou por um momento, depois se retirou para o quarto. Precisava preparar-se para o trabalho no dia seguinte, e a presença do garoto em sua casa o deixava inquieto. Ele se perguntava se estava fazendo a coisa certa, mas não podia ignorar a situação de Harry. Antes de sair, ele disse:

"— Estarei fora por um tempo. Vou ao trabalho. Não toque em nada que não deva."

Harry apenas assentiu, voltando sua atenção para o livro de magia que encontrara na estante. Ele folheava as páginas com fascínio, absorvendo as informações sobre feitiços e encantamentos. O mundo mágico era novo e emocionante para ele, mas ainda assim, a desconfiança e a cautela permaneciam.

Quando Severus retornou naquela noite, a atmosfera no apartamento estava estranhamente calma. Decidiu preparar algo simples para o jantar e fez uma pizza. Eles comeram em silêncio, o som das mordidas e o crepitar da lareira sendo os únicos ruídos na sala.

Enquanto comiam, Harry observava Severus com curiosidade. Ele era um homem complicado, frio e distante, mas havia uma estranha compaixão em seus olhos quando olhava para o garoto. Harry não sabia o que pensar dele, mas estava disposto a dar uma chance. Afinal, era a primeira vez em muito tempo que alguém demonstrava qualquer tipo de preocupação com ele.

"— Amanhã, vou te mostrar algumas coisas importantes sobre magia," disse Severus, quebrando o silêncio.

Harry olhou para ele, os olhos verdes brilhando de interesse. "— Está bem," respondeu, tentando esconder a excitação em sua voz. Ele ainda era desconfiado, mas não podia negar a curiosidade que sentia sobre o mundo mágico.

Severus apenas assentiu, voltando a comer em silêncio. Sabia que seria um longo caminho para ganhar a confiança de Harry, mas estava determinado a tentar. Algo no garoto o fazia querer protegê-lo, mesmo que não pudesse entender completamente o porquê.

Naquela noite, enquanto se preparavam para dormir, ambos estavam imersos em seus próprios pensamentos. Severus refletia sobre a estranha conexão que sentia com Harry, enquanto o garoto tentava processar a nova realidade em que se encontrava. Eles eram dois estranhos unidos por circunstâncias incomuns, tentando encontrar um caminho em meio à incerteza.

Os dias que se seguiram foram cheios de pequenos desafios e ajustes. Harry estava aprendendo a confiar em Severus, aos poucos, mas ainda mantinha uma certa distância. Severus, por sua vez, estava se acostumando com a presença de Harry em sua vida, tentando equilibrar sua frieza habitual com a necessidade de cuidar do garoto.

Durante uma conversa ocasional, Severus descobriu que, apesar da altura impressionante para a sua idade, Harry na verdade tinha apenas seis anos. O garoto, no entanto, mostrava uma maturidade surpreendente e uma quietude peculiar. Passava a maior parte do tempo lendo ou observando atentamente. Severus estava considerando a ideia de lhe dar um smartphone, acreditando que o garoto, quando ingressasse em Hogwarts, provavelmente se destacaria como um Corvino.

Severus observava atentamente os gestos de Harry, notando como o garoto se encolhia quando achava que havia cometido um erro ou preferia se esconder em lugares pequenos e apertados. Essas reações despertavam uma preocupação profunda nele, mas o homem hesitava em abordar o passado sombrio da criança, especialmente após episódios que sugeriam um possível abuso. Harry parecia ter sido condicionado a obedecer cegamente, como se a desobediência fosse uma questão de vida ou morte.

Quando Harry, em um momento de magia acidental, quebrou um copo, Severus fez questão de acalmá-lo, mostrando paciência e compreensão. Apesar do desespero da criança ele só se acalmou depois que Severus concertou o copo com e magia, apesar da criança ainda esperar a punição.

Após o incidente com o copo, não houve outros momentos tão marcantes, mas os hábitos de Harry persistiram. A criança continuava a se encolher ao menor sinal de desaprovação e a buscar refúgio em espaços pequenos e apertados. Esses comportamentos se tornaram uma parte constante da dinâmica entre eles, lembrando Severus diariamente das feridas invisíveis que Harry carregava. Apesar da ausência de novos episódios de magia descontrolada, a tensão persistia, e Severus permanecia vigilante, procurando maneiras de proporcionar ao garoto um ambiente mais seguro para o garoto.

Continua?

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