Sombras do Destino

𝕱𝖆𝖒𝖎𝖑𝖎𝖆𝖒

𝗧𝗼𝗱𝗼𝘀 𝗽𝗿𝗲𝗰𝗶𝘀𝗮𝗺 𝗱𝗲 𝘂𝗺 𝗹𝘂𝗴𝗮𝗿 𝗽𝗿𝗮 𝗰𝗵𝗮𝗺𝗮𝗿
𝗱𝗲 𝗹𝗮𝗿

No dia seguinte, Severus acordou cedo, imerso em pensamentos preocupados. A imagem de Harry chorando ainda pesava em sua mente, e ele se sentia determinado a encontrar algo que pudesse alegrar o garoto. Observando o clima lá fora, Severus pensou que talvez Harry gostasse de voar com uma vassoura pelos céus. Embora ele mesmo não fosse fã de voar, estava disposto a fazer qualquer coisa para ver a criança que cuidava sorrir.

A ideia parecia um pequeno alívio para a dor que Harry havia enfrentado. Enquanto se preparava para o dia, Severus não conseguia afastar o sentimento de raiva crescente contra aqueles que haviam ferido o menino. O desejo de justiça e a necessidade de proteger Harry se misturavam em seu coração. Se tivesse a chance, ele faria com que aqueles responsáveis pagassem por seu crueldade.

Com uma determinação feroz, Severus se dirigiu ao armário para pegar uma vassoura. A angústia e a raiva ainda estavam presentes, mas ele as canalizava para garantir que Harry encontrasse um pouco de felicidade naquele dia. Ele estava determinado a proporcionar ao garoto um momento de leveza, ao mesmo tempo em que jurava, silenciosamente, que sua proteção seria infalível e que qualquer injustiça cometida contra Harry não ficaria impune.

O garoto acordou com o nariz entupido e uma leve dor de cabeça. Ao relembrar o dia anterior, sentiu uma leve vergonha por ter chorado tanto na frente de Severus. Esperava que o homem não o visse como um chorão.

"— Bom dia..." murmurou timidamente ao chegar na cozinha, encontrando Severus no andar de baixo. O homem fez um som com a boca, que Harry interpretou como um cumprimento. Sentando-se à mesa, Harry observava Severus enquanto ele se movia pela cozinha, notando suas feições e gestos.

Severus tinha um grande nariz tortuoso, e sua voz, esquisita e rabugenta, soava áspera. Seu cabelo longo e oleoso dava a impressão de descuido, e, em suma, ele não era bonito nem atraente à primeira vista. Nem mesmo seu sorriso parecia cativante. No entanto, havia algo em Severus que fazia Harry gostá-lo cada vez mais. Talvez fosse a habilidade excepcional do mais velho com poções, sua bondade suave, a comida deliciosa que preparava, ou o fato de que ele prestava atenção nas necessidades de Harry. Talvez fosse o jeito como Severus nunca o culpava ou punia por pequenos erros, permitindo-lhe ser simplesmente uma criança.

Para Harry, Severus era a família perfeita que ele poderia pedir. Apesar de sua aparência e maneira ranzinza, o homem representava um pai para ele, alguém que proporcionava um lar seguro e acolhedor. Claro, Harry nunca diria isso em voz alta, mas, para ele, Severus era tudo que ele precisava.

" — Garoto, o que acha de aprender a voar com uma vassoura?. " perguntou o mais velho, quebrando o silêncio da cozinha. Ele observou o garoto, que o encarou com um olhar confuso, então decidiu explicar melhor. " — Você sabe que bruxos voam em vassouras para jogar quadribol e outras coisas. Estou perguntando se quer aprender a voar em uma. "

O rosto do menino se iluminou, e seus olhos brilharam de excitação. Ele assentiu vigorosamente, quase derrubando a tigela de cereal enquanto devorava o café da manhã com renovada energia.

— Já vou avisando que não sou bom em voar . " acrescentou Severus, com uma leve expressão de hesitação.

— Tudo bem, Severus. Vai ser divertido de qualquer jeito. " respondeu a criança, com um sorriso travesso. Ele mal conseguia ficar parado na cadeira, seus pés balançando ansiosamente debaixo da mesa, enquanto seu entusiasmo irradiava pelo ambiente.