Quando Você Me Toca

9. Aquele Jantar

Já estamos chegando ao condomínio. Sinto que preciso ser sincera com Luna e contar tudo o que estou sentindo. Talvez se ela me der um fora isso que sinto morra. Ou talvez não, pelo que ela me falou ontem em relação ao seu namoro, talvez eu tenha chances. Respiro fundo e começo a falar.

- Luna, eu preciso te confessar algo.

- O que? - Ela me olha rapidamente e volta à olhar para frente.

- Estou sentindo uma coisa muita forte por você e não posso e também não consigo disfarçar. Sabe?! Quando você chega perto eu fico toda desnorteada, quando você me olha eu viajo para outras dimensões, quando eu sinto seu cheiro é como se fosse o oxigênio que faltava nos meus pulmões, quando você me toca meu corpo inteiro entra em atrito, querendo mais, desejando mais, esperando por mais, e quando você sorri. - Respiro fundo novamente - Quando você sorri é como uma canção que traz paz e ao mesmo tempo prazer. - O carro já está parado em frente à casa, e Luna me olha confusa. Meu Deus, eu ferrei com tudo. Merda!!! - Eu não estou te pedindo nada, não que eu não queira. Eu sei que você tem alguém e talvez não sinta nada por mim, mas é como eu me sinto, e acho que era necessário você também saber. Mesmo que isso signifique você quebrar-me por inteiro em dizer que não sente nada.

- Quem disse que eu não sinto nada por você? - Luna tira o sinto de segurança e no mesmo instante vem em direção a mim, segura meu rosto e toca meus lábios com seu polegar, olha para minha boca e depois para meus olhos. Meu coração está acelerado.

- Camila? - escuto vozes ao longe, me puxando daquele maravilhoso momento. - Camila? - Abro os olhos lentamente e vejo o teto verde da barraquinha que Luna tinha armado ontem. - Ei, já são 9:00 AM. A Pugliese vai nos matar. - Olho para o lado e lá está Luna, e ao julgar pelo rosto, também acordou agora. Mas ela não parece tão preocupada. Faço uma cara de tristeza ao descobrir que eu estava apenas sonhando. Mas por que diabos eu sonhei me declarando pra ela? E por que saber que era apenas sonho me deixou triste? Um misto de emoções invade meu pobre coração.

- Bom dia, Luna. Dormiu bem?

- Bom dia - ela abre aquele sorriso lindo. E eu tenho quase certeza que estou fodida se de fato eu estiver apaixonada por ela. - Eu dormi muito bem, maravilhosamente bem. E você? - E tem como não dormir bem ao lado dela?

- Igualmente a você. - Respiro fundo e falo - Então vamos. Não acha que somos jovens demais para morrermos?! - Damos risadas daquilo e começamos a organizar as coisas. Durante a ida até o carro fomos em silêncio. Acho que ela gosta de andar por aqui em silêncio, e como não gostaria? Somente o barulho do vento entre as folhas, dos pássaros cantando nas arvores, do barulho que faz a cada passada nossa na terra... É muito revigorante.

___ "Luna Buiar" ___

Chegamos no estacionamento onde está meu carro. Destravo e começamos a guardar as coisas. Camila tem estado muito estranha, acho que ela precisava desse momento em contato com a natureza, e claro, eu também. Ontem foi muito bom e intenso, tinha me esquecido o quanto é bom conversar com ela, é como se eu a conhecesse de outras mil vidas.

- Gostou do meu cantinho de refúgio?

- Sim! Aqui é muito encantador. Tudo perfeito. Obrigada!

- Não precisa me agradecer, eu amo vir aqui sozinha para poder me reconectar comigo mesma, e essa foi a primeira vez que estive com alguém. E estar com você foi bem melhor que vir sozinha. - Camila lança um leve sorriso e percebo seus olhos brilharem e se encher de lágrimas.

- Fico muito honrada em ser a primeira pessoa com quem divide esse seu pequeno mundo. Mas precisamos ir.

- É verdade. - Fecho o porta malas e entramos no carro. Avisto meu celular no banco de trás e o pego rapidamente para ver se tem mensagens importantes. Cinco chamadas perdidas de Pedro e treze mensagens. Posso até imaginar o que seja. Digito uma pequena mensagem.