Um convite quase perfeito (MomoJirou)

"existem muitas pessoas iguais a você"

E lá estava ela. Fora do quarto. Vestindo um coturno cujo cano ia até pouco abaixo do joelho e acrescentava fácil mais sete centímetros em sua altura. Uma meia calça compunha o visual por debaixo da saia que vestia.

A saia fora feita praticamente do zero com pedaços de toulie, muita linha e marcações precisas para garantir que a parte de baixo ficasse tão armada quanto um tutu. Também fora forrada com recortes de malha cor-de-rosa que vieram de um antigo pijama do qual Jirou teve de abrir mão para a confecção da peça. Na parte de cima, uma camisa social branca com as mangas cortadas para acrescentar um visual mais despojado e sexy (e também para que a garota não morresse de calor).

Por cima, como terceira peça, um blazer preto tingido e customizado de última hora, mas que estava com cara de que havia acabado de sair da loja. E, como toque final, uma pequena gravata borboleta do mesmo tom de rosa que compunha a saia.

Quando Bakugou fora embora de seu quarto no dia anterior, Kyouka mal conseguia acreditar no quão boas estavam as roupas que fizeram juntos. Nunca costurara na vida, mas aparentemente o loiro era muito bom com as agulhas.

Ainda assim, mesmo com tudo pronto, a morena não pôde deixar de passar algumas horas a mais acordada, planejando cabelo e maquiagem. Aparentemente, optou por cortar as pontas do cabelo em um corte (que apesar de ter ficado um pouco torto) lhe caira super bem. Como maquiagem, não poderia ter escolhido outra senão o clássico "delineado monstro" que sabia fazer com enorme precisão.

Bom, terminadas as produções, estava na hora de ir à festa. Pegou o elevador e em poucos minutos já ouvia a música que contagiava os corredores. Andou até a porta do ginásio, tentando permanecer calma e manter a pose. Como as portas já estavam abertas, não havia muito a fazer senão entrar lá de uma vez. O ambiente estava ótimo: mesas, cadeiras, um buffet e pista de dança, sem falar nas decorações. A meia luz que compunha o ambiente, sempre pouco constante por conta do globo de espelhos pendurado ao teto, deixava tudo um pouco mais mágico e nostálgico. Haviam alunos de outras turmas também, alguns que Kyouka encontrava eventualmente pelos corredores e outros que sequer reconhecia. Não demorou muito para que encontrasse seus colegas de turma.

Midoriya, Ochaco, Ashido, Sero e Kaminari a envolveram em poucos minutos, puxando-a para mais perto e reorganizando a formação das cadeiras de modo a garantir um lugar para a morena. Logo de cara fora recebida com elogios, que a fizeram se sentir mais confiante. Presumiu que Izuku e Uraraka tivessem ido juntos, assim como Mina e Sero, mas isso significava que Denki estava sem par. Imaginou apenas que a garota não tivesse chegado ainda, mas deixou essa questão de lado assim que seus olhos avistaram uma travessa de bolinhas de queijo no buffet, que pareciam altamente apetitosas.

Pediu licença ao grupo e fez questão de ir até lá garantir seu petisco. Os salgadinhos pareciam tão melhores do que aquele burrito frio... por um segundo até se esquecera do motivos de ter cogitado não ir à festa. Pegou uma bolinha e colocou inteira na boca, fechando os olhos e soltando um gemido de satisfação quando viu que ainda estavam quentinhas. A música estava boa, a festa também, e com certeza seria muito mais legal passar a noite numa mesa se empanturrando de comida e fofocando com os colegas de turma do que ficar trancada no quarto. Tudo estava indo muito bem.

Até que uma voz fez com que tudo mudasse de figura.

- Jirou?

Aquela voz. Aquela voz que Kyouka reconheceria em qualquer lugar. Jirou sentiu seu coração errar uma batida e se virou lentamente, vendo exatamente quem esperava ver.

Bem na sua frente, lá estava ela. De salto alto, maquiagem impecável e um vestido sem alças preto e brilhante com decote em formato de coração e uma fenda na perna esquerda que ressaltava tudo de melhor que havia naquele corpo. Como alguém podia estar tão perfeita e radiante em uma festa de colégio?! Aquele vestido deveria ser considerado um pecado, e as coisas ficaram ainda mais estonteantes quando Yaoyorozu passou a mão por seus cabelos que, diferentemente do rabo de cavalo que usava todos os dias, estavam soltos e perfeitamente escovados. Poderiam facilmente estar em um comercial de shampoo.