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Mônica.

Uma semana se passou e pouca coisa havia mudado, eu estava frustrada e quase convencida de que eu odiava o doutor Rafael Dantas.

Josh e Leila continuavam avançando e me retorcia de inveja quando eles diziam que haviam acompanhado uma ronda e Josh até mesmo já havia assistido uma cirurgia do doutor Nate.

Definitivamente eu odiava Rafael Dantas.

- Mônica. – aquela voz que não se dirigiu a mim por uma semana, finalmente me chamou para fora do deposito e o olhei esperançosa. – Tenho dois novos pacientes vindo para uma consulta hoje a tarde e Beth está de folga, então, você vem comigo.

- Sim doutor. – sorri sentindo que estava quase sonhando nesse momento. Finalmente eu faria alguma coisa.

Animadamente, eu organizei os prontuários e esperei ao lado de Rafael no consultório quando o primeiro paciente chegou. Estávamos com dois casos da ong para esse mês, Louise, uma jovem de vinte e cinco anos que precisava de um pulmão novo e Adrian, um senhor de setenta anos que esperava por um rim.

- Louise, sou o doutor Rafael e irei cuidar do seu tratamento a partir de agora. – se apresentou com seu sorriso educado. – Essa é a enfermeira Mônica que também cuidará de você. – sorri.

- É um prazer. – Louise sorriu fraca através de sua máscara de oxigênio.

- Estou dando entrada na sua internação hoje para te mantermos estável até a chegada do novo pulmão, o próximo que aparecer será seu. – garantiu anotando algumas coisas em seus papéis. – Vamos te colocar em um respirador e começar o tratamento para preparar o seu corpo para o novo órgão.

- Obrigada doutor. – Louise sorriu e Rafael acenou para mim e assenti começando os procedimentos. Aferi sua pressão e cronometrei seus batimentos enquanto Rafael anotava-os em sua folha e logo em seguida empurrei sua cadeira para fora da sala em direção ao leito que já estava arrumado para ela.

Louise havia enfrentado bravamente um terrível câncer no pulmão, mas como resultado, agora ela precisava de um transplante urgente e já não conseguia fazer nada sem o oxigênio suplementar que estava sendo vital para ela.

Agora, um novo pulmão possibilitaria a ela uma nova vida com uma qualidade infinitamente melhor.

Ajudei Louise a se arrumar na cama e com auxílio de outra enfermeira a ligamos as máquinas de monitoramento para controlar seus sinais vitais.

- Está confortável? – sorri ajeitando sua coberta e Louise assentiu.

- Não sabe como estou grata por essa nova chance, quando me falaram o preço para conseguir o transplante eu achei que meu fim havia chegado. Muito obrigada por essa nova chance.

- Eu não fiz nada. – sorri emotiva. – Vai dar tudo certo, nós vamos cuidar muito bem de você aqui. – garanti sentindo sua mão apertar levemente a minha.

No fim do dia eu estava exausta, mas feliz por finalmente ter feito algo a mais do que mofar no deposito e contei isso orgulhosamente a Josh enquanto esperávamos o ônibus.

Em casa tudo permanecia o mesmo, meu pagamento ainda levaria duas semanas para cair e meu pai continuava trabalhando até tarde na oficina para trazer alguma coisa para casa.

Minha mãe estava como sempre, a depressão havia sido severa com ela após a morte do meu irmão então, basicamente eu e meu pai nos revessávamos para cuidar dela.

Meu irmão tinha quinze anos quando se foi, morreu após ser atropelado por um motorista bêbado e imprudente que permanecia livre depois de pagar uma pequena indenização.

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