02.

46 8 0
                                    

Mônica.

O meu primeiro dia, definitivamente, não estava sendo como eu esperava. Apesar de esperançosa de que doutor Rafael me chamasse para alguma coisa, aqui estava eu há duas horas organizando o estoque da enfermaria da ala quatro.

- Enfermeira Mônica. - sua voz grave me chamou e me levantei rapidamente com o pacote de curativos em mãos.

- Sim, doutor Dantas? - sorri educada e Rafael pigarreou antes de acenas para mim.

- Me acompanhe na ronda de hoje. - mandou e assenti apressadamente tentando esconder meu entusiasmo ao finalmente sair dessa sala abafada.

- Claro, doutor. - sorri assumindo o carrinho de enfermagem que Beth me indicou seguindo atrás dos dois.

Beth era a enfermeira que auxiliaria Rafael na ronda, eu estava ali apenas para olhar e aprender.

- Bom dia. - doutor Dantas sorriu educado para a jovem que estava na cama. - Como estamos hoje Camille? - perguntou e ouvi a jovem suspirar encantada. Eu a entendia completamente, afinal, apesar de um pouco ríspido, doutor Dantas era um homem incrivelmente bonito e agora acabava de constatar que seu sorriso era melhor ainda.

- Estou me sentindo bem melhor doutor. - disse a jovem e Rafael se aproximou com seu estetoscópio.

- Respira bem fundo pra mim Camille e depois solta devagar. - pediu posicionando o objeto na altura dos seus pulmões. - Bom. - murmurou depois que ela repetiu três vezes os seus comandos. - Não estou ouvindo nem um chiado, isso é perfeito. Tem tomado os medicamentos e se alimentado corretamente? Enfermeira Beth me confidenciou que andou negando a comida.

- Eu estou bem doutor, só não quero sair, é ótimo vê-lo todos os dias. - sorriu divertida e Rafael balançou a cabeça em negação arrumando seu cabelo para trás com os dedos.

- Eu ficarei muito triste se ficar mais tempo por aqui. - disse com uma falsa repreensão. - Você deve se cuidar muito bem Camille, não podemos correr o risco do seu corpo rejeitar o novo órgão, combinado?

- Tudo bem. - a jovem suspirou. - Eu me cuidarei muito bem, prometo.

- Ótimo, Beth irá colher um pouco de sangue, tudo bem? Nos vemos amanhã. - sorriu se afastando e Beth se aproximou para fazer seu trabalho enquanto Rafael seguia para o próximo paciente.

- Senhor Anderson. - Rafael continuou mantendo seu sorriso para o senhor de pele enrugada que segundo seu prontuário havia acabado de receber um novo fígado.

Com todo o seu tratamento simpático Rafael passou pelos sete pacientes e quando chegamos ao último, uma criança de dez anos, Rafael se tornou ainda mais adorável.

- Certo Justin, o que mais está te incomodando? - perguntou para o garotinho que se queixava de tosse e um pouco de falta de ar.

- Está doendo aqui. - disse apontando a altura das costelas e Rafael assentiu anotando em sua prancheta.

- Beth. - chamou e olhei para ele. - Peça um raio x e um exame de sangue com urgência. Monitore também a saturação dele, se alguma coisa mudar me chame.

- Sim doutor. - Beth assentiu preparando o material e estendeu em minha direção.

- Você me viu nos sete pacientes, você pode coletar a amostra agora. - instruiu e assenti nervosamente. Doutor Dantas que caminhava para a saída, parou colocando as mãos dentro do seu jaleco e olhou pra mim.

Eu havia treinado isso diversas vezes, mas agora me sentia nervosa e pressionada pelos dois pares de olhos sobre mim.

- Vai sentir um leve picada. - sorri para o garoto que assentiu e limpei seu braço com o algodão estranhando a falta de veias.

DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora