2 - Murilo

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Depois da conversa com a Madre, vou direto para o meu dormitório. Preciso de um banho, hoje tenho um jantar com Murilo — meu namorado — e confesso que não estou nenhum pouco animada. Mas é um jantar comemorativo, hoje completamos mais um ano de namoro. Cinco anos que vivo infeliz. Cinco anos que o engano dizendo que o amo, mas não é verdade, eu apenas gosto dele. E a pessoa mais enganada dessa história toda sou eu, por viver um relacionamento que eu sei que não tem futuro.

Coloco minha banheira para encher. Enquanto procuro por meu velho jeans e a camiseta de mangas, coloco uma música e quando vejo que tem água suficiente dentro da banheira, despida entro dentro.

[...] - Você acha que um dia poderemos viver juntas para sempre. Sem ter que esconder das pessoas?

- Eu realmente não sei. - Luísa abaixa a cabeça ao ouvir minha resposta. - Vamos viver um dia de cada vez, querida.

Beijo sua bochecha, fazendo a mulher de pele clara sorrir. Luísa tinha um sorriso lindo, eu não me cansava de admirá-la. Tudo nela era perfeito.

- Eu amo você, Marília.

- Eu também amo você. Estarei sempre ao seu lado. [...]

Afundo rapidamente a cabeça na água, em uma tentativa falha de não pensar no passado.

...

- Eu não entendo o porquê de você não querer vir morar comigo. - Diz Murilo, levemente irritado.

Respiro fundo e tomo uma grande quantia da bebida alcoólica de minha taça.

- Eu tenho o meu trabalho, Murilo.

- Também dou aula lá, ou você se esqueceu? Querida, você não precisa passar as noites lá. - Sua mão segura a minha. - Estamos a tanto tempo juntos.

Um silêncio se instala na mesa. Eu não sei mais como fugir desse assunto. Todos os anos que comemoramos nosso aniversário de namoro, Murilo entra no mesmo assunto e eu sempre fujo.

- A comida desse restaurante é ótima, como não viemos aqui antes? - Olho ao meu redor. E parece que mais uma vez consegui fugir disso.

Nós dois entramos em assuntos aleatórios. O que eu agradeço, pois não tocamos mais no assunto "morarmos juntos". No fim da noite fomos até a casa de Murilo, transamos. Eu como sempre estava sem vontade nenhuma e apenas paramos quando Murilo gozou, o que não demorou muito e acabamos dormindo.

...

Depois de uma breve leitura do livro indicado por mim na aula passada, discutimos sobre os trechos lidos. Demos diversas opiniões e por fim encerro o assunto, pedindo para que formemos uma roda, no meio da sala. De inicio eles não entendem, mas obedecem.

- Nunca sentamos e conversamos antes, então eu quero aproveitar esse tempo que ainda temos para sabermos mais uma da outra, antes do sinal tocar. - Fico em pé no meio da roda e as meninas me observam.

- Eu sei que a Amanda é uma garota estranha. Emily é a garota que se masturba na cabine do banheiro. Henrique fuma maconha no dormitório...

- Lauana, chega. - Peço sem paciência a garota. Todos ficam em silêncio.

Lauana era a aluna mais rebelde de minha turma e sempre atrapalhava minhas aulas.

- Ué, eu só queria compartilhar o que eu sei. Aliás isso daqui é uma perca de tempo. - Lauana cruza os braços. - Se não tem matéria para passar, podemos dormir.

- Se retire da minha aula. Passe na sala da madre e converse com ela.

A garota sai bufando enquanto tenta colocar a sua mochila.

- Vamos começar por você, Helena. - Aponto para a mesma que se põe de pé.

A garota fala algumas coisas, e em menos de minutos se senta. A conversa se segue, e quando chega a vez de Meredith, vejo a morena se afundar na cadeira e resmungar algumas palavras desconexas.

- Tente falar mais alto. - Peço e tento ignorar a revirada de olhos que a morena dá.

- Meu nome é Maraisa, tenho 17 anos, filha única. E estou aqui por motivos óbvios. Minha mãe me obrigou. Eu preferia estar em uma boate me drogando ou transando com...

- Já entendemos. - A corto antes que ela diga mais barbaridades.

O sinal logo toca e todos vão saindo. Vejo Maraisa voltar. A garota para bem atrás de mim, fazendo os meus pelos se arrepiarem com a aproximação tão repentina.

- O que deseja, Srta Pereira?

- Quer mesmo saber, professora? - Sua voz tem um tom malicioso. Engulo em seco e me afasto de seu toque.

Começo a colocar as carteiras em seus devidos lugares. Maraisa continua a me observar, o que deixa tensa. Eu sabia que essa garota seria problemas para mim.

- Vai ficar parada ai? Diga logo, Pereira, eu tenho coisas para fazer. - Digo rudemente.

- Eu não quero nada não. Só queria observar mais um pouco a sua beleza.

Sinto perder o ar,e um sorrisinho cínico brota em seus lábios — e que lábios — foco, Marília.

- Te vejo amanhã, Mari.

Antes que eu possa dizer alguma coisa, ela sai da sala de aula balançando o seu traseiro.

- Não caia nessa, Marília, não caia. - Repito várias e várias vezes.

Loving Maraisa | Malila.Onde histórias criam vida. Descubra agora