Loving Maraisa | Malila.

6 - Você ficou linda

Caminho pelo campo quase deserto. Tem três ou quatro alunas de outro bloco andando por ai. Maraisa está deitada debaixo de uma árvore e, dentro de minha jardineira jeans, resolvo me aproximar dela.

Ela olha para cima, assim que me ver parada ali e sorri fechado depois de soltar a fumaça do cigarro no ar.

- Não sabia que fumava. - Falo a observando.

- Eu não fumava, até entrar nesse colégio.

Com cautela me sento ao seu lado, em cima de um pano forrado no chão. Maraisa se vira de lado e me observa, me deixando constrangida com o seu olhar.

- Aonde consegue isso?

- Tenho os meus contatos. - Diz me passando o cigarro, mas eu nego. - Não seja careta, Mari.

Acabo aceitando. Não deveria eu sei, mas que mal tem nisso. Afinal nem era para eu estar aqui. E sim aproveitando o meu final de semana.

- Não acha chato termos que ficar presas aqui? - Apenas concordo com um breve aceno de cabeça. - Podemos dar uma volta?

- Não podemos sair do colégio, Maraisa. Quero dizer, você não pode sair.

- Ninguém precisa saber. - Seu sorriso infantil travesso me faz sorrir. - Vamos lá, vai ser rápido.

Ela se senta e balança os meus ombros. Rolo os olhos em falso tédio e acabo aceitando sua idéia maluca.

...

Dentro do carro dirijo em destino a minha casa de praia. Ela não ficava muito longe dali, em meia hora já estava estacionando atrás da casa.

- Uau! - Diz a morena boquiaberta ao meu lado.

- Aqui é lindo, né? - Digo enquanto tento abrir a porta.

A casa fica de frente para o mar. Minha casa é uma das poucas ao redor daquele bairro. O silêncio ajuda a ouvir o barulho da água.

- Nossa, eu passaria a minha vida aqui numa boa. - Diz a morena sorridente.

Assim que entramos porta a dentro, ela observa tudo a sua volta. A casa está bem organizada, tudo em seu devido lugar. Seus olhos vão para um canto específico da sala. O canto que ficam algumas fotos tiradas por mim, em momentos de lazer.

Ela pega uma foto que estou abraçada aos meus pais no meu aniversário de quinze anos.

- Seus pais? - Pergunta me olhando por cima dos ombros.

- Sim.

- Ela se parece com a Madre Consuelo. - A mesma franze a testa me fazendo rir.

- Elas são irmãs. A Madre é a minha tia. - Explico e Maraisa assente em compreensão.

Deixo minha chave em cima do móvel e a observo de longe. Seus dedos param em uma foto muito especial para mim.

- Sua amiga? - Pergunta apontando para um porta retrato com uma foto muito especial para mim. - Bonita ela.

Caminho até ficar ao seu lado. Pego a foto de sua mão e observo o lindo sorriso de Luísa naquela foto. Deixo o porta retrato no lugar de antes.

- Vamos ver o mar. - Digo sem responder a sua pergunta.

Antes de sair pego minha máquina fotográfica e retiro o meu sapato. Peço que Maraisa faça o mesmo, apenas para não sujar seu tênis.

Depois de caminhar um pouco, paramos um pouco afastadas da água. Maraisa se deita na areia apoiada em seus cotovelos e eu me sento ao seu lado.

- Faz tempo que não venho a uma praia. - Diz Maraisa quebrando o silêncio.

- Também tem um tempo que não venho aqui. - Digo enquanto tiro algumas fotos do mar a minha frente.

Pereira se senta tomando uma postura, enquanto eu conto que ganhei essa casa de presente de formatura da faculdade e poucos meses depois meus pais faleceram. Mas logo mudo de assunto, não gosto de falar sobre o meu passado.

- Hey! - Diz Maraisa rindo quando percebe que eu tirei uma foto dela. - Eu nem estava preparada.

- Você ficou linda. - Penso alto.

Maraisa me olha e solta uma risadinha tímida. Ficamos nos encarando e por fim decido desviar o olhar antes que eu cometesse alguma loucura. Mas Maraisa parece pensar diferente e quando seus lábios tocam os meus sou pega de surpresa. Um simples roçar de lábios, faz a minha pele formigar e sem pensar duas vezes, seguro em sua nuca contornando seus lábios com a língua.

O beijo é lento, mas carregado de desejo. As mãos de Maraisa se apoiam em minha cintura. Sinto-me perder o ar, mas apenas paro deixando algumas mordidas em seu lábio inferior e volto a beijá-la com vontade.

E eu sabia que estava indo para um caminho sem volta.