Eu entendo como é difícil crescer, Finney..

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"We used to play pretend, give each other different names
We would build a rocket ship and then we'd fly it far away."

Passou as três primeiras aulas no banheiro, fumando e escutando música. Às vezes, lágrimas que não pôde conter apareciam, mas Finn as limpava rapidamente, querendo à todo momento, se esquecer do que acabou de acontecer e focar apenas em sua música e seu baseado.
Mas isso não durou muito tempo, já que o zelador o encontrou, o levando para a diretoria bem na hora do intervalo, bem na hora em que todos os olhares se direcionariam a si.
E ele não ligaria, não se em um desses olhares não tivesse os de Robin Arellano.
O mexicano o encarava preocupado, enquanto Blake expressava apenas uma carranca, sendo brutalmente segurado pelo zelador.

- Fumando e cabulando de novo, Finney Blake? Ugh, eu sinceramente não sei mais o que faço com você. - Disse a diretora, mexendo em seu computador.
- Poupe seu tempo comigo e me expulse logo. - Disse sério, enquanto beliscava sua própria pele por debaixo da mesa e balançava sua perna direita freneticamente.
- É isso o que você quer? - Perguntou, tão séria quanto o garoto à sua frente.
Mas Finney logo pensou em Gwen.. Não, ele não podia dar mais trabalho à sua irmã mais nova. Bufou, irritado.
- Não, diretora. - Disse, engolindo em seco.
- Então, acho melhor que se esforce, Finney. Seu tempo está acabando, se não melhorar, irei te expulsar definitivamente, ok? - Ela disse e Finn assente, logo saindo dali.

O garoto sai praticamente correndo da diretoria, enquanto Robin o seguia, gritando seu nome.
O alcançou, segurando seu pulso, o que fez Finney congelar.

- O que é? - Se soltou bruscamente, enquanto se virava.
- Eu só quero entender o que aconteceu com você, Finney. Você 'tá estranho, 'tá diferente.. Não é mais o mesmo Finn. - Comentou, tristonho.
- Robin, olha, as pessoas mudam, 'tá legal!? É isso, eu mudei! Simples. - E com isso, Finney aproveita a deixa para ir embora.

E o resto da manhã se baseou em Robin perseguindo Finney, e Finney fugindo de Robin. Blake não estava com cabeça 'pra isso agora, ele não quer lidar com isso agora. O garoto estava confuso, com raiva, com medo de estar enlouquecendo de vez, inseguro, perdido.. Ele estava apavorado. Definitivamente não queria lidar com isso agora.

Ele e sua irmã chegaram em casa, Gwen foi tomar banho, enquanto Finney preparava o almoço. Seu pai, infelizmente, estava em casa hoje, havia perdido o horário para o trabalho, ou tirou folga, sei lá o que esse velho inventa 'pra poder ficar em casa, Finney não sabe como ele ainda não foi demitido.
- Finney! Agiliza aí 'pro almoço! Preciso ir para o serviço daqui há pouco. - Terrance grita, com a voz embolada. Finney se perguntava como caralhos seu pai iria ao trabalho, bêbado desse jeito.
- Acabei. - Murmurou, enquanto subia às escadas para chamar Gwen.

Mas foi segurado no braço pelo mais velho, se virou e Terrance o encarava sério.
- Diga para ela esperar lá em cima. Vamos conversar. - Disse o homem.
Finn suspirou, indo ao quarto da garota.
- O almoço já tá pronto? - Ela pergunta, animada, saindo da cama.
- Espera Gwennie.. - Ela desmanchou o sorriso, preocupada. - Pai quer conversar comigo, pode ficar aqui só um pouquinho? - Perguntou.
- Finney..- Ela dizia, preocupada.
- Tá tudo bem. - O Blake mais velho a interrompe, sorrindo minimamente para a menor, que suspira e assente, voltando para a cama.
- Se as coisas ficarem muito difíceis, grita o meu nome, por favor! - Ela disse e Finney assente.

Ele volta para o andar de baixo, tenso e nervoso, com suas mãos suando e tremendo, sentia que iria desmaiar há qualquer momento.
- Pai? - Ele chama pelo mais velho, que estava sentado em sua poltrona, bebendo como sempre.
- Sente-se, precisamos conversar. - Ele disse, apontando para o sofá em sua frente.
O mesmo foi até lá em passos lentos, com medo, mas atento há qualquer movimento do outro.
- Você sabe..- Começou Terrance. - Que Robin Arellano voltou, né? Disseram que ele fez uma viagem e agora está de volta, desmentindo sua morte. - Retomou, sério. Finney assente.
- Você já o viu?
- Sim.
- Ele tentou falar com você?
- Tentou.
- Você falou com ele? - Perguntou, com mais firmeza na voz.
- N-não. Acho que não 'tô pronto.
- E é bom que nunca esteja, porquê você está proibido de chegar perto daquele moleque.
- O quê? Por quê? - Perguntou, com a voz calma, mas por dentro, se desesperou.
- Porquê eu estou mandando você ficar longe dele! Esse garoto é um completo esquisito, não quero meu filho perto de um asqueroso, morto vivo! - Gritou seu pai, se levantando da poltrona.
- Não chame ele assim! Você não pode opinar nas minhas companhias! Você não tem esse direito, tudo o que você faz é me bater e gritar comigo! - Gritou o garoto, se levantando do sofá.
Terrance se aproximou lentamente, o que fez Finney recuar, começou a se apavorar, iria levar um tapa, ele sabia.
Finney colocou a mão em sua bochecha, se virando, com o coração acelerado, assim que sentiu a ardência tomar conta de sua pele e ouvir o estalo que ecoou por toda a sala de estar.
- Eu te educo! É diferente! - Gritou, com
a voz embolada.
Finney assentiu e se afastou do pai, não adiantaria revidar, porquê sabia que entraria por um ouvido e sairia pelo outro. Terrance é um idiota, sempre será.

Terrance o deixou só, então, o garoto aproveitou para voltar ao quarto de Gwen.
Entrou sem nem bater na porta, se jogando na cama de sua irmã, começando a chorar silenciosamente.
Ele não queria, não queria chorar toda vez que levava um tapa daquele cara irreconhecível, não queria se importar, mas ele se importava e se odiava por isso.
Finney passou sua infância inteira ouvindo que quando ficasse mais velho, todos os seus medos diminuiriam, mas agora ele é inseguro e se importa com o que as pessoas pensam.

- Finney! Eu 'tô aqui com você, vai ficar tudo bem. - Ela o abraçava, enquanto ambos choravam.
- As vezes eu queria tanto que tivéssemos a oportunidade de voltar no tempo, para os bons e velhos dias, quando a mãe cantava para dormirmos, mas agora sinto que estamos tão estressados, cansados disso tudo.. Eu sinceramente 'tô perdendo a paciência, Gwen. Eu já aguentei calado por muito tempo. - Disse, enquanto soluçava de chorar.
- Eu te entendo completamente, mas fique calmo, ok? Vamos dar um jeito nisso, como sempre. - Sussurra Gwen, acariciando seu braço.
- Nós costumávamos brincar de faz de conta.. - Riu sem nenhum humor, antes de retomar. - Dávamos um ao outro nomes diferentes e estranhos, apelidos.. Nós falávamos que iríamos construir um foguete e, então, nós voaríamos para longe daqui.. Costumávamos sonhar com o espaço sideral, mas agora tudo o que recebemos são pessoas maldosas, rindo da nossa cara e dizendo: Acorde, você precisa fazer dinheiro!
- Eu entendo como é difícil crescer, Finney.. Ainda mais numa família como.. Essa.. Mas o que importa é que sempre teremos um ao outro! Isso eu garanto! Ah, e a oferta de construirmos um foguete e fugirmos para outro planeta ainda está de pé, se quiser. - Riu Gwen.
- Óbvio que eu quero. - Riu Finney, de verdade desta vez.

Ficaram conversando mais um pouco, até Finney se despedir e ir para o seu quarto, com a desculpa de que já estava num bom humor e com sono. Com isso, agradeceu a irmã e foi se deitar.

i'm still here; rinney  🎞Onde histórias criam vida. Descubra agora