0. Opening

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Deus não poderia ter sido mais injusto com Kim Sunoo quando colocou Park Sunghoon em seu caminho. Sunoo tem certeza de que isso deve ter sido karma de uma vida passada, porque não consegue reunir evidências o suficiente de que tenha feito, ao longo de seus vinte e um anos de vida, coisa capaz de justificar tamanho azar.

Se tem algo em que Sunoo não é bom, é em odiar pessoas, mas Sunghoon o obrigou a aprimorar essa habilidade esquecida há muito tempo.

Mais uma vez, Sunghoon está inclinado sobre a bancada de madeira ao lado do caixa, flertando com outra das muitas clientes que vem ao café universitário onde eles trabalham — o Koppee Coffee — só para vê-lo. Enquanto isso, Sunoo carrega duas caixas de papelão enormes cheias de lenços de papel e talheres de plástico até o depósito nos fundos da cafeteria e revira os olhos toda vez que escuta uma risadinha vindo da garota no balcão.

Sunoo odeia ser mal educado, ainda mais na frente de gente desconhecida, mas o café está cheio e apesar de Sunghoon intercalar os flertes com o atendimento de uma mesa e outra, o trabalho com certeza está mais devagar e alguns clientes não parecem muito contentes com a demora na entrega de seus pedidos. Então, assim que fecha a porta do depósito, Sunoo respira fundo e caminha até a bancada, olhando para Sunghoon e depois para a garota de longos cabelos castanhos com a cara mais intimidadora que consegue.

Apesar dele normalmente ser afável e gentil com quase todo mundo, Sunoo facilmente consegue assustar as pessoas quando seus olhos de raposa estão comprimidos em uma expressão séria.

A garota que está com Sunghoon o percebe e enrijece o corpo numa postura perfeita rapidamente, desfazendo a posição confortável em que estava segundos antes, debruçada no balcão, segurando o queixo no ar com a mão direita. O rosto dela fica corado e ela o vira para o lado tentando disfarçar seu constrangimento.

— Com licença, já escolheu o que vai pedir, senhorita? — Sunoo se dirige a ela, ignorando Sunghoon, que percebe o clima tenso se formando no recinto.

— Ah... na verdade, eu.... — ela balbucia encabulada, enquanto Sunoo ainda ostenta sua expressão assustadora, arqueando uma de suas sobrancelhas e adicionando mais uma nota de agressividade em seu semblante.

— Não vai pedir nada, não é, senhorita? — Sunoo a desafia e ela não o responde, porque seria constrangedor demais afirmar que ele tem razão em alto e bom som. — Você pode se acomodar em algum lugar enquanto decide. Está bem? — Ele sorri gentil por um breve segundo, mas quando se vira para Sunghoon, seu olhar matador está de volta. — Nosso barista-nim precisa atender algumas mesas agora.

— Ah, certo... Eu sinto muito por causar problemas — ela pontua e se inclina em um sinal de respeito. Quatro segundos depois a garota se afasta, saindo das proximidades do balcão e caminhando para fora do estabelecimento.

Previsível.

Sunoo ainda não desfez sua expressão séria, porque há mais alguém precisando ser intimidado neste momento e ela será útil agora. Ele encara Sunghoon, que engole seco, mas não se deixa levar pela careta assustadora de seu colega de trabalho.

— Por que você é sempre tão mal educado com os clientes, Sunoo-ssi?!

— Eu não sou mal educado, hyung. Eu sempre trato bem os clientes, mas é a terceira vez que essa menina vem aqui essa semana e ela nunca pediu nada. Ela poderia pedir pelo menos um café pra disfarçar, mas ela é sutil feito um elefante caminhando numa corda bamba. Dá logo o seu número pra ela e poupa o meu tempo, o seu e o dela. Marque um encontro fora daqui pra ela parar de se humilhar. Nós temos muito o que fazer na cafeteria.

— Desde quando você virou meu sênior pra me dizer o que fazer?

— Eu sou literalmente seu sênior! — Sunoo revira os olhos e cruza os braços. — Eu trabalho aqui há mais tempo que você e não estou te dizendo o que fazer, hyung. Só estou afirmando que se seu rosto bonito não vende um copo do nosso café, é melhor você focar só no trabalho.

Almost like love | SunsunOnde histórias criam vida. Descubra agora