IX

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14/04/2022 (15h)

•pov gina•

- Que horas são?

- Três da tarde.

Andei de uma ponta da sala até a outra.

- E agora?

- Três e três.

Sentei no chão.

- Ela não vem! O que eu estava pensando? Que ela viria? Burra!

Olivia sentou ao meu lado.

- Não fala assim da minha amiga - ela tocou meu braço com carinho. - Ela vem sim, só deve estar presa no trânsito.

Eu assenti.

- Tem razão.

Ela me deu meu celular.

- Veja alguns tik toks.

Eu peguei o celular e comecei a maratonar. Dez minutos se passaram e a campainha tocou.

- EU ATENDO.

- Não, esse é meu trabalho. Só sente no sofá e finja que não está desesperada.

Eu sentei no sofá e tentei agir naturalmente. Ouvi a voz forte de Rosa Diaz e me arrepiei inteira. Ela surgiu na sala, vestindo uma jaqueta de couro preta e calça jeans apertada. Quase perdi o ar.

- Olá detetive. - falei flertando.

- Gina.

- Ao que devo a honra?

- Precisamos conversar.

- Me siga.

Eu a levei até o meu quarto, poderíamos muito bem ter ficado na sala, mas aqui é mais romântico.

- Vou direto ao ponto - ela começou a falar. - Não encontrei nenhuma ligação sua aos assasinatos, por isso, quero distância.

- Espera, o quê?

- Você não é confiável.

- Qual o verdadeiro motivo?

Ela olhou para os meus lábios, depois para os meus olhos. Dei um passo para frente, ela não se mexeu. Dei mais outro, ficando a centímetros de distância.

- Não.

- Tem certeza?

- Não. - ela me puxou pela cintura e colou nossos lábios.

Minhas mãos contornaram suas curvas. Ela passou os dedos entre o meu cabelo, puxando-o de leve. Encostei na parede, batendo as minhas costas, mas não me incomodei, estou no paraíso. A detetive mordia os meus lábios ferozmente. Eu deixei escapar gemidos enquanto arfava por ar. Ela se afastou, parecia não acreditar no que havia feito. Ela virou as costas e saiu andando. Eu a segui, saímos pela porta da frente, onde eu finalmente a alcancei.

- Você não pode me beijar e fugir.

Ela me ignorou.

- Eu estou falando com você!

Ela virou-se, ficando muito próxima. Controlei minha respiração para não parecer desesperada.

- Foi um erro.

E voltou a andar.

- Não foi. - sussurei para mim mesma. - Vou te provar que não.

Voltei para dentro da casa.

- Como foi? - Olivia perguntou.

- Ótimo. - forcei um sorriso.

- Você não parece ótima.

Lancei um olhar bravo, ela se calou. Peguei a chave do meu carro e sai, ignorando os chamados de Olivia. Prometo que não vai se passar um dia sem que Rosa pense em mim.

Olivia me ligava, eu deixei todas as chamadas caírem na caixa postal. Não pensava, só pisava no acelerador enquanto gritava as letras das músicas. A minha primeira parada foi o centro da cidade, comprei um celular pirata, sem a nota fiscal. Segui viagem para praia, uma hora de distância da minha casa. O sol estava queimando, mas não me incomodei. Adentrei um quiosque, o garçom assustou com a minha presença.

- Opa, boa tarde. Como posso ajudar?

Achei que tivesse me reconhecido, mas não, ele apenas estava surpreso em ver alguém.

- Uma água de coco, por favor.

Ele assentiu e foi para a cozinha. Estiquei o pescoço, não havia mais ninguém. Olhei ao redor para me certificar, a praia estava deserta, o comum para uma quinta-feira. Ele voltou com a fruta em mãos, um canudo de papel no seu centro.

- Você trabalha sozinho aqui?

Ele assentiu.

- Essa praia não é muito movimentada.

- Nem de final de semana?

Ele negou. Dei um gole, a água gelada fez o meu corpo tremer, ou talvez fosse o meu plano entrando em ação. Olhei-o de cima a baixo, ele notou e coçou a nuca.

- Você pode me mostrar o banheiro?

Ele assentiu tímido. Eu coloquei o coco em uma mesa de plástico e o segui.

- Por aqui.

Entrei no banheiro e o puxei. Tranquei a porta atrás de nós. Ele sorriu, mal sabia o que viria pela frente.

•pov rosa•

Número desconhecido: *foto*

Abri o arquivo imediatamente. Vivo recebendo pistas anônimas ou ameaças. A foto era um homem rodeado por uma poça de sangue. Levei a mão à boca em choque. Nunca em todos os meus anos de serviço recebi uma foto de um assasinato anonimamente. E pela coloração do sangue, a sua morte ocorreu em menos de 24h. Tentei decifrá-la, descobrir qual era a intenção por trás daquela imagem. Poderia ser uma ameaça, uma testemunha ou até confissão.
Encarei o celular esperando a pessoa dizer alguma coisa, tudo o que ela mandou foi um emoji piscando.

Isso me parece com uma pessoa. Balancei a cabeça afastando o pensamento, prometi nunca mais vê-la ou pensar nela, não posso ficar obececada por Gina Linetti. A sua sedução pode levar a minha queda, por isso, apaguei a mensagem e joguei o celular longe. E se fosse uma pista? Deus, por que agi sem raciocinar? Posso tentar restaurar a mensagem, só para aquivá-la, caso seja importante.

Recuperei a imagem e tentei dormir sem pensar na ruiva.

Autora: voltei, perdão a demora, estava sem criatividade.

Getaway Car |Dianetti|Onde histórias criam vida. Descubra agora