XXVI

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20/10/2022

•pov gina•

Decidi aprovar o documentário, optei por algo mais intimista sobre meu passado e meu presente. Consegui incluir o início da minha carreira e todos os acontecimentos que me levaram até Rosa, bem... Não todos. A abertura do documentário deveria ser impactante, então respirei fundo e disse para a câmera:

- Olha, eu sei que disse que te contaria tudo. Mas quanto você realmente quer saber?

O diretor assentiu satisfeito. Controlei a tremedeira nas mãos ao cruzá-las.

- Gostaria de dizer que era uma manhã chuvosa ou até mesmo nublada. Mas seria mentira. A manhã que fugimos era ensolarada. Acordei com algo pesado no meu rosto, era a minha mala. Naquele momento percebi o que aconteceria.

Passei o dia narrando, percebi as feições cansadas ao meu redor e decidi terminar cedo. Também queria ir para casa, não estava cansada, eu estava com o coração apertado, sentia que podia ter uma crise a qualquer momento. Assim que cheguei em casa, corri para o meu quarto e me joguei na cama. Enfiei a cabeça no travesseiro e gritei um nome.

Peguei o meu celular e mandei uma mensagem pro antigo número de Rosa, sei que ele foi confiscado, por isso peguei o hábito de mandar desabafos.

G: passei o dia falando sobre você.
G: sinto sua falta.
G: queria que me deixasse te ajudar.
G: eu realmente sinto muito por tudo.
G: ainda te amo.

Joguei o celular na cama e me deitei. Chorei até dormir. Olivia me acordou com um sanduíche.

- Não sabia o que queria comer, então fiz um misto quente.

- Está ótimo, obrigada.

- Você quer que eu fique ou vá embora?

- Quero ficar sozinha, por favor.

Ela assentiu e saiu do quarto. Ao terminar de comer, levantei da cama e fui ao banheiro. Minha maquiagem estava borrada, eu parecia um panda. Tomei um banho, e novamente, deitei na cama. Peguei meu celular, meu nome estava nos trending topics, nunca sei se é bom ou ruim, sempre penso o pior. Por sorte, era só o anúncio da gravação do meu documentário.

O nome de Rosa também estava em alta. Muitas pessoas postavam sua foto com comentários do tipo:

"Eu também fugiria com ela."

"Que criminosa gostosa."

"Eu deixaria ela me matar."

O último me fez ficar em choque por alguns segundos, depois lembrei que o twitter e a internet como um todo garante o anonimato, o que para algumas pessoas é sinônimo de ser um babaca sem ninguém te reprender. Confesso que fiquei tempo demais lendo os comentários sobre Rosa, não porque eu me importava, eu estava vendo as fotos. Rosa não sorri em nenhuma foto.

Abri a minha galeria, tem várias fotos de Rosa distraída, ela odiava que eu a fotografasse, mas isso nunca me impediu. Tenho fotos dela dormindo, comendo, assistindo TV, dançando, brigando comigo por tirar foto. São mais de 300 fotos, até as borradas estão favoritadas. Eu queria ser capaz de entrar no meu celular e voltar a estar ao lado dela. Passei horas olhando as fotos, um misto de tristeza e saudade me dominaram. Cai no sono.


30/11/2023

•pov rosa•

O meu esquadrão veio me buscar. Todos eles.

- Espero que ninguém cometa crime no Brooklyn, porque ninguém seria capaz de investigar.

- Eu sei, mas todos nós quisemos vir.

- Obrigada.

Boyle me encarou com aqueles olhos de cachorro faminto.

- Posso te abraçar?

Eu cedi.

- 10s.

Todos me abraçaram enquanto eu fingia contar o tempo, deixei alguns segundos a mais.

- Obrigada por me liberar. - disse ao Holt.

- Você saiu por boa conduta. Sua pena já estava reduzida quando aceitou vir comigo...

Ele se explicava, mas eu sabia que não foi a minha boa conduta que me fez sair da prisão, foram eles.

- Tenho tanta coisa pra te falar. - Jake disse.

- Para onde quer ir? - perguntou Amy ignorando o namorado.

- Pra minha casa, preciso de um banho individual.

- Estamos em três carros. O meu, o do Terry e o do Holt - disse Amy. - No meu estão eu, Jake e Boyle. No do Terry, ele, Hitchcock e Scully. E o Holt está sozinho.

- Posso ir com você, Capitão?

Ele assentiu. Terry e Amy fingiram não se importar, mas vi como seus ombros caíram. Nos despedimos e entrei no carro de Holt. Ele colocou rock pesado no rádio, acho que foi para me agradar.

- Qual o seu plano? - quase pulei de susto, havia esquecido que ele estava ali.

- Talvez investigadora particular - Holt grunhiu. - Eu sei, eles são uns víboras, mas não tenho muita opção.

- Você pode fazer um programa de reinserção e voltar pra 99.

- Nós dois sabemos que esses programas não funcionam.

Ele calou-se e continuou em silêncio até a minha casa.

Getaway Car |Dianetti|Onde histórias criam vida. Descubra agora