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•pov gina•

- Você disse algo?

Comprimi os lábios me sentindo envergonhada.

- Disse que foi em legítima defesa.

Ele bufou.

- Ótimo, você já se assumiu culpada.

- O que queria que eu dissesse?

- Nada. Você deveria ter me esperado.

Me calei.

- Foi em legítima defesa? - sussurou.

Eu assenti.

- Você tem que me contar a verdade. - sussurou novamente.

- Estou contando.

Ele assentiu. Nós voltamos à sala de interrogação. Jake retomou o interrogatório.

- Você disse que foi em legítima defesa, elabore.

Olhei para meu advogado, ele assentiu. Respirei fundo.

- Rick era meu agente, ele me convocou para uma reunião, achei que seria o papel de um filme de grande produção ou que iria me demitir. Ele falou sobre um filme de uma grande diretora, logo me animei, afinal, minha carreira estava estagnada. - por incrível que pareça, minha voz não tremia, eu falava firmemente, Jake me estudava, talvez pensasse que eu estava mentindo por não esboçar medo algum. Mas por dentro, eu sentia como se fosse explodir a qualquer momento- Mas havia uma condição, eu deveria ficar nua - engoli a seco, mexia minhas mão impacientemente, meu nervosismo, finalmente tomou conta de mim- o que para mim não era problema. Rick pediu para... - respirei fundo, minha voz trêmula - Ele pediu para ver meu corpo nu, eu ri, achei que fosse piada... - comecei a chorar, os dois homens ao meu lado pareciam apreensivos, tão desconfortáveis quanto eu. Depois de meses do evento, finalmente me lembrei claramente do que aconteceu - Ele estava sério, veio na minha direção, me afastei, pedi para que parasse, ele continou avançando, eu gritava e chorava alto. Ninguém veio ao meu socorro, estava sozinha, desesperada.

Lágrimas escorriam pelo meu rosto, meu corpo doía, uma bola se formava na minha garganta, queria gritar igual gritei no dia, queria parar de sentir dor. Rick pode ter morrido, mas a minha dor está bem viva.

- Ele me encurralou na janela, não me lembro como, mas trocamos de posição e ele se encostou na janela. Peguei algo pesado e bati nele, ele se desequilibrou e caiu. Ainda me lembro do barulho dos vidros estilhaçando. Corri para a secretária dele, contei tudo, estava desesperada, ela prometeu nunca contar.

- E nunca contou - disse Jake, a voz falhando - Ela morreu uma semana depois.

Assenti ainda tremendo.

♤♡◇♧

10/01/2023

Não houve julgamento, houve uma concordância sobre eu ter agido em legítima defesa. Encerraram o caso hoje, ao sair da delegacia me deparo com Rosa segurando um buquê de rosas.

- Cadê os paparazzis?

- Oi amor, eu sei, as rosas são lindas!

Eu ri e a beijei, peguei o buquê e o admirei de perto.

- São lindas Rose, mas a minha rosa favorita continua sendo você.

Ela riu.

- Isso é a coisa mais gay que já ouvi.

- Surpresa, eu sou lésbica.

- Não sabia. - fingiu surpresa.

- Mas é sério, onde caralhos estão os paparazzis?

- Uma fonte anônima ligou informando a delegacia errada.

Eu sorri.

- Você é incrível, obrigada.

Eu a beijei novamente, sua mão desceu até a minha cintura e me puxou para mais perto, eu a segurava pelo pescoço enquanto sorria. Estava genuinamente feliz em tê-la em meus braços depois de um dia estressante. Meu celular vibrou no meu bolso, me afastei com muita relutância para atendê-lo.

- Boas notícias, a netflix decidiu não desistir do seu documentário. Você se tornou mais interessante ainda senhorita Linetti.

Abri um sorriso.

- Isso todo mundo já sabe.

- Faremos uma reunião para resolver os últimos detalhes.

Com a investigação, acabei não tendo a oportunidade de assumir meu namoro com Rosa, mesmo após fotos dela me acompanhando durante a investigação inteira terem sido postadas na internet, eu sentia que devia algo aos meus fãs. Gravamos um tik tok no dia seguinte. Hoje, dia 27/03 de 2030, eu tenho finalmente a oportunidade de mostrar o meu documentário para a nossa filha. Enigma foi adotada no final de 2023 com 9 anos, nós aguardamos seu aniversário de 16 anos para assistirmos juntas a minha história de amor com Rosa. Meu documentário foi lançado em 2024, nele retratei toda a minha trajetória até conhecer Rosa, claro que deixei os assassinatos de fora, ele vai muito além da minha carreira e história de vida, ele é uma homenagem para a minha esposa, casamos em 2024, dois meses antes do término das filmagens, fiz questão de ter o nosso dia especial registrado. Minha carreira nunca esteve melhor, ganhei 1 Oscar e 5 Emmys, e outros prêmios que gosto menos, porque ficam feios na minha prateleira.

- Tá pronta pra ter sua vida mudada pra todo sempre?

- Só dá play mãe.

Revirei os olhos, me aconcheguei em Rosa e fiz o que minha filha pediu.

O local estava escuro, apenas uma luz iluminava-o.

Tem algo a dizer?

"Sim", meu eu da televisão disse. "Espero que gostem das minhas histórias".



FIM


Autora: muito obrigada por terem lido, foi muito divertido escrever essa fanfic. Espero que gostem da próxima <333


P.S: todas as passagens com a data de 2030 são fragmentos do documentário.






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