XVIII

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•pov rosa•

05/07/2022

Eu revirava na cama, não conseguia dormir. Percebi Gina estender a cabeça e olhar para a minha cama. Fingi dormir, ela pegou o seu travesseiro e deitou ao meu lado. Enquanto se movia nos meus lençóis, seu cheiro adentrava as minhas narinas. Quis tocar em seus cabelos sedosos, mas me contive.

Ela se virou, reparou que eu estava acordada e arregalou os olhos.

- Eu, hum...

- Tudo bem, também não estou conseguindo dormir.

- Difícil dormir sem mim?

Revirei os olhos, mas como estava escuro, ela não viu. Eu apenas via sua silhueta. Meu coração estava acelerado. É agora ou nunca. Toquei em seu rosto, ela estremeceu nas minhas mãos. Me aproximei, Gina não se mexeu. Desci a mão até os seus lábios.

- Posso te beijar?

Senti ela assentir, mas mesmo assim, aguardei por uma resposta verbal.

- Me beija logo.

Meus lábios tocaram nos seus, eu os abri e pedi passagem para a minha língua, ela concedeu. Eu segurava o seu rosto enquanto a beijava, nós sorriamos entre os beijos e as mordiscadas.

- Eu suporto você. - falei quando voltei a me deitar.

- Eu também te suporto. - notei que ela sorria pela sua voz.

Me virei e dormi como um bebê. Acordei com Gina entrelaçada em meus braços. Não lembro de ter abraçado ela, mas não reclamei. Ela já estava acordada e mexia em seu celular, espiei por cima, ela usava o twitter. Tentei me aproximar, ela percebeu o meu movimento e olhou pra trás, eu sorri, ela retribuiu o gesto.

- Achei que fosse sair correndo, igual a última vez que me beijou.

- Tinha muita coisa em jogo. Nós éramos... - a palavra era "inimigas", mas não consegui pronunciá-la. Gina pareceu entender ou não se importou o suficiente.

- E agora? O que somos?

- Foragidas.

Ela tombou a cabeça, caindo em meu braço direito, só aí reparei que ainda a abraçava.

- Não foi o que eu perguntei. - disse ela me estudando.

- Aliadas?

Gina se levantou. Só assim pude voltar a sentir meu braço adormecido.

- Aonde vai? - perguntei observando-a abrir a porta.

- Não é da sua conta.

Ela bateu a porta. Eu ferrei com tudo.

•pov gina•

Finalmente fui capaz de retornar a ligação de Olivia.

"Graças a Deus, você me ligou!"

- O que aconteceu?

"A investigação diminuiu consideravelmente, boatos que semana que vem já vão desistir."

- O que isso implica?

"Contatei os seus advogados, eles estão se esforçando para retirar suas queixas."

- E quanto à Rosa?

"É mais complicado, ela traiu a polícia como instituição. Mas, eles estão averiguando."

- Eu não vou sem ela.

"Eu sei, me dê duas semanas."

Eu suspirei.

- Ok. Alguma notícia sobre o papel?

"Não enquanto você for procurada, mas a netflix quer fazer um documentário seu."

Senti o meu coração pulsar elétrico. A minha carreira não acabou, ainda tenho chance.

- Quando?

"Próximo mês, se tudo se resolver."

É bom demais para ser verdade: ter a mulher dos meus sonhos e voltar aos holofotes.

Ouvi Rosa abrir a porta do quarto, fechei mais a cortina da banheira.

- Preciso ir.

Desliguei antes de ouvir Olivia. Me sentei, com nojo, na banheira, abracei as minhas pernas e apoiei a cabeça nos joelhos. Me esforcei para chorar. Rosa abriu a porta.

- Gina?

Ela abriu a cortina.

- Desculpa, eu não sabia o que dizer. Pra ser bem sincera, não sei o que somos. Sim, somos foragidas e aliadas, mas não sei se somos algo a mais. É estranho que tudo isso tenha acontecido. Eu não sei se me permitiria me envolver com você em outras circunstâncias.

As lágrimas desciam o meu rosto sem esforço algum. Levantei o rosto, senti meus olhos arderem.

- Em outras circunstâncias? Tipo uma policial e uma assasina? Você não se envolveria comigo antes?

Ela não olhou para mim.

- É complicado, eu arriscaria o meu trabalho por você...

"E não se se valeria a pena." Rosa não precisou terminar. Eu me levantei.

- Eu não quis dizer...

- Esse é o problema, você não disse, mas mesmo assim, sei perfeitamente o que iria dizer.

Sai da banheira, ela segurou o meu braço.

- Eu gosto de você. - disse.

- Apenas nessa circunstância. - completei.

Ela me soltou, me tranquei no quarto o restante do dia. Encarei o meu celular, escrevi e apaguei dezenas de vezes a mensagem para Olivia. Mas por fim, mandei:

Gina: pode me buscar semana que vem, assim quando tudo se concluir.

Gina: não esperarei Rosa.

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