Capítulo 2

17 3 0
                                    

Em 1825, eu voltei para casa

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Em 1825, eu voltei para casa.

Durante a época na guerra, eu presenciei capítulos que eu preferiria morrer a ter que me recordar.

Meus pais nunca me enviaram nem sequer uma carta, eu poderia ter desaprendido a escrever.

Quando voltei para Londres, descobri que um dos caras que costumavam me zoar acabou por virar uma das vítimas desse tal killer.
...
O sangue deveria ser amargo assim como ele.

Descobri também que minha mãe havia falecido por conta da febre e que meu pai estava se drogando constantemente.

- Você não poderia ter morrido lá? Pelo menos seria um homem com honra seu mariquinha de merda. - ele dizia com a garrafa de whisky na metade.

A sala onde ele ficava morrendo a cada dia, estava com restos de cigarro no chão e cheiro de mofo.

No dia do meu aniversário, onde eu completaria 20 anos, decidi ir ao cinema. E foi lá onde eu a encontrei.

O cabelo dela era tão escuro quanto os troncos das árvore;
Seus olhos eram de um tom ferrugem com detalhes amanteigados;
Seus lábios... Ah eu viajaria até a estrela mais funda do universo por aqueles lábios. Suas bochechas rosadas.
Sua mancha no canto inferior da boca só vista quando muito bem reparada.
A e eu a reparava muito.

Durante o outono de 1825, eu passei a ir todos os domingos ao cinema à procura dela. Às vezes eu nem optava em ver algum filme, apenas ia para achá-la e dessa vez não iria deixar ela escapar.

Às 20:40, ela não apareceu.
Às 21:55, também não.
22:26...
23:10.

O inverno chegou.

JORNAL:
OS ASSASSINATOS SEM COMPAIXÃO CONTINUAM POR ATORMENTA
LONDRES.
O KILLER CONTINUA À SOLTA NAS RUAS A PROCURA DE MAIS UMA VÍTIMA.

!CUIDADO, NÃO ANDE NAS RUAS DE NOITE E PRINCIPALMENTE NOS BECOS ONDE O CULPADO MAIS UTILIZA COMO MATADOURO.
MANTENHA SEUS FILHOS EM CASA.

A rua em certo horário começava a esvaziar, por medo do escuro, por medo da morte.
Eu teria pena do homem que fosse me matar. Eu diria: "Aconselho que esvazie cada gota de sangue que corre no meu corpo, e use para qualquer seita ou pacto que esteja planejando."
Nada me assustava, a não ser pensar na possibilidade da jovem de cabelos escuros ter se tornado uma vítima.

Andando pela rua às 23:23, eu puxava a gola do agasalho mais para o alto para que pudesse tapar meu queixo.
Esfregando minhas mãos umas nas outras que estavam tapadas pela luva e ao mesmo tempo soprando elas.

O frio que estava me rodeando.

Assim como o jornal alertou, eu não andava pelos becos, e muito menos perto deles. Mas neste momento, eu não estava me importando com isso.
Mais uma vez, a jovem não havia aparecido, e mais uma vez, eu estava indo para casa de mãos vazias.
Na rua, o único barulho presente era das folhas das árvores se batendo por conta da ventania. Ninguém estava lá, e eu estava a poucos metros da minha casa.

Uma coisa que a guerra me ensinou foi nunca ter medo do escuro, porque é nele que você se esconde de si próprio e do seu inimigo, talvez você possa ser seu próprio inimigo.. No escuro é onde você não vê, onde o mundo te cega totalmente, mas em um mundo onde você não quer ser um covarde, você vai até o escuro que seu inimigo está e ataca ele antes que ele pudesse sentir sua presença.
E foi exatamente nisso que eu pensei quando os olhos vermelhos parados no fundo do beco me paralisaram.
Foi nesse momento que eu percebi quem era a presa e quem poderia ser o caçador. E naquele momento eu tinha certeza que eu não estava apto para caçar.

cybele

O Primeiro CullenOnde histórias criam vida. Descubra agora