CAPÍTULO 4 - ACONTECIMENTOS MISTERIOSOS

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  Já era noite, quando Anny chegou e encontrou Reynish em frente à Tv. Ela entrou, tirou os calçados e a capa de chuva molhada; colocou alguns salgadinhos e um refrigerante sobre a mesa, sentou-se ao lado dele e disse:

- O que aconteceu ontem? Por que chegou em casa naquele estado?

  Ele permaneceu com os olhos fixos na Tv e respondeu com voz calma:

- Eu precisava beber um pouco.

- Um pouco? Você chama aquilo de pouco?

- Ok, ok! Confesso que exagerei um pouco, meu bem. Mas não vai mais se repetir, eu prometo.

- Chegou mais cedo hoje?

  Ele engoliu uma coxinha e respondeu:

- Não!

- Então está de folga? -indagou ela após beber um gole de refrigerante.

- Também não!

  De repente ele desligou a TV, voltou sua atenção para ela, pegou em uma das suas mãos e disse:

- Preciso te contar uma coisa muito importante. Eu realmente queria ter te falado antes, mas não consegui.

- Pode falar, meu bem.

  Ele tentou falar, mas parecia que as palavras estavam presas em sua boca. Se sentia completamente decepcionado.

- Eu... -ele fez uma pausa. - decidi sair do meu trabalho.

  Anny ficou muda com a notícia, a sua cara de espanto era visível, ela soltou sua mão e disse:

- Eu não... não consigo acreditar!

- Calma... eu posso explicar.

- Por que não me disse antes Reynish? Sempre achei que entre nós não havia segredos, mas agora percebi que estava enganada.

- Meu bem.... eu ia te contar, mas antes não tive coragem.

  Ele fez uma pausa e acrescentou:

- E tem mais uma coisa.

  Cabisbaixa e com o olhar voltado para o chão, ela disse:

- Diga.

  Ele respirou fundo, seus olhos se encheram da lágrimas e com a voz falha ele disse:

- Vamos nos separar.

  Com os olhos voltados para o chão, ela começou a chorar. Ele se aproximou, passou a mão em volta do ombro dela, e começou a chorar também.

- Por que Reynish? Já estamos a 2 anos juntos! Por que tomou essa decisão assim de repente?

- Pro seu bem...

  Ela voltou o olhar para ele, se aproximou e disse entre as lágrimas que desciam pelo suas bochechas redondas e avermelhadas:

- Não! Eu não aceito! Só pode haver uma separação se ambos concordarem.

  Reynish se ajoelhou de frente à ela, segurou as suas mãos delicadamente; ambas tremiam, assim como seus lábios.

- Meu bem. Essa separação não vai ser permanente, é porque preciso de um tempo sozinho.

- Reynish, durante todo esse tempo, por que logo agora está dizendo isso? O que há de errado com você?

  Reynish sentou-se no sofá, em seguida deitou e apoiou sua cabeça sobre suas mãos e ficou bem próximo à ela.  E ele começou a dizer balbuciando:

- Eu... eu... estou enfrentando uma doença.

  Anny indagou completamente preocupada:

- Uma doença?

  Mais lágrimas desciam do seu belo rosto:

- Sim, mas não adianta eu falar, você não irá me entender. Mas quero que confie em mim, não sei quanto tempo vai durar, mas vou ficar bem.

  Ele foi até a gaveta, pegou alguns papéis brancos, e mostrou para ela, ele leu enquanto ele ficava em silêncio deitado com a cabeça apoiada sobre suas pernas. Anny começou a aciriciar os belos cabelos dele, e assim ele adormeceu rapidamente. Após terminar de ler se sentiu profundamente triste.
  Era mais de meia-noite quando Reynish acordou, se encontrava deitado num colchão na sala de estar, e ao seu lado estava Anny, com o braço em volta da sua cintura. Saiu devagar com muito cuidado, e seguiu até o quarto. Após chegar lá, acendeu as luzes, abriu as janelas, e parou por um instante para sentir a brisa suave tocar seu rosto.
   Foi até a penteadeira e começou a se olhar no espelho, sua surpresa foi grande quando viu uma carta em branco abaixo de seus olhos. Sem demora, pegou-a, abriu, e encontrou um envelope, que também estava em branco; receoso, ele a colocou no mesmo lugar.
  Pensou em acordar Anny para saber se ela era a responsável por aquela carta, mas mudou de idéia. Desceu até a cozinha, abriu a tampa da lixeira, e ficou surpreso com o que viu, estava vazia.

- "Mas eu tenho certeza que eu amassei aquela carta hoje e a joguei no lixo, nem eu e nem Anny tiramos o lixo hoje. - pensou Reynish apreensivo.

  Correu novamente até o quarto, e ficou completamente surpreso com o que encontrou, havia uma linda borboleta amarela e brilhante pousada sobre a carta, e em segundos algumas palavras começaram a aparecer em outro idioma, como se um fantasma estivesse as escrevendo lentamente. Ele ficou imóvel diante daquela situação, nunca havia presenciado algo tão estranho e ao mesmo tempo tão encantador.

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