CAPÍTULO 5 - PRIMEIRA VIAGEM

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  Reynish esfregou os olhos, achou que estava sonhando, mas era real, passou a mão pelos cabelos e ficou olhando fixamente para a carta, e começou a ler enquanto a borboleta voava de um lado para o outro.

"Para Reynish:

"Agora você pode não entender, mas em breve entenderá. Estou lhe escrevendo essa carta, pois é a única forma que tenho para me comunicar.
Não fique assustado, em breve iremos nos rever...

  Reynish fechou a carta e pensou:

- "Preciso ir ao médico, talvez seja o efeito dos remédios".

  Virou-se e foi em direção à saída do quarto, estava quase chegando ao corredor quando de repente a borboleta  começou a voar em volta dele. Ele fez um sinal com as mãos para espantá-la, mas não teve sucesso, até que ela lentamente pousou sobre sua mão direita, ele olhou-a fixamente, parecia estar hipnotizado, um choque repentino tomou conta de todo o seu corpo, ficou como uma estátua, parado, sem conseguir se mover, seguido de uma ventania muito forte que entrou pela janela. E em segundos, foi teletransportado para outro lugar.
  Assustado, Reynish rapidamente abriu os olhos, já não se encontrava mais no mesmo lugar, estava deitado sobre um gramado verde e macio. Acima avistou um céu azul claro repleto de nuvens claras, e ao redor borboletas de várias cores sobrevoavam acima dele. Sentia uma paz indescritível, estava encantado, como se estivesse em outro mundo, um mundo perfeito.
Um sujeito branco, cabelos grisalhos, alto e barbudo apareceu e o observou de cima.
Reynish ficou pálido, mudo, sem conseguir dizer uma palavra, o sujeito se agachou ao seu lado e abriu um sorriso radiante.

- "Estou extremamente feliz por rever você!"

  Com os olhos "grudados" no homem, devagar Reynish se levantou, e ambos se abraçaram forte. Lágrimas começaram a descer de seus lindos olhos, suas mãos tremiam, e sentia como se fosse sua primeira vez no mundo, como um bebê que acaba de nascer.

- Também estou extremamente feliz por revê-lo, pai.

  Clark, pai de Reynish sempre fora um pai presente, até o dia em que foi para a guerra e não retornou mais. O filho ficou profundamente abalado com a morte do pai, pois esperava ansiosamente o seu retorno para casa.

- Pai, mas o senhor se foi.
Como é possível? Estou sonhando?

  Ele riu.

- Filho amado, sou eu mesmo, seu verdadeiro pai; lhe escrevi aquela carta, estava ansioso para revê-lo, e agora estamos aqui, frente à frente.

  Trêmulo, ele tocou o rosto de seu pai com uma das mãos, e balbuciou:

- Estou sonhando...

- Não filho, você não está sonhando.

  Reynish olhou ao redor encantado.

- Onde estou?

- Não se preocupe! Logo você irá descobrir. Me acompanhe, quero que reveja mais algumas pessoas.

  Reynish o acompanhou, andaram juntos até a beira de um lago onde havia alguns patinhos nadando e pessoas sentadas de costas ao redor dele, dentre elas estava um garotinho  mediano.
Ao ver que se aproximavam, ele se virou, se colocou de pé, e correu em direção à eles.

- Pessoal, esse é Reynish! Mas creio que vocês já se conhecem!

  Eles se entreolharam, Reynish estava completamente surpreso e confuso. Todos ali, na sua frente, o olhava  como estátuas, as lágrimas brotavam  em seus olhos. De repente o garotinho se aproximou e o abraçou, nesse exato momento, diversas memórias vieram à mente de Reynish. Aquele abraço lhe era familiar, era como o abraço do seu primeiro amigo, que havia partido há mais de 2 anos atrás, e de fato era.
  Confuso, Reynish indagou para seu pai:

- Pai, que lugar é esse?

- É um lugar que nem todos conseguem chegar, filho. Todos aqui são pessoas que vieram do outro lado.

- Do outro lado?

- Sim, do mundo dos vivos.

Entre duas vidasOnde histórias criam vida. Descubra agora