CAPÍTULO 9 - DILEMA

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    Uma brisa suave atravessava o quarto através da janela entreaberta, raios de sol adentrava o local causando a sensação de um calor confortável. Sonolento Reynish abriu os olhos, um dos seus braços estava em volta da cintura de Anny e o outro sobre os cabelos dela, ela dormia profundamente sobre seu peito seminu.
   Cuidadosamente começou a acariciar os cabelos dela enquanto sentia um desejo intenso de beijá-la novamente. Se aproximou, estava a ponto de encostar seus lábios nos dela, quando de repente escutou alguém bater à porta.

- "Quem será a essa hora?" -pensou ele.

  Vestiu-se rapidamente e abriu a porta, do outro lado não havia niguém e o corredor estava completamente vazio. 
Voltou-se para a cama, e sentou-se pensativo; sua esposa acabara de acordar.

- Bom dia bebê! -disse ela com um sorriso.

- Bom dia, meu bem!

  Em seguida ouviram mais duas batidinhas na porta. Ela se levantou e rapidamente vestiu sua roupa. Rey foi atender, era o mordomo, com um enorme sorriso segurando uma bandeja recheada de guloseimas. Ele entregou para Reynish e se retirou. Anny levou uma cartela branca até Reynish, abriu, tirou um comprimido e colocou em sua boca.

- Primeiro tome seu remédio, meu bem! Quero que melhore.

  Reynish agradeceu e sorriu. Após degustarem tudo enquanto assistiam a um filme de romance, foram até a piscina que ficava na parte de baixo e se divertiram bastante.
  À tarde, passearam pelo jardim e voltaram para o quarto e encontraram mais outras inúmeras guloseimas. Enquanto degustavam  sentiam um vento suave passear entre eles, inesperadamente a borboleta amarela adentrou o local e começou a rodar em volta deles. Reynish logo a reconheceu, se aproximou dela e começou a segui-lá. Quando se deu conta já estava na beira da janela, Anny correu em direção a ele, e rapidamente o puxou pela cintura e o segurou. Ela quase bradou:

- Rey! Perdeu o juízo:

   Ele se virou de frente para ela em silêncio e disse:

- Agradeço por se preocupar, meu amor. Eu realmente me arrisquei, pois queria alcançar aquela borboleta.

- Acho que sua mãe tem razão, você está tendo alucinações. Talvez esteja enlouquecendo, acho melhor chamar um médico.

  Ela o soltou e seguiu em direção ao telefone, mas ele a impediu a puxando  pela cintura para perto de si. Abriu um sorriso e disse com os olhos fixos nos dela.

- Sim, meu bem. Acho que estou ficando louco, louquinho de amor por você.

  Em segundos se beijaram intensamente, e sem perceber a borboleta havia voltado e acabara de pousar sobre o ombro de Reynish. Ele caiu desacordado sobre a cama atrás de si, ela o chamou várias vezes, mas ele não reagia, a borboleta fugiu, Anny ficou completamente preocupada e decidiu ligar para um médico.
  Em alguns minutos o médico chegou, checou as pulsações de Reynish e disse:

- É grave! Temos que levá-lo para o hospital agora mesmo ou será tarde de mais.

  Levaram ele e Anny foi junto. Após chegarem lá, o doutor dispensou Anny e disse que Reynish teria que ficar numa sala isolada sem receber visitas, pois iria para a UTI. Anny voltou para casa carregada de lágrimas, mas com a esperança de que ele ficaria bem.
 
                       *********

  Reynish estava submerso novamente no jardim cheio que flores, o sol estava intenso, mas se sentia confortável. Se levantou e viu que seu pai estava sentado à beira do rio, ele foi até lá e se sentou ao lado dele.
Ao vê-lo, ambos se abraçaram forte.

- Filho, que bom te ver novamente! Precisamos conversar.

- Igualmente pai!

  Ele segurou umas pedrinhas nas mãos e disse enquanto as lançava contra a água:

- Creio que esteja gostando daqui.

- Estou sim, muito. Aqui é um lugar muito diferente, sinto uma paz profunda. Mas às vezes penso que não é real.

  O homem riu e falou após colocar uma pedra sobre uma das mãos dele:

- É claro que é real! Feche a mão! Consegue sentir essa pedra?

  Reynish afirmou.

- Meu filho querido, tudo aqui é real. E hoje você terá que tomar uma decisão que será muito difícil para você.

  Ele fez uma breve pausa e prosseguiu:

- Terá que escolher. Viver na outra realidade ou nessa. Se escolher viver aqui, não poderá mais voltar, mas terá todos os que partiram de lá aqui ao seu lado. E se continuar vivendo lá, não poderá mais voltar aqui por tempo indeterminado.

- Pai, aqui o lugar para onde vem as pessoas "boas"?

- Sim, filho.

- Então a chance de eu retornar quando chegar o momento é uma probabilidade caso eu decida ficar do lado de lá?

- Exatamente.

Em seguida, Márcio, seu irmão, chegou, apoiou uma das mãos sobre o ombro dele e sentou ao seu lado.

- Espero que você faça a escolha certa, irmão.

  
 

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