The impossible

Beya

AS PAREDES de concreto me engoliam, me prendiam e amassavam.Era a maior tortura que um ser humano poderia suportar, o caos estava instalado naquela sala, o terror, o ódio.Tudo que seres de bem abominavam em um ser vivo, tudo isso se resumia a Adam.
Adam é o comandante supremo da Now, a agência
mundial secreta.Ela comanda a CIA e todas as Nações Unidas, junto com todo o serviço inteligente terrestre e marítimo mundial.
Todas as ordens mais importantes do mundo foram executadas lá.Ninguém pisa na sede da Now sem ter um microchip injetado no cérebro, rastreando até o caminho que o sangue faz até o coração.

Quando pessoas como Adam te convocam, você pode estar no meio de uma cirurgia, mas terá que comparecer.

Acabei de ser convocado por ele.Fui levado às pressas até um helicóptero, sendo empurrado e encurralado por perguntas  idiotas lá dentro.
Meu cabelo estava molhado, minhas roupas encharcadas, meu corpo tremia a cada segundo.

Quinn não fazia ideia que eu não iria voltar para aquele quarto tão cedo, não sabia que agora eu estava a caminho do castelo dos horrores.

Rezo para que ela não saia do quarto, rezo para que eu volte rápido e leve jantar a ela, rezo para ter mais cinco segundos no estado em que estávamos.

Sentindo sua pele, seu corpo, seu calor e sentimentos.

-Chegamos a Catedral, senhor.-Um homem diz, fazendo uma referência para mim.

Não gosto de referências, não gosto do modo como as pessoas fazem questão de expressar que são mais baixas que as outras, tanto hipoteticamente como moralmente.
Passei minha vida toda vendo isso, apreciando as referências e saudações.
Sentia apresso pelo modo como todos me respeitavam, mesmo sabendo que a maioria dessas pessoas queriam que eu amanhece morto.

Respiro fundo antes de descer do helicóptero, minha mente vira um laboratório cheio de líquidos e fórmulas complexas, me sinto uma criança de dois anos em uma aula de química.

Um carro me leva até a entrada da casa, mesmo que o corredor do jardim tenha uns 20 metros contando desde o heliponto, eles insistem em fazer o caminho com um veículo, parecendo primatas que não exercem a função dos pés corretamente.

Esse lugar recebe reparos desde o século 16, as paredes contém sangue de muita gente inocente, acho que todas as pessoas que morreram se sacrificando em prol dessa construção-ridiculamente gigantesca-,colocaram algum tipo de praga nessas paredes.
Sei disso porque vivi aqui dentro por 17 anos, fadado a me torturar por 6205 dias interruptos, com o sangue escorrendo por essas paredes, os ossos se estilhaçando no chão, o cérebro de desfazendo enquanto meus olhos eram esmagados pela agonia que esse lugar causava.

Os quadros e esculturas na entrada são os mesmos, os milhares de criados correndo pela casa também. Um corredor extenso cheio desses objetos se estende até o início da sala de estar, onde um piano e um sofá apodrecem , apreciando o fogo da lareira e a própria solidão.

Gosto de pensar que os móveis estão sofrendo, acho que é certo pensar desse modo. Móveis são as maiores testemunhas do caos, guardam segredos tão obscuros e o melhor de tudo.
Só são descobertos quando apodrecem.

Móveis, objetos sem vida e superficiais.
São a personificação humana, de toda sua estupidez e crueldade.

Adam está no terceiro andar, no escritório dele.Não encosto as mãos em nada enquanto ando, sei que vou ter que cortar meus dedos se ousar fazer isso. Tenho um nojo profundo guardado em uma das gavetas da minha mente, um nojo que quase sempre está presente em meu corpo.

Subo as escadas rápido, observando cada detalhe da mansão...Tudo perfeitamente limpo e organizado.A casa está tão horrenda como era quando eu morava aqui.Posso ouvir mais que perfeitamente os gritos, a tortura, a imensidão de sofrimento que esse lugar tornou-se, tudo que Adam me obrigou a fazer, me obrigando a fazer oque eu menos desejava.Sobreviver aqui dentro.