"Não torne isso difícil, Adam..."Minha mãe diz, tocando a gravata dele e encostando a testa em seu peito.
Ela suspira, o que torna tudo perigoso demais, já que meu pai odeia vê-la cansada e deprimida; mesmo que tenha passado a vida toda assim...—Não.—Agora e ele quem suspira, quem resmunga e contra-ataca.Seus olhos estão prestes a ficarem odiosos demais, loucos demais. Ele está procurando por ela, está chamando por ela, e se enraivasse ao não encontrá-la.—Não, não, não.—Repete; mais para si mesmo, beija a cabeça dela, várias vezes em um segundo.—Eu...Eu salvei você, eu te libertei, Beya.—Seus olhos correm de um lado para o outro.—Não pode ir embora.
Vagarosamente, mamãe ergue a cabeça para encontrar seu olhar.Com o lábio inferior tremendo, suas mãos empurram seu rosto para longe, tocando a bochecha.
—Adam.—Soa como um pedido, uma despedida.
—Não.
—Adam.—Sussurrando, seus olhos encontram os meus.
Uma criança, com um brinquedo na mão, sentado no sofá da sala.
Somos muito parecidos, idênticos praticamente.Seu cabelo é como o meu, os olhos são como os meus, o sorriso é o meu sorriso.
Mamãe sorri para mim, mas é tão falso que ela se envergonha disso e recolhe o sorriso.Em um desses intervalos de tempo dolorosos, as mãos de Adam correm pela cintura dela, sobem os seios e então, agarram o pescoço, com força.
Um homem forte e alto, sabia bater e sabia se defender, mas tudo bem...Foda-se que ele sabe lutar como ninguém, ele é um homem, tem o dobro do tamanho dela.
Levanto no sofá com um pulo, correndo até eles para salvar minha mãe.
Me lembro disso.—Solta ela!—Bato em seu joelho, grito e grito e esperneio.As mãos de Beya seguram meu cabelo, empurram minha cabeça para longe enquanto eu, tolo e idiota, tento protegê-la.
—Adam...—Ofega, segurando as mãos dele em torno do próprio pescoço.—Vinnie...Adam, Vinnie.—Parece estar se sufocando, continuo chutando e batendo nele mas ele me ignora.—Vinnie está aqui...Por favor, eu...—Sua voz acaba comigo, o jeito como ela morre durante isso tudo, como sinto um pedaço dela cair no chão e quebrar.
Meu pai a solta, dá dois passos para trás enquanto ela cai no chão.
Corro para abraçá-la, fazendo carinho em seu pescoço e mexendo no cabelo. Sei que mamãe estava chorando nessa hora, me lembro de ouvir resmungos e de sentir-me tão triste quanto ela.—Não pode destruir nossa família, Beya!Veja oque você está fazendo! Eu salvei você, sua ingrata do caralho!—Meu pai serra os pulsos, olha para ela e então percebe a merda que fez, como sempre.
O corpo dela amoleceu em meus braços, os ombros relaxaram e as pernas não tinha mais força.—Mamãe?—Chamo-a, balançando seu rosto desacordado.—Mãe?
Adam se aproxima em dois passos, mas não quero que ele fique com ela, não quero suas desculpas nem resmungos.
Quando ele se aproxima o suficiente, quando suas mãos estão prestes a levantá-la, eu grito.
Peço que não se aproxime, explico que, não pode enforcar ela desacordada, que isso é injusto, que ela não pode se defender nem argumentar,E então, em anos.Vejo meu pai enrubescer pela primeira vez, assisto-o ficar com vergonha.
Adam abre a boca uma vez, tenta dizer algo mas nada sai, então ele pisca, diversas vezes.
Olha para Beya, olha para mim.—Vinnie.—Diz, trêmulo e vergonhoso.
Meu pai se levanta rápido, caminha até a porta e então sai por ela, com passos firmes.
Queria que estivesse correndo de alguém agora, não dele mesmo.

VOCÊ ESTÁ LENDO
The impossible
Storie d'amoreQuinn Boeth, uma garota de 16 anos, acaba descobrindo que os pais que não aparecem em casa quase nunca, são agentes especiais.Tomada pela curiosidade e pela raiva, ela vai até a agência onde os responsáveis trabalham e procura por eles.A garota acab...