1. espingarda

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"Uma onça pintada e seu tiro certeiro deixou os meus nervos de aço no chão." - Alceu Valença

Yoongi não tinha o hábito de abrir os olhos assim que acordasse

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Yoongi não tinha o hábito de abrir os olhos assim que acordasse. Primeiro ele pensava no que teria que fazer se abrisse os olhos, porque se abrisse, não conseguiria voltar a dormir. E às vezes tudo que ele queria era voltar a dormir, coisa que ele fazia quando seus primeiros pensamentos o lembravam que era domingo.

O pensar antes de abrir os olhos foi bem útil naquele momento, os poucos segundos para despertar o cérebro foram suficientes para ele perceber que não estava onde deveria estar. Continuou de olhos fechados tentando lembrar que lugar poderia ser aquele, mas o que voltou a sua mente foi o grito para sair do carro.

Ele saiu do carro, porque não era burro a ponto de tentar reagir a um assalto. Lembrou de sair do carro e... só. Aparentemente levar tudo não era o suficiente, precisaram apagar ele também.

Precisava descobrir onde estava. Sem abrir os olhos, percebeu que era um local silencioso e que ele estava deitado em um colchão nada confortável. Se ele estava em uma casa, aquilo era mais que um assalto, era um sequestro. Caralho. Podia se imaginar deitado e amarrado no canto de um barraco no fim do mundo.

Mas aí percebeu que não estava amarrado. Tentou se mexer um pouco só para ter certeza, bem devagar para que ninguém percebesse que ele estava consciente. Se percebessem que ele estava acordado, fariam perguntas ou bateriam nele até que apagasse de novo. Ou os dois. Melhor ficar imóvel. E de olhos fechados.

Sem a visão, ele precisaria apelar para seus outros sentidos apurados de alfa. Não gostava muito de ter que agir como um bicho, que era o que ele pensava de toda a questão da descendência lupina. Aquilo nem precisava existir mais, ninguém morava no meio do mato lutando com os outros por território e sobrevivência. As pessoas não precisavam mais agir daquele jeito.

De qualquer forma, ele precisou mesmo usar o olfato para descobrir se estava sozinho naquele lugar, que ele não fazia ideia de onde era.

Não estava.

O cheiro da outra pessoa ali era tão bom que ele quase esqueceu que estava numa situação literalmente de vida ou morte.

Algo entre morango e framboesa e mais alguma coisa. Cereja. Frutas silvestres. Talvez todas juntas, formando um aroma doce muito agradável. Era um ômega ali com ele, sem dúvidas.

E a julgar pelo cheiro ficando cada vez mais forte, estava se aproximando. Yoongi ficou imóvel, parou até de respirar.

Sentiu a pessoa sentar perto dele no colchão e logo as pontas dos dedos tocarem sua testa da maneira mais suave possível, como se tivesse receio de encostar. Os dedos desceram por suas têmporas, foram para as bochechas, nariz, queixo. Se permitiu voltar a respirar devagar. Quem quer que fosse, não parecia estar interessado em machucá-lo, era mais como uma curiosidade. Quando os dedos chegaram em seus lábios, Yoongi se mexeu e a mão se afastou de seu rosto. A pessoa logo levantou e se afastou também.

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