Asleep - Parte 2 | E.M

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Você tocou a campainha e esperou por uma resposta. Após alguns segundos, Eddie abriu a porta e lhe lançou mais um de seus sorrisos. "Entre." Ele disse, dando espaço para a garota. "Então...este é o meu castelo. Desculpe a bagunça, a empregada está de férias." Eddie falou, tirando alguns papéis de cima de uma cômoda.

"Não sabia que morava sozinho." Você comentou, olhando para todos os lados do trailer apertado. "Na verdade, moro com meu tio. Mas ele trabalha à noite na fábrica. Por isso não o vê." O Munson disse.

"Certo, o que quer fazer agora? Aluguei alguns filmes na locadora, tenho fitas e quase certeza de que há milho para pipoca em algum dos armários." Eddie questionou, espiando a cozinha. "As fitas me parecem legais." Você falou.

"Claro. Espere um pouco aqui." O Munson saiu pelos corredores, indo em direção a um dos quartos. "Metallica lançou um álbum há pouco tempo. Não minto quando digo que é uma verdadeira obra prima!" Eddie exclamou do quarto, sua voz alta para que ela pudesse escutar.

De repente, você sentiu um arrepio subir por sua espinha. As cortinhas balançaram por conta vento que chiava. Uma badalada fez você olhar pela janela, correndo para fechá-la ao escutar o som outra vez. "Eddie?" Você chamou, aproximando sorrateiramente de seu quarto. "Você achou as fitas?" Você empurrou lentamente a porta ao não obter nenhuma resposta.

Seus olhos marejados se arregalaram com o que via.

O Starcourt Mall estava exatamente igual desde a última vez em que o vira. "O quê?" Você sussurrou, assustada. O lugar estava destruído, as cadeiras dos restaurantes derrubadas, assim como as mesas, vidros quebrados e lojas reviradas. Você odiava o Starcourt. Você apertou os olhos, encolhendo o corpo.

"Isso não é real. É só um sonho." Você cochichou a si mesma, uma lágrima assustada escorrendo pela bochecha avermelhada. Subitamente, um grito de desespero soou pelo lugar, o eco enchendo seus ouvidos.

"Olá?" Você chamou, hesitante, procurando a origem do ruído. Se aproximando do centro do Shopping, você pôde ver uma silhueta caída no chão. "Billy?" Você soltou um soluço, aterrorizada. O rapaz balbuciou algo inaudível, a fazendo agachar-se ao seu lado para poder escutá-lo.

Billy tinha machucados profundos pelo corpo, um sangue escuro e viscoso escorrendo dos mesmos e pela boca. "S/A..." - O Hargrove sussurrou, agarrando sua mão. De repente, ele a segurou com força. Você balançou o braço, querendo se soltar, mas o aperto apenas ficava mais forte. "Desejava mesmo que isso acontecesse comigo, S/N?" - Billy perguntou.

Seus olhos eram brancos e completamente sem vida. "Desejava, S/A?" - O rapaz proferiu outra vez, irritado. Você balançou a cabeça. Aquilo não era real, você tinha de se lembrar. Aproveitando o momento em que Billy afrouxara o aperto, você se levantou, afastando-se do corpo de seu irmão.

"Eddie!" Você gritou por ajuda, sua garganta rasgando enquanto o eco se espalhava pelo lugar gigantesco. "S/N..." A voz assustadora soou pelo ambiente. Ao ver uma silhueta estranha aproximando-se lentamente, você começou a correr. "Eddie!" Você gritou outra vez.

Ao correr por todo o Shopping, você encontrou uma porta. O Starcourt Mall sumira, sendo substituído pelo Hospital Hawkins. As paredes do lugar eram manchadas com sangue e inúmeros corpos estavam espalhados pelos corredores. Aqueles eram médicos e enfermeiras do local, todos mortos pelos devoradores no ano anterior.

Você piscou duas vezes, sentindo os olhos pinicarem pelas inúmeras lágrimas que lá se formavam. Subitamente, escutou passos pesados vindos de um corredor escuro e vazio. Um rugido escoou pelo lugar.

Ao ver a gigantesca sombra crescer no final do corredor, você começou a correr desesperadamente. "Eddie!" Você gritou por ajuda. Você sabia que ele não a escutaria e aquilo a matava por dentro. "Por favor!" Sua garganta ardeu. As lágrimas escorriam pelas bochechas e queimavam seu rosto.

No fim de um corredor, uma porta. Mas ela estava completamente fechada por estacas de madeira. "Filho da..." Você xingava enquanto usava toda sua força para soltar a porta. "Deus!" Você berrou enquanto tirava a segunda estaca.

"S/N..." A voz assustadora da criatura soou atrás de sua cabeça. Ele estava se aproximando. "O que está fazendo?" Ele caminhava até ela. "Está na hora... de seu sofrimento acabar..." O monstro falou. "Não!" Você gritou, sentindo seu corpo ficar estático enquanto ele chegou perto de sua face. Ele estendeu uma das mãos na frente de seu rosto, seus olhos assustados aparecendo por entre os dedos da criatura. "Não!"

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"Encontrei." Eddie surgiu do corredor, mas foi lentamente parando ao ver a menina estática. "Olá, S/N?" O Munson se aproximou da Hargrove, passando a mão na frente de seu rosto, esperando que ela despertasse. "Acorde, S/N. Ei, alô?" Ele estalava os dedos e balançava as mãos, já assustado. As luzes do local começaram a piscar de repente, Eddie olhou para os lados, com medo.

"S/N!" Ele gritou, chacoalhando a menina, tentando a tirar de seu transe. "Hora de acordar. Consegue me escutar?" Eddie bateu palmas, afobado. "S/N, acorde!" Ele bateu levemente nos ombros da menina. "S/N, acorda! Não estou gostando disso, S/N!" O Munson gritava, aterrorizado.

"S/N! Acorde agora, S/N!" O Munson segurou seu rosto, dando tapinhas nas laterais. "Por favor! Consegue me escutar?" Ele sentia um nó preso na garganta. A garota, de repente, começara a levitar. As mãos de Eddie caíram de seu rosto e tudo ficou quieto.

Eddie arrastou o corpo para trás, com medo do que poderia acontecer. A Hargrove foi puxada para o teto, batendo suas costas com força. Eddie soltara uma exclamação de susto, encarando você com olhos arregalados. "S/N? Jesus Cristo!" Eddie gritou.

Todos os ossos da menina se torceram e se racharam, sua mandíbula foi tirada do lugar, deixando a boca aberta de um jeito humanamente impossível. Seus dedos estavam virados, assim como seus braços e pernas. Seus olhos foram puxados como se alguém tivesse feito isso por dentro de seu crânio. Algumas lágrimas caíram dos olhos assustados de Eddie e, com um grito estridente, o Munson deixou deu trailer.

Em sua cabeça, milhões de pensamentos enquanto corria até sua van.

Vão pensar que a matei.

Correrão atrás de mim.

Eu a deixei.

Covarde!

Na manhã seguinte, a família Mayfield acordara com a notícia da morte de S/N Hargrove. Max se sentou nas escadas da entrada de seu trailer, as lágrimas quentes queimando suas bochechas enquanto uma dor em seu peito crescia cada vez mais. Susan, que também chorava, puxou o corpo da filha pelos ombros e a abraçou fortemente.

Uma parte em Max havia morrido naquela manhã. Você era a pessoa a quem ela mais amou, mas, agora, você havia partido. Porém, Max não sabia que a maldição de Vecna se espalhava por Hawkins e que a morte de sua irmã seria a primeira de muitas naquele ano.


Imagine autoral

@mortalprojections

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