CAPÍTULO 8

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Acordo com a respiração calma de alguém em minha pele, me viro delicadamente e sinto um corpo remexer junto ao meu.

- Bom dia. - Fala olhando em meus olhos.

- Bom dia. - Respondo por estar um pouco desconsertada, não pretendia dormir com ela. Quero dizer, pretendia dormir com ela, mas não dessa forma. O cabelo ondulado levemente bagunçado, os olhos amendoados e redondos se adaptando a luz, é incrível como ela ainda é estranhamente igual enquanto eu nem sou mais reconhecível a ela.

- O que foi? - Indaga sentando na cama.

- Como assim?

- Você está me encarando a dois minutos sem nem piscar. - Ri procurando sua blusa em meio as roupas jogadas pelo chão.

- Desculpe. - Sorrio sem graça. - Estava pensando em uma coisa.

- Espero que não fosse em alguém. - Veste a camiseta larga que chega em seus joelhos. - O que quer para o café?

- Não precisa se incomodar, já estou indo. - Digo levantando esquecendo completamente que estou nua. Alissa me observa de cima a baixo, seus olhos estão fixados em meu corpo como se o desejasse mais.

- Tem certeza? Posso fazer algo. - Ela se aproxima e coloca as mãos em minha cintura, puxando-me para perto, deixando nossos rostos a milímetros de distância.

- Tenho um evento para ir, Maxine deve estar louca atrás de mim a essa hora. - Me desvencilho mesmo que não queira. Procuro meu celular e de fato Max está atrás de mim, há doze chamadas perdidas dela.

- Ah, que pena. - Alissa pega o aparelho de minha mão e entra na lista de contatos, salvando o que acredito ser seu número. - Caso queira me ver mais vezes sem precisar ir até meu restaurante. Porém saiba que adoraria recebê-la lá.

- Com certeza irei querer te ver mais vezes. Não se preocupe com isso. - Entro no banheiro e ligo o chuveiro para um banho rápido antes de sair.

- Posso te levar até sua casa se quiser. - Oferece assim que visto minhas roupas em seu quarto.

- Até recusaria a proposta, porém estou extremamente atrasada e quanto mais rápido chegar menores as chances de Maxine querer se demitir como minha empresária. - Ela pega as chaves do carro em cima do balcão e segue pelo apartamento me levando até o lado externo. O som de uma nova ligação chega em meus ouvidos e dessa vez atendo.

- Onde você está? - Max grita estressada do outro lado da linha.

- Indo para casa. Muito atrasada para o evento?

- Extremamente. São onze horas, ele começou as nove, todos estão perguntando por você!

- Mande um carro para casa, chego aí em trinta minutos.

- Lucy está doente e não consigo arrumar um motorista tão rápido, dê seu jeito e chegue aqui. - Desliga antes que eu consiga dizer algo.

- Está tudo bem? - Alissa olha de relance para mim enquanto para no sinal.

- Consegue me levar até o outro lado de Nova York?

- Claro, algum imprevisto?

- Duas horas atrasada para o evento de caridade. A maioria dos doares está lá somente para me ver e tentar fechar algum contrato com alguma de minhas empresas.

- Não deveriam estar pela causa? Ajudar aos necessitados é mais importante do que ter um contrato ou ver uma celebridade qualquer.

- Celebridade qualquer? - Viro o rosto em sua direção.

- Perdão, não quis te chamar de qualquer, mas sim dizer que vão atrás de toda pessoa meramente famosa ao invés de realmente se preocupar com o motivo da ação.

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