Se não fosse você...

CAPÍTULO 2

PRESENTE

Abro o papel e nele a letra que reconheceria sem nem ao menos olhar por uma segunda vez carrega oito palavras, um endereço e um horário. "Realmente, me perdoe. Me encontre aqui, por favor, 37 E. Victoria St, 20:00" Alissa sempre foi assim, seu profissionalismo é impecável e pelo que conheço dela, ou conhecia, com certeza esse deve ser o endereço de algum café recluso onde ela possa se desculpar da forma certa por ter permitido que paparazzis invadissem minha privacidade, no fundo ela só está preocupada com o que irei falar de seu restaurante na mídia, um comentário ruim a respeito e seus clientes evaporariam como água em um dia quente. Levanto de minha cadeira e sigo até a passagem que dá acesso a rua, uma chuva de flashes atinge meu rosto assim que coloco o nariz do lado de fora, meus seguranças se fecham em torno de mim me conduzindo até a limousine preta que está a minha espera.

- Eu te disse que essa era uma péssima ideia. - Minha irmã -e também minha empresária- diz assim que sento ao seu lado.

- Como você... - Maxine não me deixa terminar a frase e aponta o tablet quase que em minha cara. Uma foto minha está estampada em uma matéria intitulada "Eve Clarke a procura de novos ares? Entenda tudo pós relacionamento da nossa atriz favorita."

- É apenas uma matéria, estava sozinha, não pode ter nada de ruim.

- Eve estávamos tentando te manter fora das câmeras até o lançamento do novo filme, tudo estava combinado com a campanha de marketing, você só deveria aparecer em alguma matéria quando fosse sobre o filme.

- Não posso evitar que as pessoas tenham mais interesse no meu relacionamento fracassado do que nesse filme terrível que fui obrigada a fazer.

- Não vou discutir sobre isso novamente. Lucy, por favor siga até o evento beneficente.

- Eu não vou. - Digo em tom baixo na esperança que ela não escute.

- Como é? - Sua raiva é notável no tom de voz, poderia dizer que está prestes a cravar suas unhas em minha garganta.

- Não vou. Tenho que fazer uma coisa as 20:00.

- Eve, espero de verdade, do fundo da minha alma e do meu coração que isso não tenha nada a ver com a Alissa. Por que caso tenha, existe um rico gigantesco de que eu te jogue de dentro desse carro em movimento. - Não respondo e ela de qualquer forma já saberia a resposta.

- Só permiti que você fosse até aquele restaurante por que imaginei que ver como ela estava bem te faria acordar para a realidade e ver que já se passaram dez anos. A vida dela andou, foi para frente e você é a única que se prende a esse passado.

- 37 E. Victoria St.

- O que?

- Vou encontrá-la na 37 E. Victoria St.

- Ela te reconheceu? - Pergunta e parece perplexa.

- Max, sou Eve Clarke, é meio difícil não me reconhecer.

- Não você, a Jade, ela reconheceu a Jade? - Sinceramente adoraria saber.

- Tenho quase certeza que não. Tanto que só irei me encontrar com ela pois acredito que esteja com medo de que avalie mal seu estabelecimento por causa das fotos tiradas sem minha permissão.

- Pelos céus, que ela não faça ideia de quem você é. Sua carreira estaria em jogo, tudo que conquistou até aqui, maldita hora que fui concordar com essa maluquice.

- Está dez anos atrasada querida, você parecia super empolgada naquela época.

- Com certeza, nunca achei que daria certo. - Fala relaxando o corpo no assento acolchoado.