Chapter six: Flutua

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Sei que isso foge da "regra" da fanfic. O título leva sempre o nome de uma música do Queen ou do David Bowie. Mas hoje é diferente.

Esse capítulo é mais curto que o normal e foi escrito para ler com calma. Respirem fundo.

Assistam o clipe na mídia quando puderem. Vocês não irão se arrepender, eu juro.

Boa leitura.

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Harry

DIA 1.

Corri rápido. Chorava de vergonha, medo e um desgosto louco. Segurei firme. Agarrei aquela pequena chama me prometendo cura e corri. Tentei manter a calma. Não fiz nada demais. Absolutamente nada. Eu tinha tudo sob controle. Ainda dava tempo de consertar.

Quando cheguei, não era tarde. A casa estava vazia e eu sabia onde eles estavam. Me dei conta então de que ele não estava comigo. Ele não escutou meu perdão e não me segurou. Ele estava lá com eles, com os bons, com os amadores. E eu juro, senhor, que foi apenas um deslize. Eu juro, senhor. Não vai acontecer de novo. Não me deixe sozinho. Me perdoe. Me perdoe.

Eles chegaram em seguida, e logo depois estavam todos dormindo.

Peguei uma revista estúpida escondida embaixo da cama. Fotos ruins de um mundo agressivo que me assustava. Minhas mãos tremeram quando comecei a folhear e pensei que cairia quando me levantei para trancar a porta do quarto. Apaguei as luzes. As mãos desceram rente as calças já desabotoadas. Fechei os olhos.

Por alguns minutos, me convenci daquela verdade, mas depois, depois o peso do mundo caiu sobre o meu peito. Aquele não era eu. E ele nem sequer saiu da minha mente. Por nenhum segundo daquela humilhação que me fazia querer me esconder de mim. As revistas não fizeram nada. Preciso confessar a sujeira da minha mente asquerosa e o meu corpo jovem e pecador demais. A revista até mesmo pareceu pura diante de mim.

A bagunça em minha barriga nua se misturou com as lágrimas que escorreram do queixo ao tronco.

Chorei, chorei por toda a madrugada. Que doente eu me sentia ao parecer diferente do restante. E ao gostar disso.

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DIA 2.

Não demorou nada para que o barulho começasse. Ela disse que a comida estava no microondas. Abaixei a cabeça e fingi que não estava ali, implorando para que o aparelho apitasse logo. Ele nem me notou, ocupado demais com sua fúria.

Quis gritar.

E se eu for alguém que não quero por perto? E se eu não puder falar nem ao menos sobre mim? E se eu não puder contar a verdade e permanecer? Porque quando cheguei a guerra ainda não havia terminado e nem nunca vai terminar. Porque o homem é estúpido o suficiente para convencer-se de que o amor é mesmo tão quebradiço assim. Estúpido o suficiente para tratar sua única, ÚNICA vida dessa forma, manchando a fama do sentimento avassalador e minhas mãos também. Destruindo minhas chances e minhas versões. Quebrando meus dedos e arrancando fora toda a minha coragem.

Vivi algo diferente um dia desses. Quis contar, interromper aquela briga boba e exaustiva. Fiz algo que vocês jamais imaginariam. Quis contar. E foi melhor do que qualquer outra coisa que já fiz no mundo. Quis contar. Vocês me odiariam se soubessem. Quis contar. Eu sou tudo que vocês nunca desejaram. Quis contar. Mas nem ao menos me sentia assim mesmo. Pi, pi, pi, pi. Os deixei berrando um com o outro e subi as escadas.

Under Pressure || l.s. Onde histórias criam vida. Descubra agora