Chapter thirteen: Bohemian Rhapsody

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Louis

No penúltimo dia, Harry me trouxe sacos de bexigas coloridas. Benjamin já estava cansado demais, mal se levantava da cama, pouco andava, o corpo estava desidratado, os remédios para dor não funcionavam mais, sua mente já não era mais a mesma. Eu não dormia há alguns dias.

Os médicos apareceram algumas vezes, até que eu os proibisse. Iam até lá só para dizer que sentiam muito. Alguns nem sequer chegavam perto dele. Outros eram desrespeitosos disfarçadamente. Minha alma fraquejava a cada vez que alguém que não um dos meus aparecia naquele quarto. Eu não podia mais ver meu pai ser tratado daquela forma, tão demonizado, tratado com tanto nojo. O último médico, eu expulsei aos gritos. Como você acha que está contribuindo para a medicina sem um pingo de humanidade nesse seu cérebro imundo, seu desgraçado?

Ele teve poucos momentos de ilusão, mas eram fortes e estavam presentes. Durante esses, falava sobre Oliver, me contava histórias sobre seus pais, reclamava da política do país e recitava suas letras e poesias favoritas. Eram frases repetitivas, por vezes desconexas. Harry não saiu do meu lado por nenhum segundo. Marsha P. e Neo cobriram cada um dos meus dias na cafeteria. Matt leu uma história infantil a Benjamim por noite. Beatrice e Giorgia enfeitaram seu quarto, Bea colou suas obras favoritas nas paredes, Giorgia pintou as cortinas com glitter e fez um pequeno mural com nossas fotos na parada. Ele sorria lindamente em todas elas.

Eu não poderia dizer a você que fui forte, porque não fui. Eu não poderia dizer a você que estou bem, que a dor vai fazer alguma espécie tola de revolução, que tenho esperança de que as coisas vão melhorar. É claro que tenho, mas, agora? Agora não. Dizer isso agora seria raso demais.

Benjamin era um bom homem. Era o melhor homem que conheci. Eu posso ver esse homem me criando, nos mantendo seguros, me acalentando, me ensinando. Benjamin me mostrou o mundo. A vida mais bonita que vejo e que vivo, aprendi a viver com ele. E agora nós estamos aqui, e ele está assistindo a própria vida se esvaindo através da escolha alheia. Como eu vou acreditar que sou capaz de mudar alguma coisa no mundo?

Deixar Benjamin partir é como ver meu próprio coração ser enterrado vivo.

Harry apareceu de olhos inchados e vermelhos no quarto, segurando um balde de bexigas com mãos molhadas, respirando fundo.

— Tem mais um lá fora. Eu pensei em chamar o restante de nós, mas achei que esse momento pertencia somente a vocês dois. Está fazendo sol, vocês deveriam ver!

Benjamin estava acordado e consciente no momento. A diarréia e a fraqueza haviam dado trégua e ele conseguiu se alimentar. Ele não disse nada sobre Harry. Ele sorriu largo e se esforçou para ficar sentado na cama. Harry deixou o balde no chão e correu para ajudá-lo comigo. Caminhou com ele muito lentamente até o quintal, brincando e fazendo-o rir. Não havia resquícios de neve em lugar algum, o sol ardia. Benjamin sorria, estava muito magro e pálido, mas os olhos brilhavam como sempre, brilhavam mais que o sol.

— Você consegue se manter em pé? — Meu rapaz perguntou, doce. Benjamin assentiu, murmurando que não por muito tempo, perguntando se poderia ter uma cadeira em breve. Harry se certificou de deixá-lo em segurança e correu para buscar.

Deixei que ele pegasse a primeira bexiga com lágrimas nos olhos. Me senti um menino de 6 anos de novo, mas agora eu sabia que perderia ele em breve. Ele estava tão fraco. Harry ficou distante, nos observando. Gargalhei choroso quando ele estourou a bexiga na minha cabeça. Benjamin riu alto, dando um passo para trás, correndo da água. Joguei uma contra ele, que estourou em seu ombro. As bexigas iam me atingindo uma a uma, até que ele parasse.

— Eu não queria que estivesse vendo tudo isso. — Ele se abriu pela primeira vez naquelas semanas. Eu ficava com ele o tempo todo, mas não falávamos muito. Ignorando o que estava para vir, eu e ele. — Desculpe por nunca dizer nada. Eu não gosto de parecer fraco quando estou com você. Eu deveria mantê-lo em segurança.

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