Capítulo 10

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Passei o resto da manhã no meu quarto a organizar umas coisas que ainda me faltavam que me tinha esquecido de tratar quando arrumei hoje mais cedo. Aproveitei também para ler e responder a mensagens que me enviavam nas redes sociais, sempre tendo cuidado para não deixar passar nenhuma informação comprometedora. Agora que muita gente me conhecia tinha de ser mais cautelosa no que toca a minha vida privada, para proteger quanto a minha mãe quanto as minhas duas amigas, já que eram as únicas que sabiam a verdade para além de mim, do Luke e da Clare, obviamente.

Como deixei a porta do quarto aberta percebo o Luke passar pelo corredor em direção ao seu quarto enquanto fala com alguém ao telefone.

— Não pai, claro que não, vocês podem ficar aqui sem problemas. E como é que a mãe está? — E ouço uma porta a fechar, impedindo-me de ouvir o resto da conversa.

Nem me preocupei em ficar nervosa com a questão dos pais dele virem para aqui nem sei quando, somente me foquei em perguntar a mim mesma como será ter um pai presente. A minha mãe e os meus avos sempre cuidaram de mim, não me fazendo sentir falta de uma figura paterna quando era mais nova. Mas a partir dos 12 anos comecei a notar como a minha família era diferente das outras quando via os pais das minhas amigas buscá-las à escola. Sei que pelo que a minha mãe me contou o meu pai não teve culpa, mas mesmo assim sabendo que hoje em dia sou maior de idade não veio á minha procura, nem sequer procurou tentar saber de mim, o que demonstra que foram os meus "avôs" que o proibiram de ser presente, mas foi ele que escolheu continuar a sê-lo. Esfrego as mãos no rosto por começar a sentir vontade de chorar e respiro fundo, voltando a ler o meu livro para me distrair destes pensamentos repentinos que tenho de vez em quando.

Passado um pouco começo a sentir um pouco de fome e olho para o relógio, vendo que é quase uma da tarde. Levanto-me da cama e saio do quarto para a cozinha com a intensão de preparar alguma coisa para comer, mas mal chego a sala um cheiro delicioso despertou os meus sentidos. Entro na cozinha e vejo o Luke de volta do fogão a preparar alguma coisa, decido não dizer nada e sento-me nos bancos altos encostados à ilha, entretendo-me vê-lo a cozinhar. Não dá conta de mim, ou pelo menos dá sinais de não dar conta de mim.

— O que está a cozinhar? — pergunto fazendo-o olhar por cima do ombro, notando finalmente a minha presença atrás dele.

— Esparguete à bolonhesa— diz, virando-se de novo para o fogão — Gostas? Estou a fazer a contar contigo.

— Adorooo, cheira tão bem. — digo, levantando-me do banco e caminhando para a bancada onde ele estava — Posso ajudar? Vou sentir-me mal em comer e não ter ajudado em nada. — Ele ri e abana a cabeça.

— Já te disse para não te sentires mal por esse tipo de coisas. Mas se queres mesmo ajudar, podes começar a tratar da massa.

[...]

— Os meus pais veem visitar-nos daqui a quatro dias, a Sienna vai fazer 12 anos para a semana — O Luke informa-me olhando para mim, desviando os olhos das janelas para onde ele tem estado a olhar desde que nos sentamos para comer. Automaticamente lembro-me da conversa que ele estava ao telefone quando passou pelo meu quarto — Eles normalmente ficam em minha casa, no quarto onde estás agora.

— Ah, mas não tem problema, nos dias em que eles estão aqui eu durmo no sofá.

— Não, o problema não é esse. E de qualquer maneira não te ia deixar dormir no sofá.

— Então qual é o problema?

— O problema é que eles pensam que estamos juntos, então, no lugar deles não ias achar estranho um casal que dorme separado? — Oh. —Quando eu lhes disse que podiam ficar aqui eu não pensei nisso.

Unforgettable [inesquecível]Onde histórias criam vida. Descubra agora