Capítulo 2

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Acordei com o despertador a tocar, fui apalpando com a mão a mesinha de cabeceira até conseguir encontrar o telemóvel para desligar o toque. Quando o encontrei desliguei o despertador e olhei para as horas, 7:30 da manhã. Levanto-me da cama ainda meia a dormir e vou até à casa de banho, tomei um duche, enrolei-me na toalha, fui de novo para o quarto e vesti uma t-shirt comprida e uns calções. Desci até ao andar de baixo para a cozinha preparar o pequeno-almoço, corto umas frutas e misturo numa taça com um sumo de laranja para acompanhar. Pego no meu telemóvel e abro a aplicação de leitura. Nem dou conta que a minha mãe estava atrás de mim.

− Eu ainda vou descobrir como consegues ler nessa coisa − olho para trás e vejo a minha mãe debruçada nas costas do sofá.

− É bem mais fácil do que parece, – rio-me quando a minha mãe, que é meio vesga, mas é orgulhosa demais para admitir que precisa de óculos, tenta ler o que esta no meu telemóvel − mas para uma vesga orgulhosa é um pouco complicado

− Anda uma mãe a criar uma filha para isto – leva a mão ao peito como se estivesse a sofrer e olha para mim, ambas rimos e eu dou-lhe um encontrão no ombro com a minha mão.

A minha mãe teve-me muito jovem, aos 13 anos, o meu pai e ela eram namorados na escola e um dia eles foram para casa da minha mãe e aconteceu, o pior de tudo é que quando a minha mãe contou ao meu pai da gravidez ele aceitou muito bem, mas quando os meus avós da parte do meu pai souberam eles mudaram-se para outro país e nunca mais ninguém soube deles. Hoje em dia a minha mãe tem 32 anos e um humor de 24, talvez seja porque perdeu a adolescência toda dela porque teve que cuidar de mim apenas com o auxílio dos meus avós maternos.

− Tenho de ir trabalhar − dirige-se ao hall de entrada.

− Tão cedo?

− Reunião com o novo gerente − ela revira os olhos e eu rio com a cara de tédio que ela faz − seja como for, adeusinho − diz enquanto se dirige á porta

Estava a acabar de arrumar a cozinha quando ouvi o meu telemóvel tocar, olhei para a tela e vi que era a Liv

− Dá-me uma boa razão para me estares a ligar às 8 da manhã ou eu desligo agora mesmo

− Bom dia para ti também − conheço a Liv muito bem para saber que ela está a revirar os olhos neste momento − enfim... O concerto só começa às 6 da tarde, então estava a pensar irmos ao Pacific Park antes, o que achas?

− Pode ser, vou só vestir-me e já vou aí ter contigo. A Ingrid vai ao concerto também?

− Sim também vai, já agora chama-a aí para ela ir conosco ao Park.

− Ok, eu já a vou chamar, já vamos aí ter

Quando cheguei ao meu quarto fui até ao armário e tirei uns calções pretos e um top branco, peguei nos meus Chuncks e vou a calçá-los ao mesmo tempo que ando até à porta da frente com a minha carteira preta ao ombro e o telemóvel na mão.

A casa da Ingrid é mesmo à frente da minha então apenas atravesso a rua para chegar lá. Toquei uma vez na campainha e ninguém atendeu. Toquei de novo e mais uma vez silêncio. Já estava a pensar em dar meia-volta quando a Ingrid abre a porta com um roupão vestido e os cabelos ruivos todos despenteados, semicerra os olhos para o sol e mete a mão em cima deles como se fosse uma pala.

− São 8 da manhã Mia

− Desculpa − faço-lhe um sorriso culpado − a Liv e eu estávamos a pensar ir ao Pacific Park enquanto não começa o concerto, queres vir connosco?

− Sim, claro... deixa-me só ficar um pouco mais apresentável − olha para o corpo enrolado no roupão – entra − ela abre espaço para eu entrar.

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