Onze horas da noite, o sono não quer ser meu melhor amigo agora. Fico olhando para a pequena janela que tem nesse cubículo de quarto sendo hipnotizada pelas gotas do sereno escorrerem pelo vidro.
Deus! Como eu tô suportando passar meus dias aqui?!
Me pego por um instante chorando. Não desesperadamente, isso não é do meu feitio mas ainda sim o choro conseguiu me deixar com os olhos vermelhos. Não paro de pensar na Wanda, em Natasha e todas as coisas que foram ditas e não paro de pensar em todas as minhas escolhas até aqui. Me sinto como se não soubesse qual o ponto principal da minha dor, nem sei se estou no direito de sentir algo já que a causadora de todo mal a mim mesma sou eu. Fui eu quem ferrou com a Natasha, eu assinei o contrato, de algum modo levei a Wanda junto e como sempre decepcionei meus pais.
Fui tirada de meus pensamentos quando ouvi a porta ser destrancada, olhei de canto e vi o jaleco branco de Jackson
Sn: Veio dar a minha sentença de morte? – mantive meus olhos na janela
J: Não seja dramática – disse dando risada – Seus exames estão ótimos e como eu havia dito hoje cedo , você não ficou com uma cicatriz enorme.
Sn: Por que não faz uma ressonância magnética em mim ? – perguntei virando mas sem olhar para ele, fixei meus olhos em seus sapatos, ele usava um tênis esportivo branco.
J: Ressonância? – riu anasalado um pouco confuso – você não precisa de ressonância
Sn:. Eu me sinto péssima, Jack... – levantei meus olhos o encarando – E Deus que me perdoe mas estou desejando ter um tumor ou qualquer coisa inoperável que me faça sumir... e quando digo sumir estou dizendo que quero morrer
Ele me olha assustado sem entender nada. Na real não tem nada pra ser entendido
J: Tudo bem.... Isso deve ser efeito dos remédios – se aproximou devagar – Isso tudo só porque a Romanoff te deu um fora? Eu vi o jeito que ela saiu daqui
Sn: São dores acumuladas. Não tem nada haver com ela – Constatei – Parte de mim está feliz por ela ter ido, pelo menos eu não termino de acabar com a vida dela
J: Se você quiser conversar eu estou aqui
Sn: essa não é a sua função – retornei olhar para a janela
J: Eu sei, mas sei também que você não é assim e isso me preocupa – ele se manteve afastado, porém perto o suficiente para demonstrar o apoio que eu não queria – você não precisa de uma ressonância, você não precisa se preocupar com mais nada porque estou te dando alta agora mesmo – entregou-me uma ficha
Sn: Heh – finjo ter ficado alegre – Posso ficar só mais uns dias até achar um lugar ?
J: Não sei, eu sou só o seu médico e pelo o que eu ouvi falar você não pode ficar na torre já que assinou o tratado – disse com pesar
Sn: Entendi..
– Vamos para a sua casa, onde você tem o seu quarto e suas coisas – escutei a voz de meu pai. Rapidamente olhei para a porta e o vi com seu terno caríssimo e um sorriso gentil nos lábios. Fiquei sem reação, não sabia se corria para abraça-lo ou ficava quieta mas ele mesmo veio até mim e me abraçou, pela primeira vez depois da luta eu me senti acolhida em um simples abraço – Como está, querida ?
Sn: Pai.. – Suspirei fundo. Estava com saudade – estou bem, na medida do possível
T: Vamos conversar sobre tudo, okay ? – olhava com sinceridade – Jackson, muito obrigado por todos os cuidados com a minha filha – segurou a mão do médico sem se afastar do abraço