21 : 45 - Noite
Estava tudo calmo naquele andar da torre. Em meu quarto só se podia ouvir o barulho da TV e o ar condicionado ligado, não precisava mais das máquinas e muito menos do soro por isso o completo silêncio.
A noite chegou e com ela ventos fortes acompanhados de chuvas. Natasha havia acabado de voltar com três caixas de pizza e batatas fritas, um exagero e com toda certeza eu não poderia comer aquilo sem antes falar com Jackson.
Quando ela chegou conversamos um pouco, não o suficiente para colocar os pingos nos is, porque a verdade é que eu não quero conversar, não agora e tá parecendo que ela também não quer tocar em tais assuntos pendentes.
- Se o Jack souber estou morta - falei mordendo meu segundo pedaço de pizza
- Ele que se atreva a falar algo. - Disse de boca cheia. Ela é tão sexy comendo desajeitada. Okay! Para.
Na tv passava um reality, algo relacionado a ex.. Ah! " de férias com o ex " de férias com muita putaria isso sim. Fazia um bom tempo que estávamos assistindo aquilo e eu só conseguia reparar no quão boa de boca a Nat era, acho que só nesse intervalo de 10 minutos ela comeu uns 5 pedaços de pizza
- Por que estamos assistindo isso? - perguntei tentando não parecer que a vigiava comendo. Nat estava deitada entre as minhas pernas, parecia que nada havia acontecido, como se nunca tivéssemos lutado uma contra a outra.
- Não sei, achei que você estivesse curtindo - virou me encarando - esse programa é a sua cara. Já pensou? O tanto de gente nessa ilha e metade pode ter certeza que seria seus exs - brincou
- Pode parecer que eu pego todo mundo mas não é verdade. - fui sincera, foram poucas as vezes em que namorei fixo - Só teria você nessa ilha - levantei as sobrancelhas e mexi os ombros
- Que cínica! - Ela soltou uma risada frouxa e forçada
- Eu? Longe de mim - revirei os olhos - E me diga você, com certeza iria lotar essa ilha
- Pior que não também. Sou quieta perto de você - Zombou
- Perto dela qualquer um é um santo - O doutor Jackson entrou feito fantasma nos assustando - Desculpe incomodar mas... - ele ligou a luz e viu todas as besteiras na cama - Depois que morre o papai vem nos processar por negligencia
- relaxa que ninguém vai te processar - falei me arrumando na cama e Nat levantou ajeitando a blusa - e ninguém vai morrer. Eu espero
- Só queria saber como se sente desde que parou de tomar os remédios
- Até agora não morri o que é um ótimo sinal - pisquei
- Sem piadas.. - ele apertou os lábios sério. - seja sincera, sabe que me preocupo com você
- Eu sei Jack, e eu estou sendo sincera - segurei sua mão apertando forte. Jack estava sendo tão gentil esses últimos dias, fazia muito mais que sua obrigação como meu médico. Espero que seja na mais pura intenção
- Vamos fazer novos exames, passar alguns medicamentos e.. - Levantou meu queixo verificando se havia cicatriz em meu pescoço - Você é sortuda. Só tem um riscadinho de nada aqui
- Sortuda? Sim, tenho muita sorte de ter tido o pescoço perfurado pelo palhaço que eu gostava tanto - Resmunguei. Ainda não conseguia acreditar que o visão tinha feito isso, o cara me viu crescendo, quando cheguei na torre achei que nossa amizade ia ganhar mais forças e como sempre eu espero de mais das pessoas e acabo quebrando a cara.
- Quem teria coragem de machucar esse lindo serzinho? - debochou - coisa boa você não fez pra ele
- Eu não fiz nada. - indignação. É só isso que sinto
