Nós não esperávamos ser pegos. Tínhamos planejado tudo, ser pego, era quase impossível. Quase.
A sirene se ouvia de longe, e as luzes cegavam nossos olhos. Eram muitas viaturas e nossas imagens já estavam em todas as televisões. Era estranho como todas aquelas armas apontadas para nós me fezeram ficar zonza. Claro que já tive um cano desses apontado para minha cabeça, mas aquela sensação não se compara a nada. Até hoje não sabemos como eles ficaram sabendo; nossa gangue sabia manter segredos, éramos todos confiáveis, estávamos todos no mesmo barco, mas a questão e que os tiras estavam um passo a frente de nós. Quem poderia saber?
— Pro chão! Pro chão! — gritou o policial com uma nove milímetros apontada para nós.
Adam, que não havia soltado minha mão desde que ouviu a primeira nota da sirene, me puxou para baixo com ele.
Engraçado como que naquele momento, tudo o que eu pensava era em não o perder. Eu sabia, pelo jeito que ele protegia meu corpo com o seu, que ele também não queria que nada de mau acontecesse comigo.
O choro de Kayla era estridente, mas o desespero de Ched era pior. Ele estava realmente transtornado. Os policiais já haviam feito mil e uma ameaças, mas ele nada de abaixar. Até que ele resolveu correr. Eu escuto aquele tiro até hoje, ecoando na minha cabeça. Levantei e corri até o corpo baleado de Ched. Adam segurou meu braço mas eu me libertei com um puxão brusco. Os policiais gritavam e as armas destravaram instantaneamente. Minhas lágrimas se misturavam com seu sangue e tudo que eu sabia fazer era gritar.
O metal frio da algema apertou a pele fina do meu pulso. Jenny tentou beijar os lábios pálidos de Ched enquanto Josh, Petter, Adam e Kayla eram algemados também. Quando vi os policiais arrancando Bob de dentro da nossa van, eu soube que tudo estava perdido. Era o fim.
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