•Capítulo 7•

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       Fui até a garagem e encontrei Adam encostado no Lamburguine. Eu havia vestido um jeans, coturno, camiseta e colocado uma touca, tudo na cor preta. Os outros não haviam se vestido de forma tão diferente de mim, e eu podia sentir a animação de todos. Bob foi o último a chegar até a garagem. Ele trazia sua Bereta e a faca de caça. Não acho que uma faca de caça serviria para muita coisa em um confronto, mas não disse nada. Esse era o Bob, o cara que dormia com uma espingarda do lado da cama.
        Chegamos ao "esconderijo" da nova gangue rasgando pneu e fazendo imenso barulho com cavalos de pau e gritos. Adam gargalhava feito uma criança do meu lado e Bob, no banco de trás, segurava a arma para fora da janela. Não demorou muito para que a guarda* chegasse armada. Senti Adam apertar minha mão antes de descer do carro. Era sua preocupação falando mais alto que a adrenalina.
         - Quem são vocês? O que querem aqui? - perguntou o homem careca com a arma apontada para nós.
         - Queremos falar com o lider - disse Adam sem rodeios
         - Qual a conta? - perguntou o outro cara que montava a guarda.
         - O tiro que a minha namorada levou.
         Os dois caras se entre olharam e abriram os portões de tela do depósito. O local tinha estilo, devo dizer, mas ainda me remetia uma coisa porca. Meu olhar procurava Ched a todo instante, me certificando de que ele estava bem, e sempre que encontrava Jenny agarrada a ele, meu coração recebia uma onda de alívio. Não era nada agradável caminhar com a os dois homens apontando armas para nossas cabeças, e quando o lider apareceu, eles ficaram mais tensos ainda, como se estivéssemos prontos para metralhar o ser loiro a nossa frente.
           - Visitas, senhor - disse o careca
           O loiro nos olhou de cima a baixo e fez sinal para a guarda, que abaixou as armas instantaneamente. Ele não disse nada por uns instantes, apenas nos analisava. Eu podia sentir seu olhar por todo o meu corpo, me devorando em sua mente, e uma vontade de vomitar foi despertada em mim. Adam reparou bem no olhar perverso do loiro, e logo passo seu braço pelo meu pescoço, me puxando de forma protetora - e enciumada - para junto do seu corpo.
            - Olá, - disse o loiro - meu nome é Dominic. Sejam bem vindos a minha... casa. A que devo a honra de vossas ilustres presenças? - perguntou com um sorriso.
            Vi Adam cerrar o maxilar. Eu podia sentir a raiva se espalhar por todo o seu corpo, e isso não era nada bom. Segurei sua mão e pousei um beijo na parte superior. Por mais que nossa chegada tenha sido agressiva, não procurávamos briga, só queríamos deixar bem claro de quem era aquele território.
             - Os seus... ãah... amiguinhos, atacaram eu e minha namorada, deixando ela com uma bala no ombro. Não acho que essa seja uma boa forma de tentar entrar em um ramo que é feito de alianças, se é que você compreende.
             - Então essa jovem tão bela é sua namorada? - perguntou Dominic ignorando todo o resto das palavras de Adam.
             - Noiva. Vamos nos casar em breve - disse Adam quase como um rosnando.
            Por mais que as palavras de Adam me alegrassem, eu não podia esquecer que aquilo era uma mentira, ele nunca havia me pedido em casamento. Óbvio que eu devia estar preocupada com outras coisas naquele momento, como Adam e Dominic se esmurrando, ou um tiroteio que matasse todos nós, mas, naquele momento, senti uma frustração invadir meu coração e si instalar como um câncer; corroendo tudo, sugando tudo. Se eu era mesmo a mulher da sua vida, por que ele nunca me pediu em casamento?
            - Tão linda. Você tirou a sorte grande. Alguns homens matariam por uma mulher como esta... você não tem medo? - proferiu Dominic em tom de ameaça.
            - É um risco que estou disposto a correr.- respondeu Adam firme.
            - Interessante. Ela deve ser muito gostosinha de cama para valer tanto assim - continuo Dominic.
            - Seu...
            Adam avançou para cima de Dominic, mas Petter e Josh o     seguraram. A guarda levantou as armas e apontaram para sua cabeça, no mesmo instante, saquei a minha e apontei para o crânio loiro de Dominic.
            - Dominic, como meu futuro marido mesmo disse, não acho que essa seja uma boa forma de entrar em um negócio como este. Como você já deve saber, esse território nos pertence, e, até agora, fomos muito receptivos com vocês. Não queremos que as coisas mudem, não é mesmo? Não somos conhecidos por nossa paciência.
            Dominic, que estava com os braços erguidos para cima, devido a minha arma prestes a estourar seus miolos, fez sinal para a guarda abaixar as armas. Eu sabia que ele não era tão maluco a ponto de arriscar sua cabeça, não seria nada inteligente tentar algo contra nós, afinal, não eramos a maior gangue daquela região à toa. Voltei minha arma para o chão assim que vi Adam com a cabeça a salva de novo, e pude notar a visível raiva no rosto do loiro.
            - Tudo bem, você está certa. Não pertubaremos vocês de novo... por enquanto, mas gostaria que saíssem da minha casa - disse ele.
            Adam abriu um notório sorriso e agarrou minha cintura. Caminhamos todos para fora do galpão, mas ainda cientes do perigo. Eles eram bem equipados, tinham armas e pelo visto um bom treinamento. Sabíamos que isso não era um acordo de paz definitiva, era apenas uma trégua.

Life of gangster || HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora