Como Estrelas Cadentes

Ah, porra!

Era uma cena que só poderia ser vista através dos livros de fantasia da minha pequena prima. Pontos brilhantes caíam do céu como chuva; porém, uma chuva seca e dourada como fogo. Isso, como meteoros descolando da malha noturna e adentrando em nossa atmosfera. Mas... Espera um momento isso... Isso está vindo em minha direção!

- Cacete! - olhei para meu corpo sujo de terra e grama. - Eu tô vivo? Eu tô vivo! Meu Deus! O que foi isso?

      Engoli em seco olhando para o local onde antes eu mapeava algumas constelações, totalmente destruído e com certa energia sendo emanada dali. Curioso como sou, logo fui averiguar, afinal, seria incrível eu contar que encontrei um meteoro enquanto estudava. Quer dizer, imagina? Vou ser famoso! Sirius Denish sobrevive a colisão de meteoro. Ou então...

- Que caralhos de porra é essa?

      Havia uma pessoa no buraco. Uma pessoa? Não, mas como assim? De repente aquilo se mexeu, ficando sentado e olhou pra mim. Porraaaa! Eu fui pra trás e caí na terra. Aquela coisa tem cinco olhos! É um alienígena!? A criatura se levantou e continuou me olhando.
Suas escleroticas são pretas no lugar do branco e não havia pupila.

- Humano.

- Que!?

- Você não tem fé.

      Fé? Como assim, essa coisa tá falando e eu tô entendendo?

- Humanos como você são a fonte do enfraquecimento de nosso Mestre.

- Mestre? Quem?

- O Criador.

      Ah... Ah, sim. Então eu tô dormindo, que susto eu achei que isso aqui era real, bom então eu vou voltar a dormir. É só eu deitar aqui, né. Não estava confortável se deitar sobre as pedras, na verdade aquilo machucava e não me deixava acreditar ser um sonho, pois em sonho não sentimos dor, mas eu precisava acreditar que aquilo não era real.

- Humano, você viu meus vários irmãos caírem do céu, eu preciso da sua ajuda.

- É um sonho... É um sonho... - sussurrada para mim.

- Você acredita estar sonhando? Mas eu não vim lhe visitar pelo mundo onírico, infelizmente fomos expulsos do céu e agora temos que fazer com que os humanos voltem a ter fé ou o apocalipse acontecerá.

- Eu sempre tive uma imaginação fértil, agora vou dormir. Boa noite alienígena do sonho.

- Não sou um alienígena e você não está sonhando.

- Ah, tá bom, boa noite sei lá o quê.

- Meu nome é Dardariel, o anjo das onze horas.

- Ah, um anjo, cadê suas asas?

- Elas viraram cinzas na queda.

      Virei para o tal de Dardariel, sua expressão estranha parecia triste, agora que percebi, não havia roupas nele, mas ele também não parecia ter um corpo definido, como se fosse uma água dentro de um pote, se o tocasse ele mudaria de forma?

- Então você não é um alienígena que vai fazer estudos no meu corpo e depois me descartar?

- Sua fé é tão pouca que acha que não sou um ser celestial.

- É bem, não penso muito sobre isso. Agora licença.

      Me virei novamente na esperança de pegar no sono, mas não deu certo.

- Humano, se dormir aqui vai ficar doente.

- É o meu sonho, vou só acordar na cama de manhã.

- Olha só! - uma voz estranhamente aguda surgiu. - Parece que os anjos perderam seu posto?

      Mas o que é isso agora? De repente eu dei de cara com uma criatura de chifres retorcidos e suas pernas eram peludas como de uma ovelha e ela tinha um rabo de cavalo. Ela é alta, extremamente alta. Que porra é essa?! Um demônio?

- Humano, é melhor você correr.

      Eu olhei para o tal anjo e depois para aquela nova criatura que exalava de sua boca fumaça, a baba pingando era ácido puro que queimava a grama deixando uma terra cinzenta. Sonho ou não, eu apenas corri e fui empurrado para longe com uma explosão de algo, aquilo de fato não podia ser um sonho, olhei para meus cotovelos arranjados e a calça rasgada com o joelho sangrando, isso é dor, então é real.

- Ah, porra!

- Humano, fique bem aí quero te propor algo. - era o demônio falando comigo. 

- O que você ainda está fazendo aqui? Corra! - o anjo levou uma batida do demônio.

      Eu me levantei e novamente corri, minha casa estava um pouco longe dali, mas eu precisava continuar, eles não virão atrás de mim, certo? Eu olhei para trás assustado com o som de explosões, era brilho para todo lado, aquilo não chamaria a atenção de alguém? Ao mesmo tempo que assustador era deslumbrante as luzes parecendo uma Aurora Borealis, o problema foi quando uma massa de energia veio em minha direção. Ah, eu morri.