Como Estrelas Cadentes

Sonhe com os anjos

- Demônios não deveriam estar trabalhando no inferno em vez de brincar aqui?

      Quem disse isso? Olhei para minha frente, havia uma sombra conhecida. Minha visão estava desgastada, mas não o suficiente para não reconhecê-lo. De alguma maneira Matt estava ali. Onde...

- Onde você tava...? - aguenta Sirius, não chore!

- Não posso dizer.

- Argh, você! Eu te chamei.

- Eu ouvi.

- Ora, seus ratos de asas!

      Aquele demônio de piercing gritou, não havia apenas Matt de anjo ali, mais três estavam com ele. Será que ele desapareceu para encontrá-los? Só sei que Matt balançou sua mão a frente, criando uma película que repeliu a energia demoníaca vinda em nossa direção.

- Isso não seriam vocês que rastejam de baixo da Terra?!

      Os outros anjos começaram a atacar, quem são? Duas "mulheres" e mais um "homem". Eles encontraram com humanos também? Há outras pessoas que os vêem assim como eu? As perguntas não tinham espaço naquele momento.

      Matt saiu da própria barreira para se juntar a luta, eu queria impedi-lo, mas o que um humano poderia fazer? Esse mundo não me pertence, anjos e demônios, realmente não é um sonho? Mas eu mesmo não teria tanta criatividade para uma história dessas.

      De repente vomitei sangue. O que... E de novo líquido vermelho saiu queimando da minha boca. A minha barriga... Dói! Isso dói! Sentia como se estivesse sendo dilacerado de dentro para fora. Todos os meus órgãos virando líquidos. Todos os meus ossos sendo moídos.

- Sirius!

      Ah... Essa voz é do Matt? Ele ainda tá aqui. Se eu morrer ele vai me levar pro céu? Não vi nem ouvi mais nada.

- Esse humano, se continuar usando o corpo dele assim, você não vai aguentar.

- Eu estou ciente dos riscos.

      Riscos? Do que?... O Matt tá conversando com alguém... Espera eu morri? Acordei desesperado e com uma puta dor de cabeça, pude ouvir sons de sinos tocando todos de uma vez. Mas quando uma mão repousou sobre mim, finalmente eles pararam.

- Sirius.

- Matt!

      Eu tinha de abraçá-lo, sentir o frio de seu corpo sendo tomado pelo meu calor. Mas desta vez, novamente ele parece mais quente do que eu. De repente me bateu uma tremedeira, que frio é esse?

- F-frio... - guaguejei.

- Você perdeu muito sangue. - quem disse isso foi uma anjo muito bonita, cabelo vermelho e olhos castanhos. - Necessito ir Dardariel.

- Vá pela luz do Criador.

      Eu vi aquela anjo queimar e só então percebi que a paisagem ao nosso redor era do meu quarto. Eu estou em casa, então eu não morri. Espera, eu estou em casa e havia dois anjos aqui! A minha avó...

- Não se preocupe Sirius. Aquele anjo que você acabou de presenciar é Sarandiel. Ele governa a décima segunda hora da noite.

      E como eu ainda não me preocuparia? Mas de repente a memória do mercado me surgiu na mente. Um pouco do frio que sentia se foi quando meu rosto se esquentou de vergonha.

- Eu... Eu não....

- Por enquanto estamos parados no governo de Sarandiel. Mas em horas humanas, você e seus amigos estão desmaiados há uma semana.

      Estamos parados no tempo? Olhei para o relógio do meu quarto, travado em meio-dia  ou meia-noite em ponto. Espera! Ele disse uma semana?

- Uma semana inteira?

- Sim. Foi difícil tratar tantos humanos.

- O que aconteceu?

- Foram contaminados por energia demoníaca, então tivemos de limpa-los. Porém, no seu caso era mais severo.

- O que?

- Agora já está tudo bem, ainda que continue fraco.

- Espera o que eu tinha?

- Aquele demônio que te arremessou colocou um verme infernal dentro de você. Ele queria sugar o que restou da graça que usei para te curar daquela maldição.

      Meu Deus... Eu quase morri... Aquilo que eu tava sentindo era o verme? Eu acho que vou vomitar.

- Sirius. - mãos gentis me seguraram. - Você é um humano estranho.

- Não fale coisas complicadas... Minha cabeça gira.

- Volte a dormir.

      Ele me deitou de volta.

- Não vai me dar um beijinho e dizer pra sonhar com você?

- Por que lhe diria para sonhar comigo?

- Pra eu sonhar com anjos...