Graças a um anjo 1/2

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"Sirius". Tem alguém me chamando. "Você tá bem?" Se eu tô bem? Aí... Minha cabeça tá doendo, o que foi que aconteceu? Que vontade de vomitar...

- Sirius...

      Lentamente tentei abrir meus olhos, ali estava a Camila com um olhar preocupado, quase chorando.

- O que...?

- Ah, ainda bem que você acordou. Eu fiquei preocupada que você tivesse algo.

- Onde a gente tá?

      Coloquei a mão em minha cabeça sentindo muito peso. Espera... A máscara! Rapidamente tapei minha boca, mas pelo incrível que fosse, não havia deformações como de manhã. Eu não estou mais infectado?

- Eu chamei alguns alunos e te trouxemos para a ala de enfermagem da faculdade.

      Então estou na faculdade ainda... O que aconteceu com aquele anjo? Que droga minha cabeça tá doendo muito, não consigo nem me lembrar do que aconteceu...

- Obrigado Camila, e desculpa por isso.

- Imagina Sirius. E, ahm... Toma meu número.

      Minha colega saiu dando uma piscadela. O que foi isso?

- Matt! Você tá aqui? Anjo?

      Ele sumiu? Enfim, preciso voltar pra casa, eu tomo um remédio lá e melhoro. Tive de caminhar lento devido a dor de cabeça, mas não era só isso que doía, eu me sentia como se tivesse passado pelo moedor de carne. Um sono desgraçado me assolou no meio do caminho, mas dei um jeito de chegar em casa. Minha avó não estava no momento, ela deve ter ido jogar com os amigos. Bom, pelo menos ela não vai me...

- Você estava aqui?

      Matt, o anjo das onze horas, dormia literalmente como um anjinho em minha cama. Eu puxei sua mão, mas ele não se mexeu. Você está de brincadeira comigo, anjos dormem? Ele até tinha um corpo leve, mas eu mesmo estava sem forças para conseguir tirá-lo dali. Esquece, vou tomar o remédio primeiro.

- Será que a vó deixou algo do almoço?

      Comumente minhas aulas são de manhã, só tenho duas a noite, mas por causa de trabalho, acabo chegando meio tarde no almoço e minha avó acaba comendo sozinha... Aqui nós moramos com a pensão do meu falecido avô que foi um militar e da aposentadoria da minha avó que foi professora.

      Eu estava procurando trabalho de meio período, mas minha avó insiste que eu devo focar nos estudos. Ela está certa, mas me sinto um parasita aqui. Não quero ser como minha mãe que depois nos abandonou, roubando o dinheiro do vovô e sumindo no mundo.

      Após comer purê e carne deixado pela minha vó, tomei a dipirona básica e deitei no sofá. Não quero ver mais nada agora até eu melhorar.

- Tam, ram, tam, tam. Here we stand. Worlds apart, hearts broken in two. Two, two. Sleepless nights...

- Filho? Sirius, querido, acorde.

- Ah? Vó, você chegou.

- Sim, e você não foi arrumar o quarto.

- Ah, estou indo agora. Cheguei cansado.

- Você melhorou? Se estiver se sentindo mal nós vamos ao postinho.

- Não, não precisa, tô bem melhor agora.

- Ah, que bom, então arrume suas coisas e me ajude com a janta.

- Sim senhora.

      Chegando no quarto encontrei Matt ainda dormindo em minha cama, da forma que o deixei ele ficou. Ele morreu? Não está respirando, anjos respiram? Cocei a nuca numa tentativa de achar alguma solução, mas o que poderia fazer? Chutar um anjo, que não foi convidado, pra fora de casa faria com que eu fosse pro inferno?

      Sentei no final da ponta da cama e olhei para os meus livros espalhados. Ainda tenho o trabalho pra entregar amanhã. Comecei a organizar meu material devolvendo os livros para as prateleiras e pondo minhas apostilas na mesinha do computador. Devo ter levado uma hora e quarenta para terminar isso e a falta de movimentos de Matt me preocupava.

      Desde que ele é um anjo, eu não faço ideia se ele está vivo ou não. Sua pele continua fria como se fosse um vampiro. Será que ele precisa de sangue? Corri para o espelho a procura de marcas no pescoço ou no ombro. Ufa, não tem. Talvez não seja isso, anjos comem? Ele não deveria? Disse que o seu corpo é igual ao meu, eu preciso de comida.

      Ahh, Deus agora quer que um humano seja babá de anjo? Eu mal sei cuidar de mim. Nunca nem consegui manter os peixes do meu aquário por mais de um mês...

- Oh anjo, acorda. - isso pareceu como se eu tivesse chamando um namorade... - Matt, acorda aí. - comecei a sacudir seu corpo. - Bora, você tá fazendo um péssimo trabalho com anjo guardião.

- Já falei... - ele acordou? Seus olhos me encaravam com esforço. - Não sou anjo guardião.

- Ué, mas não está aqui pra me proteger?

      Ele se sentou na cama, parecia mais um moribundo do que um anjo.

- Você é um humano in... - ele caiu na cama dormindo.

- Meu Deus? Aff, deixa pra lá.

- Sirius, tá conversando com q, por que tem uma pessoa deitada na sua cama?

      Minha vó chegou de repente e o pior é que ela estava vendo o anjo agora, mas será que ela percebeu?

Como Estrelas CadentesOnde histórias criam vida. Descubra agora