Infecção 1/2

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O sol chega pela manhã invadindo meu quarto e fazendo com que eu abrisse meus olhos lentamente, até se acostumarem a luminosidade. Que horas são? Eu estou tão cansado... Só quero voltar a dor... Mir...?

- PORRA!

      De repente eu havia caído da cama, porque havia alguém dormindo comigo... O que é isso?! Por que tem alguém na minha cama? Eu não trouxe ninguém pra casa!

- Sirius, querido? Está tudo bem?

- Ah, sim vó! Tô bem, só tropecei nos livros.

- Já lhe disse pra arrumar esse quarto. Se veste logo pra não se atrasar, o café está pronto.

- Pode deixar vó!

      Meu Deus... Por que? Então aquilo de ontem? As memórias foram vindo em sequência. Não foi só um sonho? Não, eu devo estar louco então, finalmente pirei.

- Humano.

- Aí, meu Deus, você acordou, que bom, agora vaza daqui antes da minha vó saber que tinha alguém aqui.

- Você é um humano muito mal-educado.

- É, muitos já me disseram isso, agora você precisa ir embora oh anjo sei lá do que.

      Eu tentei encostar nele, mas de repente fui repelido como se uma barreira o protegesse, fui arremessado contra a parede e definitivamente minha avó iria vir até aqui para saber o que aconteceu.

- Oh, porra! Por que me arremessou?

- Não foi porque eu quis, você está infectado daquele demônio de ontem.

- Infectado?

- Não percebeu sua aparência?

- Minha aparência?

      Olhei no reflexo de um dos meus quadros de super-herói, caninos inferiores saindo da minha boca agora cortada e mais aberta, os outros dentes eram pontuados e minha língua estava bifurcada.

- Sirius? - minha vó chegou na hora, ela vai me exorcizar se me ver assim! - Está tudo bem?

- Sim, vó! Eu só tô desajeitado hoje. Tô terminando de arrumar.

- Está bem, quando voltar é para arrumar este quarto.

      Ela saiu sem dizer mais nada, tive de esconder meu rosto, fingindo escovar os dentes.

- Meu Deus... Por quê? E o anjo?

- Ainda que você seja uma pessoa de pouca fé, continua repetindo sobre o Criador como se ele pertencesse a vocês.

- Ah, ainda está aqui, por que minha avó não te viu?

- Eu decido quem e quando vão me ver.

      Agora que reparei, esse anjo não parece com o de ontem.

- Você é o anjo de ontem?

- Sou Dardariel, o anjo da décima primeira hora.

- Como... Eu voltei para casa?

- Você desmaiou após ser acertado pelo poder do demônio, quando finalmente o expurguei da Terra, tive de possuir seu corpo e trazê-lo para sua casa. - ah, isso...

- Mas espera, eu fui possuído por um anjo? E por que agora eu fui repelido?

- Também achei estranho, seu corpo parecia estar tentando combater a infecção, mas no final cedeu.

- E sua aparência angelical?

- Você me viu em uma meia forma, nenhum humano conseguiria ver um anjo em sua plenitude. E agora estou desse jeito, para que facilite meu trabalho com você.

      Não importa o quanto eu o olhasse, aquele anjo era bonito de todas as maneiras. Com o cabelo e cílios quase brancos e somente os olhos com alguma cor, castanhos. Desta vez ele estava vestindo roupas, as minhas; e aquilo era estranhamente sexy com sua aparência andrógina. Meu Deus! No que estou pensando?

- Ahm... Você tem o bagulho então ou... - demonstrei com gestos a parte de baixo, mas acho que ele não entendeu, pois parecia ter uma interrogação na face. - Sabe, aquilo diferente de homem e mulher.

- Você se refere ao seu membro que lhe permite propagar sua espécie? - é uma definição bem merda, mas concordei. - Eu construí este corpo a partir do seu, então não se difere de você.

- Ah... Tá... - o anjo me encarava dos pés a cabeça. - Cara... Não é possível que isso realmente não seja um sonho maluco.

- Posso lhe afirmar com total convicção de que não está sonhando.

      Virei para o espelho do banheiro, eu tô parecendo um demônio assim, como vou sair de casa desse jeito? Olhei para o anjo que observava o quarto.

- Tô lascado, será que eu tenho alguma máscara daquela vez da pandemia? - tive de revirar minha gaveta atrás de uma, pelo menos eu achei. - Ô anjo da guarda, como eu volto ao normal?

- Não sou um anjo da guarda, sou Dardariel o anjo da décima primeira hora.

- Belezinha, que tal Matt? - ele me encarou sério, parece que esta é a única expressão que sabe fazer. - É isso, Matt como é que volto ao normal?

- Eu não me chamo Matt seu humano insolente. 

- Matt é muito mais legal e simples de falar. Mas então, o que você precisa comigo? Não é só me fazer voltar ao normal e bum, você tá livre de mim.

- Eu não estou aqui porque quero, mas por ser o meu dever e sua atual condição de aparência não tem nenhuma relação com o trabalho para o qual fui designado. - meu Deus... Ele fala muito e tudo nesse tom monótono. - Contudo, se eu deixar esta energia demoníaca correndo dentro de você, além de outros demônios virem para fazer pactos, você poderá se transformar em um demônio.

- Epa, isso quer dizer que vou pro inferno?

- Sim.

Como Estrelas CadentesOnde histórias criam vida. Descubra agora