Infecção 2/2

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- Ah, pronto. O inferno existe. Então tem o paraíso?

- O mundo do eterno descanso das almas, sim.

- Sirius!

- Estou indo vó! Aí, droga. E como eu faço pra voltar ao normal?

- Não faça maldade a um ser vivo, ame e respeite o próximo, não cobice o que é do outro, não roubar...

- Tá bom, entendi. Eu vou ter que me guardar pro casamento também? Porque se for, essa já não dá mais. - ele me encarou em silêncio. - Ok. Vou ter que ir pra aula assim.

      Peguei minha mochila com o computador, coloquei a máscara e saí do quarto, óbvio que a minha avó vai se preocupar da máscara, mas é menos pior ala achar que é gripe do que começar um coro em latim. Mas eu me pergunto o que vou fazer em relação ao Matt... Ele me seguiu para fora do quarto andando normalmente como um humano comum.

- Meu neto está doente?

- Pois é vó... - fingi tossir. - muito estresse da faculdade, mas logo vou melhorar.

- Tome o xarope.

- ... Não precisa vó. Ih, eu tô atrasado. Vou comer no caminho, se cuida!

      Saí mais do que depressa, odeio mentir para minha vó, ela só tá preocupada com seu único neto.

- Não deve mentir também.

- Ah, sério?

- Você está expressando sarcasmo, porque está irritado com sua aparência?

- Para um anjo está entendendo muito bem os humanos.

- Você não deveria ter mentido para sua parente.

- Ah, tá, eu vou simplesmente virar pra minha avó religiosa e dizer e que eu tô assim, porque presenciei a luta de um anjo e um demônio e fui acertado por energia demoníaca. Ela vai me levar pro exorcismo e me internar. Anjos, demônios, desde quando isso importa? Eu estava muito bem vivendo minha vida sem vocês.

      De repente vi uma mulher de vestido enquanto passava, ela estava abaixando pra pegar umas chaves.

- Seu panaca assediador! - a mulher bateu sua bolsa em mim.

- Pera aí! O que foi isso?

- E ainda tem a cara de pau de se fingir de santo, eu vou chamar a polícia!

- Não! Não! Me desculpe senhora! Desculpa!

      Eu saí correndo de lá, parando na próxima esquina para respirar fundo. O que foi que eu fiz?

- Você está se entregando a tentação daquele demônio de ontem.

- Você... Ainda tá aqui?

- Não posso deixa-lo ainda.

- Se você tava aqui, o que eu fiz?

- Levantou a roupa daquela mulher.

- Meu Deus... Não é atoa que ela ficou irada. Ah... Que saco. Você podia ter dito antes.

- Dito o quê?

- Isso! - gesticulei irritado. - Que eu estou influenciado por esse demônio a fazer coisas ruins.

- Eu lhe disse.

- Você estava listando várias coisas, mas eu nunca fiz aquilo, por isso não dei moral.

- Então admite que o erro foi seu por não me ouvir.

- Esquece, não dá pra contrargumentar com um anjo. Que droga, me sinto doente.

- Parece que você ainda está lutando contra. Mesmo sendo uma pessoa sem fé, é admirável que esteja lúcido até agora.

- Tá, tá. Só não fica me seguindo por aí se as pessoas estão te vendo, vai ser estranho lá na faculdade.

      É isso, doente, com tendências psicóticas, pronto para surtar a qualquer momento, mas até que o começo das aulas estava indo bem. Cálculo diferencial e integral, tivemos atividade em sala, nada muito difícil, ainda bem. Depois seria termodinâmica e por fim... Puta merda! Meu estudo de ontem! Prática Observacional em Astronomia, eu tinha que entregar o desenho hoje, mas eu nem me lembrei disso depois do que aconteceu, ah, merda!

- Sr. Denish, por você ser um bom aluno eu vou aceitar que me entregue esta tarefa atrasada, mas não se esqueça, amanhã você deve levar a minha sala.

- Sim professor Javier. Obrigado.

      Ah... Que encheção de saco. Cadê aquele anjo? Por que ele não faz nada? É a mesma coisa, não se dá pra contar com os céus.

- Hey, Sirius. Será que você pode me ajudar?

      Ahm, quem é ela?... Ah, tá, é a Camila. Porra, ela só vem com roupa sexy pra faculdade, ela já me convidou pra casa dela uma vez, será que rola ir agora?

- Sirius... Eu não sabia que você era tão feroz.

      Feroz? Eu não, por que tô beijando a Camila? Meu corpo tá queimando e a gente tá na sala? Minha cabeça está girando, não consigo evitar de tocá-la. Ela é bem macia.

- Espera... Sirius, isso machuca. ÁH!

      Quem gritou? O que é isso?

- Voltou a consciência Humano Sirius Denish?

- Por que está escuro?

      Aquilo que tampava minha visão foi removido, era uma mão pálida e fria, Camila estava parada como estátua a minha frente em um olhar de terror para mim. Dei um pulo para trás. O que é isso? Eu olhei para Matt que encarava minha colega.

- Você está declinando mais rápido do que eu esperava.

- Você... Estava aqui?

- Sim. Eu decido quem e quando me ver.

- Foi você quem paralisou ela?

- No momento estou dentro do meu domínio, mas quando a hora passar voltará ao normal.

- O que eu fiz com ela? - temi sua resposta.

- Nada grave, pois lhe impedi, ela só se assustou com seu rosto.

- Ótimo, menos mau. Tem como apagar a memória dela?

      Porra, esse anjo é muito lindo... O que acontece se eu beijar um anjo? A gente só se vive uma vez.

- Sim. - ele ainda tá falando. - Já as modifiquei, quando o curso do tempo voltar ela não se lembrará de estar com você aqui.

- Você é um anjo mesmo.

- Obviamente.

- Quanto tempo ainda falta?

      Eu fiz a pergunta, mas não o deixei responder. Encostei naquela mão fria e aparentemente frágil. Senti choques nesse contato, mas por alguma razão eu ainda continuava a puxa-lo para mim até que...

Como Estrelas CadentesOnde histórias criam vida. Descubra agora