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━ Você tem um coração que não cabe em você, Madelaine

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━ Você tem um coração que não cabe em você, Madelaine. ━ Lili murmura, talvez como uma reclamação. ━ E se isso meter a gente em uma furada, eu vou fazer a sonsa e anunciar sua saída da banda antes que você saiba.

Ela dirigia e eu estava no banco do carona, depois da ligação de Vanessa eu me desesperei um pouco e Lili tentou entender a situação o máximo possível. Eu dei a localização e ela apenas estava me levando até lá.

Eu sabia que tinha algo errado com aquelas duas e eu sabia que estaria envolvido em pouco tempo. Apesar de não ter acreditado que ela realmente fosse me procurar.

━ Ali! Ali, no ponto de ônibus, Para ali. ━ Espalmo a mão no vidro embaçado, fazendo a mais velha bufar antes de diminuir e encostar o carro.

Parecia que estava caindo o céu do lado de fora.

Vanessa segurando a criança em seus braços da forma mais protetora possível partiu meu coração de todas as formas possíveis.

Alcanço as cobertas que havia pego em casa, abrindo a porta e me apressando pra não me molhar.

━ Eu disse que ia ser rápido, certo? ━ Murmuro, desdobrando o tecido grosso e envolvendo a mais nova ali. ━ Tudo bem, vamos.

Vanessa teve certeza que Sun estava bem e aquecida entre seus braços antes de se levantar e me acompanhar até o carro. Tiro a mochila pesada de suas costas com a maior delicadeza que podia, a colocando no banco da frente quando entro ao lado da morena.

━ Você tá bem? ━ Questiono, tirando os fios de cabelo grudados em sua testa e os colocando para trás de seus ombros. ━ Vocês, eu quis dizer.

━ Uhum. Obrigada, serio mesmo.

Ela pareceu constrangida o caminho inteiro. Não trocou muitas palavras, passou o tempo inteiro brincando com a mãozinha de sua filha.

Aquilo me apavorou de primeira. Vanessa com certeza não tem mais de dezessete anos, é uma criança carregando outra. Me incomoda que ela pareça não ter ninguém e me incomoda senti-la tão fria. Ela podia estar vivendo uma adolescência normal agora. Eu estava um tanto preocupado com como tinha sido até agora, se ela tinha alguém pra acompanhar a gravidez e se tinha alguém ao seu lado durante o parto, e se as primeiras semanas como mãe tinham alguém pra ajudá-la. Eu precisava saber mais.

A chuva continuava a mesma quando Lili parou em frente a nossa casa. Camila estava na porta, talvez curiosa.

Já dentro de casa, guiei Vanessa até o sofá e deixo que ela se sinta confortável ali, alegando que ia na cozinha buscar água.

Madelaine. ━ Camila murmura ao encostar no batente da porta, me observando tirar o copo de vidro do armário. ━ Aquela criança. ━ Começa, cruzando os braços na frente do peito. ━ É sua? Quer dizer, você é mãe dela, ou...

━ Quê? Camila, não! ━ Digo confusa, tirando a garrafa plástica da geladeira. ━ Eu não sou mãe, Cami. Eu só... Conheci as duas e decidi que precisava ajudar.

━ É que você chegou toda cuidadosa com elas, e, ficou meio desnorteada quando recebeu a ligação, achei que...

━ Relaxa! ━ Ri fraco, passando pela mesma segurando a garrafa e o copo. ━ Você aceita água, Vanessa? ━ Questiono assim que a mais nova está no meu campo de visão novamente.

Ela apenas assente. Sun estava mamando agora, elas pareciam mais confortáveis.

Encho o copo e a entrego. Meu coração se aperta quando a assisto tomar aquele copo inteiro como se fosse um bem sagrado, mais ainda quando ela pede mais.

Eu devia agradecer pela água que eu bebo mais vezes.

Eu devia agradecer pela água que eu bebo mais vezes

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𝗮𝗹𝗿𝗶𝗴𝗵𝘁; 𝗏𝖺𝗇𝖾𝗌𝗌𝖺 𝗆𝗈𝗋𝗀𝖺𝗇 Onde histórias criam vida. Descubra agora