Pelo Brasil I

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Após as palavras de Soraya, a loira chamou sua ex professora para assumir o microfone, ignorando a presença do candidato Lula ali.

- Obviamente a nossa querida senadora disse toda a verdade. A democracia está ameaçada, e precisamos cuidar para que coisas como essas que aconteceram hoje, não tornem a se repetir.
Devemos receber de braços abertos todo e qualquer um que abrir os olhos para esse governo misógino e anti democrático!
Lula 13 para presidente!

As pessoas aplaudiram novamente, Soraya pegou na mão de Simone e sorriu enquanto a olhava. O microfone foi entregue ao candidato Lula novamente, que seguiu o discurso enquanto Simone e Soraya se afastaram um pouco da borda do palanque de mãos dadas.

- Você precisa de um par de sapatos. - Simone riu olhando para os pés de Soraya.

- É, eu preciso. - Soraya riu de volta.

Percebendo a intimidade das mulheres em meio à todos, Janja se aproximou novamente, abraçando as duas por trás e entrando entre elas para separá-las um pouco. Soraya rapidamente voltou a ficar séria.

- Vocês foram ótimas! - Ela sorriu entrando no meio das meninas.

- Muito obrigada - Simone sorriu de volta.

- É, eu sei. - Soraya disse seca.

- Ah, querida, você ainda está sem sapato! Qual seu número? - Janja perguntou.

- 36. - A loira respondeu.

- Ótimo! Me espere aqui que eu vou conseguir um sapato confortável pra você. - Ela saiu sorridente como sempre.

- Insuportavelmente simpática. - Soraya revirou os olhos.

- Ela é uma ótima pessoa, meu amor. - Simone rebateu.

- Então vai atrás dela, Simone. - A advogada se afastou de Simone, voltando para a borda do palanque, tentando forçar um sorriso para parecer minimamente feliz ali.

Simone foi atrás dela, ficando ao seu lado em silêncio.

Minutos depois, a esposa do candidato apareceu com um tênis no número de Soraya, a loira agradeceu secamente, e colocou o sapato.

O evento correu tranquilamente daí pra frente, logo após, o candidato e as senadoras deram uma longa entrevista à alguns repórteres e seguiram para suas casas. Simone e Soraya não conseguiram conversar a sós depois disso.
No dia seguinte haveria uma viagem para Minas Gerais, onde todos confirmaram presença, inclusive Soraya.

A senadora chegou em casa quase 22h da noite, seu esposo aparentemente já estava dormindo, então ela tomou banho, colocou um pijama confortável e deitou, contudo, para sua infelicidade, sentiu a mão de Carlos em sua cintura, a puxando para mais perto.

- Estava com saudades, meu amor. - Ele sussurrou.

- Estou cansada, Carlos. Preciso dormir. Amanhã tenho uma viagem pra MG. - Ela disse retirando a mão dele de sua cintura.

- Você vai viajar, Soraya? Como só me diz isso agora? - Ele quase deu um pulo da cama.

- Foi decidido de última hora.

- E não pensou em consultar seu marido?

- Eu sou uma senadora, Carlos. Ex candidata a presidência, você já deveria estar acostumado. - Soraya sequer retirou a cabeça do travesseiro para olhá-lo nos olhos.

- Antes você me avisava. - Ele abaixou a guarda.

- Antes eu tinha partido e não apoiava a candidatura do Lula. Me deixe dormir por favor!

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