A Ilha

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Apesar da vontade imensa de ser mãe, Soraya estava nervosa.
As duas já estavam na sala onde seria realizado a implantação do óvulo da morena, Thronicke deitada sob a maca vestida apenas em um roupão azul e Tebet do seu lado, segurando sua mão.

Após saírem daquela sala suas vidas mudariam para sempre. Soraya sentia o medo invadir seu coração e demonstrava isso apertando cada vez mais forte a mão de Simone. Ela temia não ser uma boa mãe. Era tudo novo pras duas. Haviam acabado de assumir seus ministérios, estavam em uma intensidade de trabalho jamais enfrentada. Será que aquela decisão era prudente? Um filho naquela altura do campeonato?

Não era somente Soraya que sentia medo, Simone também temia não conseguir cuidar de sua mulher e seu futuro filho. Apesar de estar disposta até mesmo a abandonar a política pra isso, ela não sabia se seria capaz de ser a mãe e esposa que sua criança e Soraya precisavam.

Independente dos medos, nenhuma desistiu, ambas se fortaleciam com o amor que sentiam uma pela outra. Elas já haviam passado por tanta coisa... preconceito, ameaças, agressões, críticas, olhares tortos, ex marido ciumento...
Seu único grupo de amigos eram aqueles à quem elas menos esperavam. Haviam ganhado até mesmo uma mãe postiça que as recebeu de braços abertos. Foram meses intensos, isso era inegável.

- Estou com medo. - Soraya falou baixinho enquanto a médica colocava as luvas.

- Eu também. - Simone admitiu olhando para a noiva.

Por mais controverso que fosse, Soraya se sentiu melhor ao saber daquilo. Ela não era boba por estar assustada com todas aquelas mudanças, sua mulher também estava.

A médica levantou a parte de baixo do roupão e passou um gel no ventre de Soraya. Foi até a bancada e de lá trouxe uma espécie de seringa comprida.

- Isso vai doer, doutora? - Simone perguntou preocupada.

- Não vai. Não precisa se preocupar. - A médica respondeu de forma simpática. - Estão prontas?

- Sim. - As duas responderam.

Gentilmente a especialista pediu para que Soraya apoiasse as pernas na perneira, e enquanto passeava com o aparelho de ultrassonografia pelo ventre da loira, introduzia lentamente a seringa com o óvulo já fecundado dentro dela.

Após poucos minutos, ela afastou a seringa já vazia e continuou a olhar na tela do monitor que mostrava a cavidade uterina de Soraya.

- Prontinho. - A especialista sorriu.

- Já terminou? - Tebet perguntou admirada com a rapidez.

- Sim. É rapidinho. Agora temos que esperar duas semanas até realizar o teste de gravidez. Com a sua saúde tenho certeza que será positivo logo de cara. Só precisa se cuidar. - Ela olhou para Soraya.

- Eu espero que sim, doutora. - A loira sorriu.

Depois de um tempo naquela posição constrangedora, ela levantou, se secou e vestiu sua roupa.
A médica ainda lhe passou algumas vitaminas e lhe aconselhou a diminuir no trabalho.

Na volta pra casa Simone parou em uma loja de chás e comprou vários de diversos sabores. Compraram também o almoço, já que estava quase na hora da refeição e seguiram caminho.

Tebet só faltava carregar a mulher no colo de tanto cuidado. Sequer deixava ela abrir a porta do carro.

- Senta aqui, amor. Já trago seu almoço. - Disse ajeitando as almofadas do sofá.

- Simone, eu fiz fertilização, não amputei as pernas. - Soraya cruzou os braços.

- A médica disse que você tem que se cuidar. - A morena rebateu.

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