De volta ao senado

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A primeira reunião do dia foi com a bancada do União Brasil, que foi ambiciosa no que se diz respeito aos favores em troca do apoio ao presidente.

O partido queria pelo menos três dos seus membros em altos cargos, e essa foi somente uma de suas exigências.

Lula afirmou que Soraya seria cotada para um dos ministérios, e depois de muita conversa, conseguiu convencer o presidente do partido e seus membros a indicarem somente mais um, que iria para o ministério da gestão e desenvolvimento.

A bancada decidiu por fim indicar Márcio Bittar, senador eleito pelo Acre, que aceitou o cargo sem hesitar.

A volta de Soraya para o partido foi discutida ainda nessa reunião, e como não haviam dado entrada na saída formal da senadora do União Brasil, tudo se resolveu ali mesmo, decidindo-se por fim deixá-la onde estava.

A loira recebeu as "sinceras" desculpas de seus colegas, e saiu ao lado de sua noiva, Gleisi e Lula.
Janja havia ido diretamente para o hotel cuidar da comemoração da posse do marido.

As duas seguiram para a Ala Senador Alexandre Costa, Plenário nº 3, onde seria apresentado o primeiro texto da PEC, na reunião da Comissão de Constituição e Justiça.

Nos corredores do senado, Soraya e Simone andavam lado a lado. Ambas muito sérias, vestidas formalmente, e cumprimentando à todos que encontravam pelo caminho.

- Me disseram que meu gabinete está parecendo uma floricultura de tantas flores que as meninas mandaram. - Soraya riu baixo.

- A Jacqueline me disse a mesma coisa... eu achei fofo, porém não sei onde colocar tanta orquídea e sonho de valsa. - Simone riu junto da noiva.

- Eu achei que fosse sair ainda mais odiada dessas eleições, não o contrário. - Disse a loira.

- Basta um passeio por Campo Grande que você verá que não somos assim tão amadas. - Respondeu a morena.

Simone abriu a porta da sala de reuniões para Soraya, esperando ela entrar e entrando em seguida.

Ambas cumprimentaram à todos ali, e se sentaram.

Infelizmente seus assentos não ficavam lado a lado, Soraya sentava logo atrás da morena, mas aquilo não foi um problema já que elas não iriam conversar muito entre si.

A reunião iniciou minutos depois, tendo como pauta inicial o texto da proposta de emenda constitucional que pedia inicialmente cento e setenta e cinco bilhões de reais, retirando o Auxílio Brasil do teto de gastos por quatro anos, mas que eventualmente fora modificada pelo senador Jaques Wagner (PT) para cento e quarenta e cinco bilhões por dois anos.

A discussão ficou acalorada quando um dos senadores insinuou que achava errado o fato do presidente querer pagar cento e cinquenta reais às famílias por cada criança abaixo dos seis anos de idade. Simone que pedia a palavra já há alguns minutos e era ignorada, finalmente se manifestou em sua total indignação.

- Pela ordem, senhor presidente... com muito respeito eu quero me dirigir à alguns dos meus colegas; eu lamento alguém dizer que é a favor dos seiscentos reais, mas não é a favor dos cento e cinquenta reais por criança porque aposentado ganha menos. Nivelar por baixo? Num país onde temos quarenta e seis porcento de crianças passando fome? Eu quero dizer que se for pra nivelar por baixo então vamos nivelar o nosso salário! Alguém que ganha trinta mil reais dizer que acha injusto uma criança na linha da pobreza ganhar cento e cinquenta reais? Isso estava no meu programa de governo! Perdi a eleição, mas cinco milhões de brasileiros votaram em mim. Então somem esses cinco milhões mais os que votaram no Lula. São essas pessoas que votaram nesse programa de governo! - Disse Tebet indignada com a fala do senador.

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