Saudação aos ignorados

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Quantas vezes suas palavras
foram apenas sopros
aos ouvidos de quem não fez questão
Quantas vezes deixada de lado
como mera figurante
apenas observando holofotes
em faces alheias
Quantas vezes
quantas vozes
te calaram
te interromperam
te negaram
Quantos olhos não te viram
coberta pela fumaça da irrelevância
Enquanto as lágrimas caíam em silêncio
e seu grito sufocado
interrompido.
De que adianta gritar
numa sala vazia?
Mal sabia
que o ato só termina
quando o último holofote se apaga.
E mesmo sem plateia lotada
Ainda existe espetáculo
Atrás das cortinas.
—  Silhuetas tabém brilham.

Verdades ClandestinasOnde histórias criam vida. Descubra agora