capítulo 18

16 4 1
                                    


🛑Alerta de gatilho pra suicídio


Sakura acordou sentindo um dos dedos de Sasuke roçarem em seu couro cabeludo, fazia um carinho que particularmente estava muito bom. Não abriu os olhos, tinha algo molhado e bem gelado os cobrindo, e estar aninhada em seus braços, era o combo perfeito. 

Podia ouvir o barulho da chuva lá fora, não sabia exatamente que horas eram, mas os pingos batendo no vidro da clarabóia, foi algo bom de se escutar. Fazia os pelos do seu corpo se arrepiarem. Pelo menos com todo aquele clima, se sentia mais tranquila.

A vontade de chorar não se fazia mais presente, só queria ficar ali curtindo tudo aquilo. O silêncio naquele momento era bom, suas emoções estavam afloradas, poder ficar calma, somente por um instante já é algo bom. 

— Está com fome? — Perguntou ele baixinho.

— Como sabia que estava acordada ?— sua voz saiu preguiçosa, e até meio rouca pelo sono.

— Você se mexe muito quando está dormindo, de repente ficou quieta. 

— Hum— respondeu somente, não sentia vontade de fazer mais nada, somente ficar ali. 

— Já é noite, você dormiu bastante, precisa comer algo — falou mais preocupado. 

— Quero a besteira mais gordurosa que você tiver.

— Pode deixar.

Ele se levantou em seguida e se dirigiu para a cozinha, Sakura sentiu falta de ter ele do lado. Permaneceu deitada com os olhos fechados, tirou a compressa dos olhos, sentindo um certo alívio. Sua pele estava gelada, e a região doía um pouco por causa da temperatura. 

Isso era para que seus olhos não ficassem inchados, devido ao tanto que havia chorado. Não se lembrava de quando havia adormecido, somente que descarregou todos os sentimentos ruins que estavam dentro de si. Chorou até dizer chega, e Sasuke ficou lá, o tempo todo, a calentando como pode. 

Se levantou e foi tomar um banho, pegou uma roupa leve composta por uma camiseta regata, e um shorts simples de dormir. Entrou dentro do banheiro, fechou o box, ligou a água quente  deixando que escorresse pelo seu corpo. 

Molhou os cabelos,  fechou os olhos na esperança de que água levasse embora todos os seus sentimentos, que lavasse a sua alma. Ficava relembrando a última vez que tinha visto Sasori, os seus olhos sem um pingo de esperança e cheios por um grande vazio. 

As palavras de Ino no telefone, e o seu sofrimento. Ainda podia ouvir perfeitamente o seu choro, como se ela estivesse ali do seu lado. A imagem do seu filho, seu menino, naquele pequeno caixão branco. O quanto sua pele estava gelada, quando tocou nas suas mãozinhas. 

Seria uma sensação que nunca conseguiria esquecer, o contato gélido da morte. E isso a quebrou em milhões de pedaços, se já  não  tivesse chorado tanto, iria desabar novamente. 

Mas a única coisa que sentiu, foi uma sensação esmagadora de dor, mesclada com um vazio enorme dentro do seu peito. 

O silêncio que estava naquele lugar, representava bem o que se passava dentro de si. Só podia ouvir o barulho de alguma fritura, e o bater das portas dos armários na cozinha. Uma agonia começou a se fazer presente, então ela se apressou em sair dali, não queria ficar sozinha. 

Vestiu sua roupa, abriu a necessaire e pegou sua escova de cabelo, começou a desembaraçar os fios e não fez questão de secar o cabelo. Passou antitranspirante,  um perfume básico, e escovou os dentes. 

Antes de sair dali, olhou seu reflexo no espelho. O rosto limpo sem maquiagem, as orbes verdes que agora estavam vermelhas, a expressão cansada e apática, cheia de tristeza. Ela estava limpa, crua, exposta, com todas as suas fragilidades à flor da pele. 

Senhorita HarunoOnde histórias criam vida. Descubra agora